Capítulo 11

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Olhei para a vermelhidão em sua face, as marcas de meus dedos contornando sua bochecha, só então reconheci o tamanho do meu erro. Beauchamp virou o rosto e seu olhar foi de encontro ao meu, eu podia notar em seu semblante o quanto ele estava enfurecido, suas pupilas estavam dilatadas, sua respiração alterada. Parecia que eu estava diante de um touro furioso prestes a me atacar e isso me fez dar alguns passos para trás, conforme eu tentava me afastar dele seus passos me acompanhavam chegando cada vez mais perto de mim. Entre nossos olhares uma guerra estava sendo travada, em nenhum momento eu desviei o olhar queria provar para ele que também posso me impor e me manter firme, nem mesmo seus olhos azuis dominados pela fúria me fariam recuar.

Em determinado momento minhas panturrilhas bateram contra a beirada do colchão e eu caí sobre a cama, Beauchamp me olhou de cima como se eu fosse um inseto do qual ele estava prestes a pisar. Meu coração acelerou dentro do peito quando ele se curvou em minha direção, por algum motivo meu corpo não reagia aos comandos de minha mente, eu devia empurrá-lo, fazê-lo se afastar de mim mas conforme ele foi se inclinando sobre meu corpo eu fui tombando para trás até que minhas costas se encontraram com o colchão. Suas pernas estavam uma de cada lado dos meus quadris, e seu peitoral colado em mim, minha respiração estava cada vez mais curta e acelerada, seus olhos me consumiam me deixando a cada segundo mais vulnerável e com um pouco de medo. Senti quando suas mãos quentes agarraram meus pulsos com força e prenderam meus braços acima da minha cabeça. Eu estava imobilizada e não conseguia encontrar forças para fugir de seu domínio, eu não sabia o que estava acontecendo comigo.

-Nunca mais bata em mim, eu não vou tolerar seu comportamento impulsivo e sua revolta contra mim.- Me ameaçou com a voz rouca.

-Eu e minha filha não somos objetos pra você mover de lugar quando quiser, somos seres humanos, temos sentimentos, você não pode nos manipular assim.- Proferi as palavras com toda minha raiva.

- Eu posso e vou, assim que você concluir seu dever poderá ir embora mas enquanto isso não acontece é melhor você aceitar os meus termos ou nossa convivência será bem difícil.- Ao ouvir suas palavras me contorci sobre a cama tentando fugir de seu aperto mas ele era bem mais forte que eu.

-Eu te odeio Beauchamp vou fazer você se arrepender do que me fez, não pense que irei ser uma marionete que você manipula.- Beauchamp deu risada, e isso me desconcertou por completo.

De modo rápido ele me soltou e se levantou, permaneci imóvel na cama olhando para ele que caminhou até o berço de Hope, Beauchamp estendeu os braços e pegou minha filha no colo, ela nem hesitou, Hope parecia extremamente confortável em sua presença como se o conhecesse desde que nasceu. Meu coração estava pesado, uma sensação ruim tomou meu corpo.

- Pegue somente o que for necessário pra você e sua filha partiremos em uma hora.- Beauchamp ordenou e com Hope em seus braços começou a caminhar em direção a porta do quarto.

-Ei o que está fazendo? Você não pode levar minha filha- Me levantei da cama apressadamente.

-Apenas uma garantia de que você irá fazer o que eu mando.- Rapidamente ele abriu a porta do quarto e saiu.

Corri até a porta mas quando girei a maçaneta ela não se abriu, comecei a esmurrar a porta e gritar para que ele me soltasse mas nada disso adiantou, minhas mãos ficaram doloridas de tanto que eu bati na madeira da porta e minha voz começou a falhar de tanto que eu gritei então desisti. Me rebelar contra ele não mudaria absolutamente nada se eu agisse como uma criança mimada ele me trataria como uma. Eu me sentia tão impotente, queria gritar e sair correndo mas a única opção que me restava era fazer o que ele pediu. Andei até o closet e de uma das prateleiras que ficavam no alto tirei uma mala preta, abri o zíper e comecei a jogar dentro dela algumas mudas de roupas minhas e da minha filha, minhas mãos estavam trêmulas e meus olhos estavam cheios de lágrimas que eu me recusava a derramar.

