Confrontos

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As semanas passaram voando, aparentemente quanto melhores estão as coisas mais rápido o tempo tende a passar, bem diferente de quando tudo vai mal, quando os minutos são lentos e torturantes e o sofrimento dura uma eternidade.

A essa altura já nos encontramos do ápice do inverno, a neve rodopia lá fora com força, se chocando contra a porta de madeira e pintando de branco nosso jardim. Por conta do tempo fomos obrigados a diminuir a frequência dos treinos do lado exterior, mas isso não quer dizer que deixei de pressionar esses pirralhos.

Não mesmo, ficariam surpresos se eu lhes dissesse quantos exercícios é possível serem feitos dentro de uma residência. Isso quando não os obrigo a correr lá fora, com a neve no joelho, para aumentar a resistência de alguns recrutas.

Mas, estaria mentindo se dissesse que não estou orgulhoso, cerca de três meses se passaram desde que este grupo deslocado e deplorável foi consagrado como "meu pelotão". Um bando de soldados repletos de falsas motivações e anêmicos de técnica e dom, bom ressalvas algumas exceções. Com os dias que se passaram, uma boa dose de sangue e suor gastos, creio que já tenho um bando de pirralhos decentes o suficiente para sobreviver há 15 minutos lá fora.

Mas creio que estamos bem longe de ter verdadeiros soldados em mãos.

Só agora olhando em retrospecto consigo perceber quanto tempo se passou desde que me reencontrei com Ártemis. Estes poucos meses em sua companhia parecem tão mais significativos que os anos que vivi em sua ausência, parece agora, que jamais saí de sua presença. Me tornei um soldado apaixonado, muito mal acostumado diga-se de passagem.

Nas noites mais gélidas Lyanne se esgueira até meu quarto, se espreitando por entre as cobertas pesadas e se agarrando ao meu corpo com um sorrisinho sapeca e seu jeitinho infantil de ser. Nestes momentos Ártemis me parece tão frágil, como uma boneca de porcelana que pode se quebrar ao menor toque.

Bem diferente da Capitã ardente e crepitante que encontro sob a mesma cama em outros momentos. Não apenas só na cama diga-se de passagem, não me orgulho disso, mas desde que seja longe do olhar intrometido de algum recruta, cada salinha, quarto é testemunha da ardente confusão que eu e ela somos quando estamos juntos.

- Cabeça avoada meu amor - Sua voz soou baixinho depositando um beijinho por debaixo de minha orelha.

- Estava pensando - Suspirei me virando na cama, erguendo meu corpo e sustentando minha cabeça pelo cotovelo - Pensando em como tudo mudou.

- Levi Ackerman pensativo.. - debochou baixinho - Novidade.

- Culpa completamente sua, que me transformou nesta aberração aqui.

- Ouso dizer que um homem tão romântico não bota medo em alguns titãs - a morena rebateu com um olhar penetrante.

- Ah veremos - dei de ombros - Por sorte sou romântico por conta de uma mulher tão perigosa quanto eu... Eles nos temerão juntos - disse a fitando e recebi um sorriso descontraído em resposta, seguido de um doce selar de lábios.

Observei a garota se levantar, fazendo uma careta, provavelmente por ser atingida pelo ar frio que preenche o ambiente, longe do refúgio de cobertores pesados e quentes.

- O que está fazendo? - perguntei a observando deslizar a camiseta branca pelo tronco.

- Me vestindo ué - disse dando de ombros - E sugiro que faça o mesmo e saia logo do meu quarto.

Bufei revirando os olhos, como detesto ter que fugir como um ratinho quando Ártemis e eu estamos juntos. Sempre cautelosos para não levantar sussurros e burburinhos por entre os pirralhos, nos mantendo o mais distante possível de seus olhos e ouvidos.

Titan's Blood - Levi Ackerman x ocWhere stories live. Discover now