Capítulo 26

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|JOSH BEAUCHAMP|

Me despertei ao sentir meu cabelo sendo levemente puxado. Abri meus olhos lentamente e fui surpreendido com dois pares de olhos azuis me fitando, bochechas gorduchinhas avermelhadas e um sorriso com alguns dentinhos a mostra e isso me fez sorrir.

-Bom dia meu amor.- Minha voz soou mais rouca que o normal.

Me sentei sobre a cama com um pouco de dificuldade sentindo uma dor latejante em meu ombro, confesso que levar um tiro foi bem ruim, a dor é torturante mas não é tão ruim quanto a dor de perder quem se ama. Olhei para Hope que agora estava distraída brincando com suas mãozinhas e senti meu coração ser envolvido por um sentimento de profundo amor e carinho. Parece precipitado para alguns mas sim, eu amo Hope, ela é um bebê doce e inocente que trouxe paz para os meus dias de tormenta, na verdade eu sinto que a amei desde o primeiro momento que a vi no berço, sempre sonhei em ser pai e o nascimento da minha pequena Sofia foi o dia mais especial da minha vida, ela era minha princesinha e quando eu a perdi, perdi a mim mesmo também, eu não sentia absolutamente nada a não ser ódio e raiva, mas quando olhei para Hope foi como se eu reaprendesse o que é o amor.

Me inclinei um pouco para o lado e a peguei no colo trazendo-a para se deitar em meu peito, eu acho incrível a forma como ela se sente a vontade comigo, desde o início quando a peguei pela primeira vez no colo ela nunca chorou mas sempre agiu como se me conhecesse desde o dia em que nasceu. Passei as mãos por seus cabelos ondulados e castanhos e beijei sua cabeça. Apoiei as costas no estofado da cama e relaxei meu corpo. Olhei para o lado notando que Any ainda dormia, ela está deitada de bruços, seus cabelos estão soltos espalhados pelo travesseiro e alguns fios rebeldes caindo sobre seu rosto, a roupa que ela está vestindo é uma shorts de algodão e uma camiseta mas ainda assim ela consegue ser sexy sem fazer o menor esforço.

Vê-la dormindo assim tão a vontade ao meu lado me faz lembrar da noite que passamos juntos. Não há palavras para descrever o que aconteceu naquela noite, nossos corpos, nossos corações, nossas almas, estavam unidas, conectadas como se pertencessemos um ao outro. Me assusta um pouco sentir algo tão profundo por ela, deveria ter sido apenas uma noite, apenas um ato carnal, mas significou muito mais do que eu esperava, e isso trouxe a tona sentimentos que eu estava tentando reprimir dentro de mim, como o ciúmes e a posse. Cada célula do meu corpo a deseja como se ela fosse o oxigênio que eu necessito para viver. Não sei quanto tempo vou conseguir esconder minhas reais intenções com ela, meus sentimentos estão queimando dentro de mim e sinto que a qualquer momento vou ser consumido por eles.

Fiquei um tempo ninando Hope em meus braços até que ela adormeceu novamente, a deitei sobre a cama com cuidado para não acordá-la e coloquei os travesseiros a sua volta para que ela não caísse, me levantei da cama e segui até o banheiro.

Eu me sentia um pouco fraco e com vertigens, e confesso que a dor em meu ombro é bem intensa, mas não quero dar tanta atenção para meu estado físico e sim tentar me manter bem emocionalmente, tive uma boa noite de sono e isso já me ajudou muito a superar a noite de ontem que foi um fiasco, meu plano deu errado de todas as formas possíveis e até agora estou tentando entender o que realmente aconteceu e porque aquele tiroteio começou, terei muitas coisas para resolver hoje.

Parei em frente a pia do banheiro e me olhei no espelho. Porra! Meu estado é pior do que eu imaginava. Meu rosto está inchado e cheio de hematomas. Minhas costelas possuem marcas roxas e meu ombro está enfaixado. Dimitri Petrov vai me pagar muito caro por todos os danos que tem me causado. Abaixei a cabeça e puxei a maçaneta da gaveta para pegar minha escova de dentes. De repente minha vista escureceu e eu perdi o equilíbrio, quando me dei conta estava indo em direção ao chão.

-Josh!- ouvi alguém gritar meu nome.

Eu me sentia fraco e com os olhos pesados mas notei Any vindo correndo em minha direção, ela se agachou no chão e segurou meu rosto com as duas mãos me fazendo levantar um pouco a cabeça, ela estava com as sobrancelhas franzidas e me olhava com preocupação, até assim ela conseguia ser linda.

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