Capítulo 15

993 150 156
                                    

Já faziam quatro dias desde que Elisa e Gustavo tinham finalizado o trabalho e surpreendentemente, estavam se entendendo e não tinham brigado.

Era uma terça-feira, Gustavo tinha acabado de terminar de almoçar e estava lavando a louça que sujou, quando escutou passos indo em direção a cozinha.

— O que você fez de almoço? — Rafael perguntou, fitando o irmão mais novo que naquele momento o encarava.

Rafael era alto, com a pele clara, os cabelos castanhos um pouco cacheados e suas sobrancelhas bem feitas.

— Macarrão com calabresa. — Gustavo respondeu.

— Cadê? Eu estou com fome.

— Problema seu, eu já comi tudo. — O garoto revirou os olhos, prestando atenção na sua louça.

Nem mesmo Elisa que passou cinco anos o perturbando o tirava tanto do sério quanto seu irmão que estava com ele há apenas quatro longos dias.

— Você tem vinte e oito anos, pode fazer seu almoço.

— Você podia ter feito para mim também, eu sou visita e não custava nada fazer um pouco mais.

— Me poupa. — Gustavo suspirou, enxaguando o último prato e colocando no escorredor. — Eu teria que lavar toda a sua louça e uma panela maior ainda, porque você é um mega folgado.

— Gustavo? — A voz de Elisa surpreendeu o garoto e logo o corpo pequeno dela estava fazendo presença perto de Rafael.

A jovem olhou para cima, fitando o mais velho com desgosto, o que involuntariamente fez com que Gustavo sorrisse.

— Olha só se não é a Elisa, quer dizer que vocês ainda se falam? — Rafael tinha um tom sarcástico, que irritou completamente o mais novo.

— Vai cuidar da sua vida. — Gustavo falou ao irmão, caminhando até Elisa e pegando na mão dela, a puxando escada a cima em direção ao seu quarto.

Ele conseguiu perceber facilmente que ela tinha ficado completamente surpresa com aquela atitude, mas apenas não se importava, não queria a jovem perto de seu irmão insuportável.

Os dois entraram no quarto e o jovem fechou a porta, trancando.

— Desculpa por isso, ele é um... Estrupício.

Elisa começou a rir, fazendo com que o rapaz a fitasse.

— Desculpa, você fica muito engraçadinho falando "estrupício".

— Como você entrou? — Ele perguntou, juntando algumas camisetas que estavam jogadas no chão, tinha esquecido de levar em conta a desorganização de seu quarto.

— Ah claro, foi mal ter só chegado, a porta estava aberta e eu acabei entrando. — Elisa forçou um sorriso, parecendo um pouco sem graça.

— Não tem problema, você fazia isso o tempo todo. — Ele deu de ombros, colocando as camisetas em uma prateleira do guarda-roupa e fechando. — Aconteceu alguma coisa?

— Na verdade, mais ou menos.

— Pode falar.

— Eu estou extremamente sem graça de pedir isso, mas juro que é porque eu não tenho opção.

— Elisa, você está me deixando preocupado. — Gustavo se aproximou dela, olhando um pouco para o corpo da menina para procurar por algum hematoma. — Você se machucou?

— Não. — Ela balançou a cabeça. — Koda tem consulta no veterinário porque está chorando sem parar desde ontem, mas minhas mães estão presas no trânsito, porque aconteceu um acidente na ponte e está bloqueando tudo. Não tenho como levar ele andando porque é meio longe, meu padrinho está só Deus sabe onde com o namorado e eu não tenho mesmo como ir. Só tem consulta mês que vem se eu perder a de hoje e só faltam quarenta minutos para o horário. Eu pensei em... — Elisa hesitou, engolindo em seco. — Você me emprestar sua bicicleta.

Você Nem Imagina • 2022Where stories live. Discover now