Capítulo 28

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Gustavo estava deitado no sofá, se sentindo sozinho, já que Elisa tinha saído com Daniela para ver alguma coisa com advogados, Gabriel apenas avisou na saída que iria com Bernardo e Mateo tinha dito que ia para casa passar o dia com a mãe que finalmente tinha voltado do Rio, depois de visitar o irmão dele, Joshua.

A porta se abriu e mesmo escutando o barulho, Gustavo não fez questão de levantar o corpo para descobrir quem era.

— Que cara é essa? — A voz de Rafael preencheu o ambiente, fazendo o garoto suspirar. — Você está sozinho?

— Acho que isso é meio obvio. — Gustavo resmungou.

— Onde estão os dois patetas que andam com você? — Rafael se aproximou, fazendo com que o mais novo pudesse vê-lo.

— Importa?

— Você é tão grosso. — O rapaz revirou os olhos.

— E você é folgado.

— Porra, Gustavo, eu sei que eu e você não temos lá o melhor dos relacionamentos, sei também que acha que só venho aqui para pegar o dinheiro do papai, mas precisa entender que nem tudo é como pensa. — Rafael se sentou do lado do irmão, olhando para ele.

— O que quer dizer?

— Eu não estou sem dinheiro como você acha, só vim porque o pai me pediu. — O rapaz suspirou.

— Por que ele pediria isso? Estamos bem. — Gustavo ajeitou a postura, cruzando os braços.

— Ele sente que não passa o tempo que devia com você e queria que eu ficasse um pouco aqui para tentarmos melhorar nosso relacionamento como irmãos, mas claramente foi uma péssima ideia, já que você nem deixa eu tentar me aproximar e, já me julga.

Gustavo ficou em silêncio, refletindo sobre o que o irmão tinha dito.

Talvez ele se incomodasse tanto quando comparavam ele com o irmão, porque bem no fundo, ele queria ser mais como Rafael. O mais velho era independente, desapegado, morava em outro país longe de todo mundo que conhecia, além de ser com certeza muito mais sociável que Gustavo.

Ele afastava constantemente Rafael, mesmo quando seu irmão ligava ou mandava mensagem, era sempre indiferente ou ríspido e durante todo aquele tempo o jovem não entendia suas próprias atitudes.

Quem sabe fosse em partes inveja.

Mas tinha uma coisa que o rapaz sempre ganhou de Rafael e aquele era um lado que ele vinha escondendo com muita vontade nos últimos anos... Sem dúvida alguma, Gustavo era muito mais sensível.

E foi por isso que começou a chorar, abraçando Rafael com força, pouco se importando se o irmão acharia sua atitude estranha ou surpreendente.

O mais velho ficou parado por alguns segundos, antes de retribuir o abraço do irmão.

— Por que está chorando? — Ele perguntou, ainda abraçando o garoto.

— Porque eu agi mal com você. — Gustavo explicou, se afastando do irmão e começando a enxugar as lagrimas. — Depois que a mãe foi embora tudo ficou estranho, todo mundo me comparava com você, porque você lidou bem com a situação e eu não. Eu odiava e acho que acabei descontando isso em você, me desculpa.

— Irmãos são para isso. — Rafael deu de ombros. — Se não ficássemos um enchendo o saco do outro é que deveriam ficar preocupados.

— Acha que pode me perdoar?

— Infelizmente você nasceu sendo meu irmão, perdoar é meio que uma obrigação por termos usado o mesmo útero. — O rapaz falou, sorrindo. — E você não estava totalmente errado, eu já voltei para casa antes por precisar de dinheiro, mas juro que não é assim agora.

Você Nem Imagina • 2022Onde histórias criam vida. Descubra agora