ix. angústia

59 4 4
                                    




a angústia é tão ínfima
e palpável
que me cobre o peito, alastrando
seus sintomas
sobre a minha corrente sanguínea em
uma frequência tão desenfreada
que me quebra os ossos
e escorre em meus olhos.

dói como inferno.

contudo me mantenho firme,
forçando um sorriso que não chega
nem na ponta do nariz,
interpretando um papel
em uma peça de uma vida
comumente feliz
quando na realidade estou
me
corroendo,
destruindo,
me extinguindo.

ainda precisam de mim,
e me desmorona saber que
não posso
não devo
e nem sou capaz
de negar qualquer favor,
qualquer coisa para apagar a mínima faísca
de
desespero neles
enquanto eu estou caindo
tão
tão
tão rapidamente
em direção ao abismo.

por favor segure minha mão.

não.

eu estou bem.
é só mais um dia.
só mais uma angústia que, logo logo, há de passar.
(mentirosa.

minha alma se despeWhere stories live. Discover now