Capítulo 26

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O dia tinha amanhecido, mas sem dúvidas alguma, o clima naquele quarto — ou até na casa toda — estava muito pesado.

Elisa tinha chorado até dormir nos braços de Gustavo e a única coisa que o rapaz desejava, era que ela não chorasse mais. Cada lágrima que escorria por seu rostinho perfeito, quebrava o coração do jovem.

A menina saiu do banheiro, com os cabelos molhados e apenas uma toalha cobrindo seu corpo, e andou até as malas que estavam no canto do quarto.

Gustavo estava deitado na cama, mas se levantou e se aproximou, receoso, por não ter certeza se não estaria invadindo o espaço dela, mas tudo que queria saber, era se a jovem estava pelo menos um pouco melhor.

Elisa não tinha tentado abrir a mala ainda, apenas segurava a alça, pensando em como tudo parecia uma bagunça, queria muito que Daniela tivesse ligado ou mandado alguma mensagem, mas ainda nem tinha tido coragem para pegar o celular.

— El... — Gustavo falou baixinho, assim que ficou próximo da garota, a tirando de seus pensamentos.

A jovem soltou a alça da mala, virando para ele e dando um sorriso fraco.

— Vou ficar bem. — Ela sussurrou, mais para si mesma do que para o rapaz, mas aquilo já fez com que ele se sentisse um pouco mais tranquilo.

A menina deitou a primeira mala no chão, abrindo e procurando por seu uniforme limpo. Assim que o achou, fechou a mala e andou com as peças nos braços até o banheiro.

Sabia que Gustavo estava preocupado, conseguia sentir aquilo apenas por respirar, mas ela não tinha como evitar estar completamente para baixo, mesmo não querendo preocupar o garoto com isso.

Ela rapidamente se vestiu, penteando os cabelos curtos e saindo do banheiro, olhando para Gustavo na cama, vestido apenas com a calça do uniforme e parecendo pensativo.

Elisa andou até ele, parando na frente do rapaz, que tinha ficado pouca coisa mais baixo que ela, mesmo sentado na cama.

— Não quero que fique tristinho assim. — Ela falou.

O rapaz passou os braços pela cintura dela, a puxando para perto e deitando a cabeça em seu peito, conseguindo escutar quão acelerado o coração dela batia.

— Eu odeio não poder fazer nada, El. — O jovem admitiu. — Odeio ver você passando por isso, odeio que a Natasha tenha feito aquilo ontem...

Antes que ele pudesse falar mais, Elisa o interrompeu, balançando a cabeça em negação.

— Não fale assim. — Ela pediu, colocando a mão nos cabelos dele e fazendo carinho nas mexas. — Não é sua culpa e se não fosse por você, eu já teria surtado. Você me ajuda muito, então não diga que não está fazendo nada.

Os dois ficaram em silêncio, apenas um sentindo a presença do outro, como se aquele fosse o único conforto necessário. Elisa não queria o soltar, o calor que irradiava do corpo dele era bom demais para ela querer sair dali, mas eles ainda precisavam ir para o colégio.

— Precisamos ir para a aula. — Ela sussurrou, beijando o topo da cabeça dele e se afastando do abraço.

— Queria poder só ficar aqui com você. — Gustavo disse, ficando de pé e dando um beijo rápido na bochecha dela, antes de andar até o guarda-roupa para encontrar sua camiseta.

Elisa sorriu, pegando seu celular e desbloqueando. O sorriso não demorou para sumir de seus lábios e no lugar dele, sua boca se abriu um pouquinho, como se estivesse prestes a gritar de desespero, mas segurasse aquilo.

Tinham mensagens. Muitas mensagens. Mas ela não esperava que fossem grande parte de Gustavo... Para Mia no Twitter.

Com todos os acontecimentos do dia anterior, ela nem ao menos se lembrou daquilo. A jovem não pode evitar sentir vontade de chorar novamente, mas segurou, já que não daria para explicar a Gustavo o motivo do choro novamente.

Você Nem Imagina • 2022Where stories live. Discover now