Colecionadores de memórias

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Feliz ano novo meus pirralhinhos!

Hoje estou de poucas palavras em compensação ao capítulo GIGANTE! Mas juro que vai valer a pena, pois o de hoje está repleto de emoções.

Obrigada por todos esses dias de apoio, amo vocês e boa leitura :)
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Meus olhos capturam o movimento da vela, observando a chama incandescente bailar em meio ao ar. O pequeno castiçal apoiado sob a escrivaninha de frente à janela, sustenta essa única vela solitária que parece observar em silêncio o mundo através do vidro gélido. Eu a acompanho nessa observação melancólica e silenciosa, sentada na cadeira abraçando meus joelhos, vestindo apenas uma camisola de mangas longas, branca e rendada.

O quarto se encontra em uma meia luz, pertencente à despedida da madrugada e à chegada da manhã. No horizonte, a neblina fina reside aos pés da muralha Sina em uma lenta reverência, essa mesma neblina serpenteia por entre as construções, transformando o cenário em um mar nebuloso de telhados e prédios.

É o adeus ao outono.

Delicados e finos flocos de neve caem e rodopiam, dançando com o ar frio. Aqui dentro a temperatura é amena, contudo por entre meus lábios escapa uma fina camada de fumaça compassada com minha respiração. O frio é um convite para retornar para cama, que está bem ao lado, voltar para dentro dos lençóis macios e quentes, e principalmente, para os braços de Levi.

O Ackerman dorme tranquilo e sereno tal qual uma criança, de bruços e abraçando um de seus travesseiros, olhos delicadamente fechados e fios rebeldes de cabelo caindo sob sua testa. A visão arranca-me um sorriso e meus dedos delicadamente tocam sua pele, afagando carinhosamente seus cabelos negros.

Não sei ao certo o que me arrancou de seu lado na cama, ou talvez eu saiba, venho sendo preenchida pela agitação dos pensamentos que tornam minhas noites de sono inquietas e remexidas. Por vezes decido que levantar é a melhor opção, apenas aguardar em silêncio na esperança que minha mente se cale também.

Hoje me sinto especialmente angustiada. Conforme relembro os acontecimentos e seus envolvidos: Magnus, Anna, o Alto Escalão, a ânsia me sobe à garganta impedindo que eu respire livremente. Sinto-me enevoada, como se a neblina lá de fora me tomasse por inteira, tornando borrão tudo aquilo que pensei estar claro.

Ao menos a visão de meu noivo me tranquiliza, algo está límpido, algo continua certo.

- Não fui informado que havia um fantasma em meu quarto - a voz sonolenta do Ackerman despertou-me da letargia.

- O que quer dizer com isso espertinho? - indaguei com um sorriso incontível, deslizando meus dedos pela sua pele.

- Você - o moreno abriu seus olhos azuis, me lançando um olhar sapeca - Parada aí observando essa vela, vestida tal qual uma jovem donzela virgem assassinada há séculos atrás, cabelos caindo sobre os ombros... Me parece um fantasma encantador.

- Vou deduzir que você ainda está dormindo - não pude deixar de soltar uma risada delicada.

- Digamos que eu esteja meio apagado, meio desperto.

- Então volte a ficar completamente inconsciente - lhe dei um leve tapinha na testa - Ainda é muito cedo.

- Então volte para a cama - implorou forjando uma feição de sofrimento.

- Fantasmas não dormem.

- Desculpe se te ofendi mencionando o fantasma, agora por favor deite aqui - ele mesmo não conseguia se levar a sério, deixando escapar sorriso por entre seus lábios.

Titan's Blood - Levi Ackerman x ocOnde histórias criam vida. Descubra agora