ɪɴꜱᴏᴍɴɪᴀ

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- Insônia.

Meus pés tocaram a escuridão imensa, a porta de vidro com cores confusas estava lá no meio, andei até lá sem pressa, girei a maçaneta e a porta custou a abrir, estava querendo fechar com a força de um vento que vinha daquele lado.

Quando consegui passar vi um cenário medonho: o mar estava agitado, a areia voava violentamente pelos cantos, as nuvens estavam amontoadas num céu vermelho, as árvores distantes dançavam violentamente contra o vento e uma chuva começava cair. Ela não estava em lugar algum.

Corri em direção a casa, pisando em algumas pedras pela areia com os pés descalços, usei meus braços para proteger meus olhos da areia que voava, subi as escadas de dois em dois, esmurrei a porta e adentrei. Meus olhos assustados passaram por todos os cantos, como um analgésico, eu vi Ela sentada em uma das cadeiras da mesa, ela estava calma, com os braços tranquilos cruzados em cima da toalha, simplesmente olhava para as linhas desenhadas no tecido, sem notar minha chegada afobada, as janelas batendo com força, a chuva começando a molhar o chão da cozinha, ou o barulho assustador do mar agitado.

Me dirigi as janelas, ainda com as juntas duras de medo, eu estava petrificado com tudo isso, fechei as janelas sem me importar de me molhar enquanto fazia tudo muito devagar, milhares de pensamento se passando por minha mente, quando terminei de fechar todas as janelas, incluído da sala e dos dois quartos, me encostei na bancada da pia, a roupa e o rosto pingando.

- O que está acontecendo? - perguntei, ela continuava na mesma posição, os olhos concentrados no tecido.

- Um temporal. - disse friamente, não me olhava nos olhos.

- O que aconteceu? - pedi assustado, os pensamentos se duplicaram na tentativa de saber o motivo dela não estar agindo normal.

Me encarou nos olhos, seu olhar estava tão furioso quanto do tempo lá fora.

- Eu não sei, Harry. O que aconteceu? - sua voz soava pesada.

Uma única coisa veio à mente: Jenny.

Eu dormi com Jenny.

Minhas pernas falharam, mas me mantive de pé me agarrando na bancada.

- Tem haver com Jenny? - tentei com a voz falha.

Ela manteve o olhar cheio de fúria.

- Meu Deus! - exclamei passando as mãos pelos meus cabelos molhados, sem querer, elevando a voz. - Você está com ciúmes de Jenny?

- O quê você acha? - gritou de volta não lembrava de vê-la gritar depois que fui embora, ou até mesmo de vê-la gritar nos sonhos.

- Me faça o favor! - aumentei ainda mais a voz e me me arrependi na hora de ter feito - Você nem é real porra!

Ela se levantou lentamente, um frio passou pela minha espinha, manteve o olhar que não sei como, estava mais furioso do que antes.

Um som forte atingiu a casa e logo acordei.

Estava suando, olhei para o lado e Jenny dormia profundamente. Olhei para o relógio e eram quatro horas, tentei voltar a dormir mas não consegui.

As cinco e quarenta e cinco o despertador soou, estiquei o braço por cima de Jenny e desliguei.

- Não pode ficar em casa hoje? - perguntou com os olhos ainda fechados e a voz embaraçada.

- Queria, mas sabe que não.

Deixei um beijo em sua testa e fui direto para o banheiro. Eu teria tomado banho após tudo, mas estava muito bom ficar agarrado ao corpo quente de Jenny e acabamos dormindo assim.

ElaWhere stories live. Discover now