ʙᴀᴄᴋ ᴛᴏ ᴛʜᴇ ᴘᴀɢᴇꜱ

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- De volta às paginas.

A tontura não passou, nem a ânsia de vômito ou a visão turva, continuei assim pelo resto do dia, as imagens nítidas do sonho que tive se mantiveram em minha mente, a dúvida de se eu algum dia voltaria a sonhar com Ela também. Fui me deitar de barriga vazia, os olhos pesados logo me levaram para um lugar escuro com apenas uma porta de vidro no meio do nada.

Andei até a porta com a mão estendida para a maçaneta, não hesitei em girá-la e abrir. A visão era a mesma, a praia com o mar se estendendo até o infinito, gaivotas gritando ao fundo e um sol no topo do céu queimando a areia.

- Pensei que não voltaria mais. - Ela continuava lá, sentada na escada, me esperando.

- Eu sempre vou voltar. - disse meio que sem saber o que queria dizer.

Me aproximei a passos lentos, sem pressa, ela se levantou e nos encaramos por um tempo, era tão real. Lhe abracei com força, tive medo dela se esvair com o vento, parece que Ela também sentiu isso, porque me retribuiu com um tão forte quanto o meu. Nos afastamos e a olhei nos olhos, a íris castanha tão detalhada, tão viva e colorida, seus cabelos ainda desmaiados pelos ombros tinham fio por fio, eu deveria ter uma mente brilhante para sonhar com detalhes tão reais.

Ela estendeu a mão, logo à segurei, então saiu me puxando pela areia quente.

- O que quer fazer? - perguntou ainda caminhando sem rumo pela borda da praia.

- Ficar com você. - meus olhos ainda estavam vidrados nela, tive medo de piscar e sumir de repente.

- Você já está comigo. - me deu uma olhadela e sorriu.

Não prestei atenção à minha volta, era um lugar magnífico mas não tanto quanto a mulher que estava na minha frente, só havia Ela para mim. Sei que horas se passaram, porque vivi cada minuto agradecendo vê-la.

- Você precisa ir. - disse quando voltamos para perto da casa - Não quero que vá novamente sem se despedir.

- Não foi minha intenção, desculpa. - abracei novamente.

- Você vai pôr ali. - e apontou a porta de vidro.

Me aproximei, ela era tão detalhada, com voltas e cores tão estranhas, não havia prestado muita atenção antes. Repousei a mão na maçaneta, virei o rosto para ela.

- Não posso ficar?

- Não. Mas estarei aqui quando voltar.

Ela acenou.

Minha mão girou e abriu a porta, virei o rosto e a escuridão lá dentro engolia toda a cor e alegria que tinha desse lado. Atravessei a porta.

Meus olhos se abriram e o despertador soava, Jenny colocou no soneca e voltou a dormir, continuei acordado, pensando.

"Estarei aqui quando voltar", as palavras soavam ainda em meu cérebro, o som tão real, como uma promessa, senti que Ela não mentiria para mim.

- Preciso ir à empresa hoje. - anunciou Jenny pela manhã com Towns e eu na mesa do café, Noah ainda se arrumava em seu quarto. - Anna vai vir buscar as crianças e levá-las na escola.

ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora