Titan's Blood - Levi Ackerman x oc

O despertar - Especial (pt.2)

 Antes de tudo gostaria de colocar um aviso de gatilho nesse cap, porque vai ser abordado a questão sobre abuso sexual. Não é nada explicito, tão pouco muito descritivo, mas se você é muito sensível a esse assunto, eu sugiro tomar cuidado.

Sem mais delongas, boa leitura :)
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Anos de memórias se passaram em minha mente, em apenas alguns segundos, tudo isso em um misto de desespero e raiva, raiva de mim, culpa. Tudo se fundindo em um momento único de fúria.

Estou em uma espécie de transe, nada é real, nada é palpável. A vida parece ser apenas um cenário distorcido, um pano de fundo para meu desespero carnal. As vozes que escuto, nada me alcança, eu sou tocado, agarrado, arranhado pelo pavor.

Em meio a essa torpe, meu corpo se move sozinho, mal vejo o que estou fazendo pois minha visão está corrompida pela visão daquele último sorriso. De alguma maneira, eu coloquei o dmt em meu corpo, não há alma no mundo que conseguiria me impedir de fazer algo.

As ruas parecem ser feitas de papel, tal como os prédios e casas. Que trajeto eu fiz? Não faço ideia. Meu peito arde, minhas mãos formigam, não sei se ao menos estou respirando.

Dois guardas estão na frente do Ninho, eu deveria esperar para fazer algo? Não. Um segundo e eles caem ao chão, cuspindo sangue pela boca e borbulhando líquido escarlate pela garganta.

A morte vai alcançar qualquer um que fique entre mim e ela neste momento, eu levarei um rastro de sangue por onde eu passar, mas eu a verei.

Ouço risada vindas de dentro, as gargalhadas se distorcem aos meus ouvidos e se transformam em gritos, é isso que irei ouvir em algum segundos, os gritos deles ao me verem chegar. Utilizo de meu último pingo de racionalidade, o único que me resta, e me esgueirei pelo corredor, me aproximando da janela.

A batida forte de meu coração marcou minha visão, cada pedaço do meu corpo trêmulou ao colocar meus olhos nela. Pela janela a vi, minha garota, minha pequena Lyanne, braços algemados à frente do corpo, a corrente presa em uma grande mesa no centro da cela.

O oxigênio se tornou ácido em meus pulmões. Trinquei os dentes com tanta força que jurei que iria quebrá-los, talvez tenha machucado algo, pois senti o forte gosto de sangue em minha boca. Quanto mais presto atenção na cena, mais uma parte de mim morre e se torna ódio, a forma como sua camiseta está manchada de sangue, a calça preta que ela usava quando saiu, não está mais nela. Cobrindo suas pernas repletas de hematomas, apenas uma cueca box, que eu reconheço, ela roubou de mim há dois dias atrás.

Meus olhos tremulam, eu não quero continuar olhando... Mas, não há ninguém que eu me importe mais no mundo, quando foco meu olhar sob ela, percebo que está dormindo. Foco novamente, dessa vez nos hematomas espalhados por seu corpo, e principalmente, no filete de sangue que correu por suas coxas.

O mundo gira ao meu redor, sinto faíscas em minhas mãos, estou sendo envenenado pela minha própria adrenalina. Eles não... Céus me diga que eles não fizeram isso.

Minhas mãos tremem, e quando dou por mim minha visão está turva, o sabor ferroso do sangue em minha boca, se mescla com o gosto salgado das lágrimas.

É minha culpa.

Cravo meus dedos nos cabos das espadas, até sentir as farpas entrarem por debaixo das minhas unhas. Eu só tenho uma pessoa no mundo, apenas uma. Não há nada mais que eu me importe, nem mesmo minha vida vale tanto. Então porque? Ela não merecia.

Ouço passos vindo de dentro da casa, e me encolho na janela, eu preciso observar, preciso vê-los, preciso olhar para os futuros cadáveres. Natyel apareceu no cômodo, sendo seguido pelos pedaços de carne, que ele chama de homens.