x. cruel

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quão cruel pode ser a adaga que força sua entrada em uma pele imaculada, se contorcendo por cada víscera com um ódio tão palpável que sangra sem nem mesmo os homens poderem contemplar o tom carmesim de seu líquido precioso.

quão desalmado e impuro são os seus lábios, outrora tão abençoados por um ser divino, que num ímpeto desaforado profana os céus e a terra ao amaldiçoar a criança que, um certo tempo atrás, carregasse piamente em teus braços.

quão cruel é você, afinal?

que desarna a estender sua mão, arrastando-a pelas entranhas de quem te enxergava com um deus, arrancando o seu coração sem sequer deixá-lo bater por um último instante.

cruel.

você. é. cruel.

antes fosse uma angustiada sem os finos gritos infantis em teus ouvidos, que um monstro que mata lentamente sua própria prole sem qualquer amor em seu peito.

minha alma se despeWhere stories live. Discover now