Capítulo 1

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Washington, D.C.

Capital dos EUA

ANY GABRIELLY

Com a mão livre aperto o casaco contra meu corpo evitando que o ar frio me incomode ainda mais e com a outra mão levo o copo de café quente até os lábios, comprar um café quente todas as manhãs antes de ir para o trabalho já se tornou parte da rotina, não porque sou viciada em café e sinto que ele me mantém acordada, mas sim porque é um costume bobo que aderi nos últimos anos. Queria que um copo quente de café aliviasse meu estresse, minhas noites mal dormidas e a dor que sinto nas costas, mas como é apenas um copo de café e não um copo de milagres me contento com minha realidade, afinal poder sair de casa sempre no mesmo horário, e conseguir comprar meu copo quente de café faz com que eu sinta algum tipo de controle sobre minha vida, manter o controle sobre as pequenas coisas, sobre os pequenos detalhes me da um pouco de paz, já que os problemas maiores que assolam minhas noites estão longe de ser resolvidos, ou seja estão completamente fora do meu controle.

Subo as escadas de concreto e adentro o prédio que tem sido minha segunda casa a dois anos e o lugar onde tenho cooperado na realização de diversas operações secretas. Cumprimento algumas das pessoas que vou encontrando pelo caminho com um simples "bom dia", nada de sorrisos, abraços ou beijos, um simples e sincero bom dia apenas para ser educada, a maioria das pessoas que trabalham aqui não gostam de mim, me acham rabugenta ou mal educada, essa sou e não posso fazer nada se não aceitam, por que eu deveria sair por ai abraçando e beijando todo mundo? Isso pra mim é um poço de falsidade então tento ao menos ser educada e desejar "bom dia" se eles não gostam problema é deles eu estou muito bem, o fato de eu ser assim me priva de muitas decepções e momentos desgastantes com pessoas que não me acrescentam em nada.

Chego em frente a porta da sala de reuniões e vejo  através das janelas de vidro toda a minha equipe reunida juntamente com nosso chefe e diretor Kyle, todos olham para o quadro de anotações e pela cara de bunda que estão fazendo já sei que vem bomba por ai. Giro a maçaneta e entro no local tendo os olhos de todos sobre mim, antes de dizer algo levo o copo de café até a boca virando todo o conteúdo em um só gole e então desprezo a embalagem no lixo ao lado da porta.

-Bom dia!- Exclamo tirando o casaco e o pendurando nas costas da cadeira de uma mesa que fica no centro da sala, enquanto ouço todos responderem ao meu cumprimento.- Por que estão com essas caras de bunda, o chefe já deu bronca em vocês?- Implico com todos tentando quebrar o clima.

O meu trabalho é o lugar onde eu me sinto realmente bem, tenho mais apreço e intimidade com meus colegas de trabalho do que com minha própria família, sinto que eles são minha família de verdade. Passar horas e horas juntos em momentos de tensão e perigo faz com que conheçamos um ao outro verdadeiramente e isso contribuiu para que desenvolvêssemos um bom relacionamento. Olho para o fundo da sala onde está o grande quadro cheio de anotações, fotos e arquivos colados, o chamamos de mapa do tesouro pois as informações coletadas e armazenadas nesse quadro nos conduzem até os criminosos que queremos prender, isso de certa forma torna as coisas um pouco mais divertidas, fazemos até apostas para saber que irá encontrar o tesouro primeiro. 

Bailey está com as mãos sobre a cintura e fica alternando seu olhar entre mim e o mapa do tesouro, sua postura está rígida e pelas enormes olheiras abaixo de seus olhos percebo que ele não dormiu a noite toda, eu também não dormi mas pelo menos posso esconder com maquiagem. Ele e eu somos bem parecidos no quesito determinação e competitividade e por incrível que pareça isso não nos atrapalha nem um pouco, pelo contrário quando trabalhamos em dupla isso nos ajuda a chegar ao nosso alvo de modo mais rápido.

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