❧Capítulo 5❧

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Troy saiu do quarto e fechou a porta a trancando de chave deixando Louis estirado no chão quase desmaiado, com o corpo cheio de hematomas e um péssimo gosto de sangue na boca. Isso começou a acontecer quando o pequeno Ômega completou 11 anos de idade e descobriu sua classe.

Sempre que Troy chegava bêbado em casa, estressado do trabalho ou quando não tinha ninguém em casa além dele e do Ômega isso acontecia. Ele o ameaçava e lhe dava surras, mas a pior parte para Louis não era essa e sim o desprezo que o padrasto tinha com o pequeno, isso tudo por ele ser de uma classe diferente da sua, tudo isso porque Louis era um Ômega.

E o pior de tudo, tudo isso porque Louis não era o seu filho.

Ele o odiava por bastante coisas e motivos diferentes, mas aqueles eram os únicos que o pequeno poderia pensar vindo do seu padrasto, do homem que o "criou" na base da pancada e do ódio.  

Louis se lembrava bem de uma conversa que Troy e Johanna tiveram quando Tomlinson ainda era criança.

Louis narrando...

Eu tinha 8 anos de idade, Lottie tinha 5 aninhos. Eu estava brincando com ela na sala de estar, enquanto meus pais tinham uma conversa de adultos na cozinha, a mamãe gritava enquanto chorava, aquilo partia meu coraçãozinho.

Me levantei com Lottie nos braços na intenção de ir até a minha mamãe e dizer o quanto a minha irmã e eu amávamos ela mais que a nós mesmos. Até que eu ouvi o meu papai dizer que eu nunca fui desejado, que era para a minha mamãe ter o ouvido enquanto ainda tinha tempo, que era para poupar eles do sofrimento. 

Eu não sabia do que eles estavam falando, até ouvir a minha mamãe dizer que nunca me colocaria em um orfanato, que uma mãe de verdade nunca faria isso com um filho que sempre desejou, que eu era o pequeno tesouro dela e que se o papai do céu me colocou dentro da sua barriguinha é porque ele me queria aqui e tinha planos para a minha vida. Mas, o meu papai não me queria.

Nessa hora, depois de ouvir tudo isso, eu voltei para a sala com Charlotte nos braços e a coloquei sentada encima do tapete fofinho, deixei alguns brinquedos ao seu redor e subir correndo para o meu quarto ficando trancado lá até o meu papai ir trabalhar. Eu fiz isso durante dois meses, enquanto aquele homem estivesse em casa, eu ficaria no quarto e só saía quando ele não fosse trabalhar ou fazer qualquer outra coisa fora de casa.

Tudo piorou quando eu completei meus 11 anos e tive o meu primeiro cio, tudo que Troy queria era ter certeza do que eu era apenas para começar a tortura, e começou... Começou bem no meu primeiro cio onde eu passei sozinho, trancado no quarto com aquele homem rondando a porta e sendo impedido por Lottie e mamãe, se elas não estivessem lá durante uma semana, eu não saberia o que seria de mim.

Eu não gosto nem de imaginar o que ele poderia ter feito comigo enquanto eu estava naquele estado.

Narradora...

Toda aquele merda que Louis passava desde criança só tinha um único motivo, ele era um Ômega. Troy nunca quis um filho assim, ele queria um Alfa para seguir os seus passos e estar consigo nas merdas que ele fazia, ele achava que por ele ser um Alfa, Louis também seria (mesmo não sendo o seu filho), mas mesmo sofrendo tudo isso, passando por cada uma dessas coisas, Tomlinson agradece a Deus todos os dias por ter puxado a sua mãe.

Depois de ficar horas deitado no chão do quarto, depois de ficar inconsciente por algumas poucas horas, Louis levantou devagar e foi para o banheiro do seu quarto calmamente se segurando nos móveis para não cair. O menor entrou no banheiro e se despiu tirando a sua roupa devagar para não machucar o seu corpo machucado.

Ligou o chuveiro na água quente depois de colocar a roupa no cesto de roupa suja e entrou debaixo da água molhando seus cabelos, enquanto sentia a água tocar seus machucados e sentindo os mesmo ardendo.

Troy havia lhe dado um soco na boca, o que causou um pequeno corte no lábio, Louis se viu sendo obrigado a arrumar uma ótima desculpa para dizer quando alguém perguntasse o que significava aquilo. 

