ᴛʜᴇ ᴅᴏᴏʀ

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- A Porta.

- Estou indo, até logo. - disse Jenny me deixando um beijo e saiu para buscar as crianças na escola.

O relógio marcava duas e quarenta e cinco e eu me sentia estranhamente tonto, minha medicação foi trocada por uma mais forte para que não precisasse tomar quatro comprimidos por dia.

Me sentei no sofá, eu sentia as coisas girando mas via que estavam paradas, eu leria a bula mas minhas pernas não conseguiriam me levar até o armário de remédios no segundo andar.

Me deitei, as coisas ainda giravam, meu estômago se contorcia, a vista estava ficando distorcida. Fechei os olhos sabendo que o mundo lá fora estava parando aos poucos, quando vi, adormeci.

Havia uma porta. Mais nada. Ainda me sentia tonto, minhas pernas vacilaram mas consegui me aproximar, ela era de vidro mas do outro lado eu via apenas uma escuridão infinita. Virei a maçaneta e a abri, atravessei a porta, a tontura e dormência haviam deixado meu corpo.

Uma vista paradisíaca tomou conta da minha visão, uma praia pintada de ouro rosado pelo pôr-do-sol, o mar alaranjado espelhando o céu com nuvens rosadas, admirei a paisagem por alguns minutos, mas poderia admirar pelo resto da minha vida.

- Você demorou. - disse uma voz feminina que me fez amolecer as pernas.

Se não fosse um sonho sei que teria quebrado meu pescoço com a velocidade que virei o rosto, Ela abriu um sorriso iluminador de almas ao me olhar nos olhos.

Havia uma casa de madeira em uma pequena colina, Ela estava apoiada no cercado da varanda, um vestido branco esvoaçando ao vento, e um chapéu cobrindo os cabelos caídos pelos ombros como uma cascata de mel.

Eu poderia admirá-la pelo resto da minha vida.

Eu estava imobilizado, então ela desceu as escadas e veio ao meu encontro. Depositou seus lábios macios nos meus e se demorou ali, abracei seu quadril enquanto ela fazia o mesmo com meu pescoço. O beijo pareceu ter durado meio segundo, uma vida, a eternidade, foi como ouvir uma música antiga porém recém lançada, uma sensação de nostalgia de infância. Eu senti seus lábios molhados, senti seu toque, seu cheiro, eu podia admirá-la e pensar, sentia ser tudo verdadeiro.

Três batidas soaram fortemente me fazendo despertar num pulo, quis chorar, porque eu sabia que era apenas meu subconsciente carregado de pensamentos, e que dificilmente ele faria o mesmo sonho novamente. Fingi para mim mesmo que aquilo não foi um sonho, foi uma memória, nós dois na praia, corremos entre as ondas, os pés sujos de areia...

Mais três batidas grosseiras, Jenny havia esquecido algo? Mas a porta não estava trancada. O interfone não tocou, não poderia ser uma visita, talvez um morador do prédio querendo saber as novidades?

Me levantei catando as muletas que estavam jogadas no chão, minha visão ainda estava turva e a tontura ainda me atormentava. Fui até a porta lentamente para não tropeçar e cair, sem pressa, até saírem mais três batidas.

- Já tô indo! - respondi alto, Jesus.

Abri a porta e odiei o que vi. Ou melhor, quem eu vi.

Harvey, com a cara mais lavada e sem arrependimento.

Filho da puta!, pensei.

- Bom dia, Styles. - Ele disse com uma falsa animação.

- O que diabos está fazendo aqui? - perguntei grosseiramente me encostando na parede já que não me aguentava de pé, deixei a porta apenas uma fresta aberta - Quem deixou você subir?

- O porteiro me conhece. Posso entrar?

- Não.

- Não é minha culpa você ter se acidentado. Eu sinto muito - sente não -, acredite, me diga como posso compensar sua perda.

- Que perda?

- O seu carro.

Ah, o carro.

- Não quero suas condolências, o seguro cobre, além do mais, eu estava indo para a editora quando me acidentei, quero que conte como acidente de trabalho.

- Não posso fazer isso.

- Você ao menos ia me pagar hora extra?

- Quem vê você precisa do dinheiro.

Filho da puta!, pensei de novo.

- Mas é o seguinte, precisamos de você na editora - ele continuou, os tantos xingamentos que se passaram por minha cabeça... - Quando volta?

Eu queria muito gritar, dizer tudo o que estava pensando, socar a cara dele, mas minhas cordas vocais ainda danificadas não permitiram muito menos meus braços ralados e a tontura que piorava à medida que continuava de pé.

- Talvez ele nem volte! - respondeu uma voz feminina muito irritada, era Jenny. - Entrem. - disse se referindo às crianças que passaram por mim me dando um breve comprimento e se escapulindo para não ouvir Jenny se explodindo com o editor.

- Jenny, é um prazer...

- É senhora Styles para você. Meu marido não está em condições de falar muito, caso não saiba, o que acho muito provável já que não sabe o que ele passou, além do mais a nova medicação pode dar tontura e enjoo ele precisa ficar deitado - ela sabia e não me disse nada? Ah, obrigado. - Por favor, se quiser conversar, estou à serviços.

- Acredito que a senhora não está por dentro dos assuntos e como nossa editora funciona.

- Ah, eu sei - nunca havia visto Jenny tão brava ao se tratar de mim.

- Ah, ela sabe - disse depois dela, não sei porque disse.

- Tenha um, não tão ótimo, dia, senhor Harvey. - ela passou por mim e fechou a porta assim que passou, fechando-a na cara do editor.

Nos dois fitemos o chão, a sombra que passava pela fresta da porta foi se afastando.

Ela riu.

- Sabe que ele pode me demitir, né?

- Não com você de atestado. - e saiu para a cozinha tranquilamente.

Não consegui sair dali, meu peso todo na parede, a encarei subindo os pequenos degraus para o outro cômodo, minha visão estava ficando mais turva, meu estômago revirando.

- Está tudo bem? - pediu quando se deu conta que não havia me movido.

fechei os olhos tentando parar de rodar, afirmei com a cabeça.

- Eu só preciso deitar. - e caminhei cegamente até o sofá.

×××

Nota: Desculpem o capítulo fraco eu tô com preguicite mas juro que os outros vão ser melhorkkkk
&
AMANHÃ TEM HARRY NO GRAMMY CARALHOOOOOO

ElaWhere stories live. Discover now