Quando terminei de fazer a mala troquei meu vestido de verão por uma calça,camiseta e um tênis. Puxei a mala até a porta e a deixei no canto, bati algumas vezes na porta e gritei avisando que estava pronta, fiquei esperando por alguma resposta ou barulho do lado de fora mas não ouvi nada então caminhei até a cama e me sentei, eu batia os pés contra o chão me sentindo ansiosa e cada vez mais impaciente.

A porta do quarto finalmente foi destrancada me levantei da cama no mesmo instante mas quem entrou no quarto não era quem eu esperava. Nour caminhou até mim com um xícara de porcelana nas mãos.

-O chefe me pediu pra lhe trazer isso.- Disse ela estendendo a xícara em minha direção.

-Eu não quero.- fui curta e grossa, no estado em que eu me encontrava não conseguiria comer e nem beber nada.

-Por favor Any, sei que está chateada mas ele irá brigar comigo se não aceitar.- Eu pude perceber que ela estava apelando,queria que eu sentisse pena dela.

-Que se dane o seu chefe e o que ele faz ou deixa de fazer, eu quero minha filha de volta e não a droga de um chá.- Exclamei irritada.

- Ele disse que você está muito agitada, tome um pouco de chá e então ele trará Hope de volta para você quando estiver mais calma.- Sem paciência para retrucar novamente peguei a xícara e tomei tudo em um só gole. Devolvi a xícara para Nour e ela pegou me olhando preocupada.- Me desculpe...

De repente minha visão ficou turva e meu corpo ficou pesado, tentei lutar contra a sonolência mas foi impossível meu corpo começou a fraquejar e meus olhos se fecharam.

{...}

Meus olhos estavam fechados e ao fundo eu podia ouvir uma gargalhada gostosa e contagiante, era a risada da minha filha. Movi meu corpo sentindo algo quente e macio sobre mim, abri os olhos e pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a claridade, a primeira coisa que vi foi uma espécie de janela arredondada mas através do vidro a visibilidade era ruim, estava tudo escuro. Passei as mãos pelo rosto e o esfreguei enquanto ainda me sentia sonolenta, abri os olhos novamente e olhei ao meu redor, encontrei Beauchamp sentado em uma poltrona branca de couro a minha frente com Hope em seus braços, ele brincava com ela fazendo caretas e barulhos engraçados com a boca.

Fiquei atônita observando a cena a minha frente, ele não havia notado que eu estava acordada então sua postura era totalmente relaxada e ele parecia me arrisco a dizer feliz enquanto brincava com minha filha. Me doeu ver o quanto ela estava alegre porque eu sempre estive sozinha desde que embarquei nessa jornada da maternidade, Hope nunca teve uma figura paterna e observá-la tão a vontade me faz imaginar coisas que nunca pensei antes. Não posso deixar Hope criar laços afetivos com ele ou ela irá sofrer quando formos embora.

-Posso ter minha filha de volta?- Perguntei atraindo os olhos azuis de Beauchamp para mim.

Ele me olhou surpreso como se tivesse sido pego no flagra fazendo algo de errado, Hope começou a se remexer estendendo os bracinhos em minha direção e eu sorri tirando a manta quente de cima do meu corpo e levantando da poltrona onde eu estava para pegá-la.

-Tente fazê-la dormir um pouco, vai demorar algumas horas para chegarmos em Barcelona.- Ele disse enquanto nos observava atentamente.

-Eu sei como cuidar da minha filha Joshua, não preciso de intervenção sua.- Exclamei, percebi que ele tentou esconder um sorriso que lhe escapou.

-Como quiser Gabrielly...-Me irritei ao ouvir sua voz proferindo esse nome, não gosto quando me chamam assim.








Espero que estejam gostando da história....

Sei que Any e Joshua gostam de se alfinetar mas saibam que teremos sim um romance, é que ele é Slow burn ou seja as coisas acontecem lentamente porque o sentimento entre os personagens está sendo construído aos poucos e quando ficarem juntos será recompensador.










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