Jornada

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- Titã à esquerda - Krista soou olhando para trás para encarar a mim e a Capitã.

Meus olhos se voltaram para o local indicado, um titã se aproximava a passos, levemente apressados dali. Com a velocidade das montarias, o mesmo irá demorar a encontrar nossa formação, mas como não podemos mudar de curso, em algum momento esse encontro irá ocorrer.

- Anna! - Lyanne chamou a loira, e me surpreendi levemente - Espere que ele esteja perto o bastante, esse é seu.

Não pude deixar de franzir o cenho, mesmo sendo um titã médio e consideravelmente lento, Anna não seria o tipo de cadete que optaria para o papel. À primeira vista me parece que apenas um sopro daquela aberração seria capaz de quebrar Anna ao meio.

Ah mas como as aparências enganam.

Alguns minutos se passaram, e então já podíamos sentir o chão tremer abaixo de nós, os cavalos também relincharam com a aproximação. Meu olhar instintivamente se voltou para Anna e me arrependi por tê-la subestimado. Claro, que ela é uma aluna de Ártemis.

Imaginem uma garota tão frágil que chega a ter um aspecto infantil. Cortando o ar com sua espada em um movimento perfeito, indo até aquele gigante e o fazendo cair instantaneamente, pintando toda a neve ao redor de vermelho sangue. Sem nem que o mesmo tivesse como raciocinar o que lhe atingiu. A cadete beira ao perfeccionismo com seus movimentos, ouso dizer que não gastou sequer uma molécula de ar em vão, não busca glamour ou manobras rebuscadas, Anna anseia por praticidade e tudo que a mesma deseja é um titã ao chão.

É incrível como podemos deduzir tanto de uma pessoa apenas pela maneira que a mesma conduz uma morte.

Fora tudo tão rápido que a formação sequer diminuiu seu ritmo, em alguns segundos Anna estava de volta ao seu cavalo limpando sua espada na capa, como se nada tivesse acontecido. Voltei meu olhar para Ártemis que em meio a sua concentração, achou um espaço para me dirigir um sorriso sapeca, como quem diz "eu sempre tenho razão".

- Acha que encontraremos muitos como aquele? - Sasha perguntou atrás de nós.

- Talvez - Ártemis não virou-se para olhá-la - Mas se encontrarmos daremos cabo deles, e lembre-se que não é papel dos capitães fazerem isso.

Essa resposta foi um alerta. Ela os quer atentos, e senti que uma tensão se espalhou por entre os cadetes. Estão nervosos com a possibilidade de ter que enfrentar um titã em uma missão como esta. Que a qualquer momento podemos ser cercados, e que será papel deles tirarem suas espadas e matarem alguns titãs, e que nem sempre irão poder se esconder atrás de nós.

Me lembro dessa sensação, da primeira vez que pus os pés aqui fora, naquela época Ártemis era uma cadete tal como eu. E por alguns instantes o medo deu lugar à liberdade.

É intrigante a maneira que gosto de estar aqui fora. Sim, não sou nenhum idiota e compreendo o quão horrível esse lugar pode ser, acreditem, eu sei mais do que qualquer um. Porém, ao ver essa terra verdejante, os campos e as florestas até onde a vista alcança, sou preenchido por uma sensação de liberdade que as muralhas nunca me permitiram ter. Lynne conhece a sensação, de crescer sendo limitado, de ter a visão resumida a um teto de concreto e paredes ásperas, de sentir o ar sufocado preencher os pulmões e não ter o conforto ao menos para respirar.

A sensação de poder, para quem cresceu oprimido.

O fervor da adrenalina ao ouvir a sinfonia galopante dos cavalos, a formação perfeitamente conduzida. Posso soar um egocêntrico egoísta, e nunca neguei que fosse um, mas me sinto um homem poderoso quando estou aqui, sei que nestas terras sou invencível.

Titan's Blood - Levi Ackerman x ocWhere stories live. Discover now