i. alma

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quando a minha alma partir, espero que eu tenha deleitado de todos os prazeres que o mundo possa me oferecer em uma bandeja completamente decorada das coisas mais belas. eu sei que parece irreal, ou até mesmo tolo imaginar que o mundo possa ser tão, tão cheio de delicadas e indescritíveis coisas, mas ainda há uma parte do meu ser que almeja poder se debruçar e se encantar com tudo o que possa haver de mais belo no mundo.

porque eu quero a beleza, uma vez que a dor já me foi tão conhecida.

eu quero viver uma vida de encantos, onde sonhar acordada possa ser só uma referência a uma lembrança esplendorosa que eu tenha, e não uma inútil e dolorosa tentativa de escapar da realidade que emaranha seus dedos em minha pele e marca cada centímetro do meu coração.

quero a liberdade de voar como se o mundo fosse me acolher em suas nuvens, de não precisar me imaginar em uma vida que seja ao menos comum. eu quero viver intensamente, me banhar nas alegrias e sentir que cada momento é só mais uma oportunidade de viver mais e mais.

almejo intensamente a felicidade, o amor e todos os sentimentos que encantam a alma e trazem o toque mais doce a pele. preciso de uma jornada cálida, de um voo onde o bater de asas seja o ato mais intenso e caloroso que eu tenha.

porém, acima de tudo, eu oro todos os dias para que tudo o que meu coração mais anseia não se torne apenas em um desejo vago, uma lembrança esquecida no canto da janela, que eu possa ao menos provar o deleite de uma única felicidade.

porque só assim, ainda que com apenas uma única faísca de felicidade, meu peito e minha alma poderiam partir com a certeza de que aquele mínimo fragmento de paz tornou-se uma fogueira.

— enflorias.

minha alma se despeWhere stories live. Discover now