Quando acabou o banho, o de olhos azuis foi até a pia e pegou sua pequena maleta de primeiros-socorros que ele havia comprado e a escondido ali. Fez um pequeno curativo nos machucados do seu rosto e voltou para o quarto para se enxugar enquanto sentia as lágrimas descendo sobre as suas bochechas.

Vestiu agora um conjunto de moletom - calça e casaco -, colocou a toalha no banheiro para secar e tomou um analgésico, o remédio era forte o suficiente para lhe fazer dormir em pouco tempo. Louis se deitou na cama com os materiais do colégio para responder as atividades que lhe foram passadas, a casa estava novamente em silencio o que significava que Troy havia saído para trabalhar.

Depois de fazer as atividades Louis guardou tudo na sua mochila e deitou novamente na cama, seu celular vibrou logo em seguida ele o pegou desbloqueando a tela e vendo 30 chamadas perdidas de Zayn e 20 mensagens também do moreno. 

Louis abriu as mensagens e as mesmas diziam: "Você está bem?" "Me dê noticias." "Que porra Louis, me responde!" "Eu estou ficando preocupado, mas não posso sair agora."

A porta de entrada da casa foi aberta e depois fechada com força fazendo Louis estremecer, ele tinha medo que fosse Troy novamente, enquanto ele estivesse sozinho sabia que podia levar outra surra ou pior.

Passos foram ouvidos subindo as escadas e logo parando em frente ao seu quarto, Louis já chorava desesperadamente encolhido dentro das cobertas, a porta do seu quarto foi aberta calmamente e Louis viu Lottie parada ali o olhando preocupada.

Ela tinha um semblante preocupado e tudo piorou quando ela direcionou seus olhos para o rosto do irmão vendo os curativos, Louis chorou mais ainda. Lottie entrou no quarto e fechou a porta correndo até onde o irmão estava, se jogando na cama e puxando Louis com cuidado para perto de si, o abraçando e alisando seus cabelos castanhos lisos.

"Me perdoa por ter demorado Lou." ela disse baixinho. Louis sabia que ela estava se sentindo culpada por ter o deixado com Troy, mas todos sabiam que não era sua culpa. "Me desculpa."

"N-Não p-precisa... V-você n-não tem c-culpa." Louis disse baixinho enquanto tentava se acalmar aos poucos. Ter os braços de Lottie ali o acalmava, ela tinha o mesmo abraço da sua mãe e sempre lhe dizia que tudo iria ficar bem.

Mesmo Charlotte sendo a mais nova, ela cuidava do seu irmão como se fosse a mais velha, e isso era ótimo para o ômega.

"Precisa sim, eu nem havia reparado que já estava tarde. O Zayn me ligou desesperado dizendo que você não o respondia e que estava sozinho em casa com o Troy. Eu sair correndo quando lembrei de toda a merda." Louis respirou fundo e se encolheu mais nos braços da irmã. "Ele lhe bateu, não foi?"

Louis não conseguia falar, então apenas confirmou com a cabeça. Lottie fechou as mãos em punho o que fez o menor tremer, ele sabia que Troy era capaz de fazer qualquer coisa com qualquer um e ele não queria que a sua irmã passasse pelo mesmo que ele.

"Lottie." Louis a chamou, mas apenas ouviu um "Xiu" saindo da boca da irmã pedindo para ele ficar quieto e apenas sentindo os carinhos que ela lhe fazia, e Tomlinson a obedeceu.

"Lembre-se Lou, depois da tempestade sempre vem o sol, vai ficar tudo bem. Okay?"

O menor concordou com os olhos fechados. O remédio finalmente fez efeito fazendo Louis não sentir mais dor e entrar no seu mundinho dos sonhos, onde Troy não existia e não tinha violência. No seu mundinho só existia a sua mãe, sua irmã e ele, e todas as outras pessoas que estavam ali se amavam e cultivavam a paz e o amor.

Louis sonhava com isso na esperança de que um dia ele se tornar real e tudo aquilo, aquela dor e sofrimento acabasse. Ele queria que todas as pessoas que passassem pela mesma coisa que ele ou pior, tivesse paz, principalmente a si mesmo. O menor precisava de paz, e ele só estava esperando alguém ir lá e tirá-lo daquele buraco.

STOCKHOLM SYNDROME » L.S [ABO]Where stories live. Discover now