xvii. o não estar

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estávamos de mãos dadas.

contra a minha pele quente, os seus dedos frios causavam uma sensação térmica quase inquietante, mas tínhamos ficado tanto tempo assim que eu nem me incomodava mais com isso. olhei para o lado, seus olhos estavam tão estranhamente fixos no horizonte que eu o observei também, por um tempo, tentando encontrar aquele fascínio no céu azul de sempre que te envolvia.

não vi nada.

apenas voltei a ver seus ossos envoltos dos meus enquanto mantínhamos nossas mãos grudadas. respirei fundo, tão fundo que me faltou ar, e esquadrinhei seu rosto outra vez, buscando nem que fosse uma centelha do que havia antes ali. não soube como reagir quando não fui sugada pela energia que outrora emanava de ti, nem sequer movi meu dedo que estava começando a formigar de tanto receio que tive de que você sumisse.

medo de que o que quer que houvesse no além que suas íris fitavam, pudessem te fazer desvanecer diante de mim.

mas você continuou ali, e nem reagiu quando eu soltei só a pontinha do meu mundinho e o encolhi, tentando afastar a dormência nele. foi como estar diante de uma manequim, ou qualquer coisa que não tivesse reação alguma.

como seu corpo podia estar ali se a sua alma parecia ter sido tragada?

não soube responder, e até hoje ainda tento desesperadamente encontrar um motivo. só sei que, diante da sua inércia, eu continuava segurando sua mão.

mesmo que a sua quase não segurasse mais a minha.

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⏰ Last updated: Jan 31, 2022 ⏰

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minha alma se despeWhere stories live. Discover now