ʙʟᴀɴᴋ ғɪʟᴇ

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- Arquivo em Branco.

Voltei para casa, nunca fui tão estúpido, como pude? Agora além de estar louco, tem alguém alimentando isso. Não deveria ter ido, talvez esse não fosse o real problema, mas sim o fato de eu estar considerando suas palavras.

Jenny não reclamou da minha volta tardia, aliás tinha avisado que tinha que revisar a matéria de um colega, não é difícil achar uma desculpa que se encaixa no meu horário, há tantos setores e tantas pessoas pedindo ajuda entre si que eu poderia simplesmente sumir por uma semana inteira.

- O que se passa nessa sua cabecinha brilhante? - perguntou Jenny retirando os pratos de cima da mesa.

Towns e Noah já haviam ido se deitar e eu estava fitando a toalha sem um ponto fixo, nem havia me dado conta.

- Trabalho - respondi automaticamente, esfregando os olhos -, eu acho.

- Você pensa demais. - ela ajeitou uma mecha de cabelo do meu rosto de uma forma carinhosa - Um dia isso vai acabar te matando. - e se virou para colocar os pratos na pia.

- Talvez seja isso que eu queira. - retruquei sem pensar, ela logo virou o rosto meio indignada e preocupada. - Desculpe, eu só tô cansado.

- Vá se deitar, deixa que eu cuido disso.

- Não - me levantei levando os copos para a pia -, tudo bem.

O som da torneira ligada enxaguando os pratos me pareceu confortável e relaxante pelos minutos que se passaram, eu estava secando enquanto Jenny lavava, e por um descuido me deixei vagar numa lembrança, estou com saudades Dela, eu fui tão idiota, por que gritei? Por que disse aquelas coisas? Eu ainda podia sentir o calor do sol queimando a areia, dela puxando meu braço e correndo entre as ondas, eu ainda sentia o tecido do vestido dela entre os dedos...

- Harry? - ouvi alguém me chamar, a voz era longe, sentia algo Dela naquele timbre - Harry!

Era Jenny.

- O que foi?

- Tá secando esse copo faz dez minutos.

- Tô é?

- Tá. - e sorriu.

- Hum. - fiz, observei que ela já tinha terminado de lavar toda a louça.

Ela insistiu para eu ir me deitar e ela secaria, mas retruquei que dava conta e pedi para subir que logo eu ia.

Dei toda atenção ao pano que umedecia conforme contornava a louça, nunca pensei que uma tarefa simples me torturaria por poucos minutos, era difícil afastar qualquer outro pensamento, mas consegui.

No quarto ela já estava com uma camisola que, devo acrescentar, caia muito bem para seu tom de pele, era estranho como agora eu estava prestando atenção em suas roupas, eram tão ela, e pareciam todas muito bem escolhidas para as ocasiões. Ela estava passando creme nas pernas, distraída, não se incomodou com minha presença.

Estava escolhendo uma bermuda e uma camisa para dormir quando no canto do olho eu vi um emaranhado de cabelos castanhos, "Harry" chamava aquela voz doce Dela, me virei rápido, quase assustado, mas uma cabeleira loira estava lá.

- Não quer conversar?

- Não tem o que conversar, sério, tudo bem.

Soltou um suspiro, não tentou argumentar.

- Senta. - ela pediu, fiquei sem reação, foi tão repentino, continuei a olha-lá - Vai logo, senta na cama e tira a camisa.

Nessa altura eu já havia me sentado e desistido de procurar uma roupa, mas fingi não ouvir a última parte. Ela estava revirando sua penteadeira onde haviam muitos cremes que eu observava usar diariamente, pegou um que não me pareceu diferente dos outros.

ElaWhere stories live. Discover now