Capítulo 41

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|ANY GABRIELLY|

É muita loucura da minha parte dizer que estou contando os dias desde que Josh sumiu, eu acho que já perdi a minha sanidade, eu me rendi a ele e deixei que dominasse meu corpo, meus pensamentos, meus sentimentos e agora viverei presa a ele para sempre. Já fazem duas semanas desde que eu confessei a ele meus sentimentos e Josh simplesmente sumiu mandando seus amigos virem para cuidar de mim, eu gosto de todos eles, cuidam muito bem de mim, são como uma família, nós conversamos, assistimos filmes, cozinhamos juntos, temos uma convivência leve e divertida, mas ainda assim todos os dias sinto uma vazio, um buraco no peito que não consigo preencher com absolutamente nada.

Me levantei da cama e fui para o banheiro tomar um banho, já fazia algumas hora que eu havia acordado, mas permaneci deitada vagando por meus pensamentos, hoje eu estou mais desanimada que o normal e minha vontade de socializar é zero, estava tentando me preparar para todos os barulhos, conversas e risadas que ecoam pela casa durante todo o dia. Antes quando era apenas eu, Josh e Hope tudo era calmaria e silêncio, e para ser sincera eu gostava, mas agora as coisas mudaram de vez.

Tomei um banho gelado para me ajudar a despertar, o dia hoje pelo que pude observar será bem quente, talvez eu saia um pouco e vá até a praia será bom porque tenho passado muito tempo trancada nessa casa, não porque eu seja obrigada, mas porque eu não tenho vontade de fazer nada, as vezes durmo o dia todo, ou pego um livro de uma das prateleiras da sala e fico lendo mesmo sem ter muito interesse na história, ou então eu só fico existindo olhando para o nada me lembrando de como era minha vida antes de ser sequestrada por Josh, talvez já tenham parado de procurar por mim e tenham me dado como morta, se um dia eu voltasse eu conseguiria me adequar a minha vida normal?

Coloquei um vestido simples foi a primeira peça que encontrei, coloquei o chinelo nos pés e ajeitei o cabelo para não parecer tão desleixada assim, mesmo estando com certeza em uma depressão eu não posso me esquecer que sou mãe e não posso deixar minha filha me ver de qualquer maneira, é por causa dela que eu não desisti de tudo, é por causa da Hope que eu ainda tenho forças para continuar.

Sai do quarto e um cheiro delicioso inundou minhas narinas, tenho certeza que Sina havia feito um café bem caprichado para mim, mesmo como meu jeito deploravel todos tem feito de tudo para me tratar bem e não deixarem que nada me falte. Entrei na cozinha e encontrei Sina lavando a louça e Noah secando, Sofya estava com Hope no colo.

-Oi bom dia.- Forcei um sorriso para todos.

-Bom dia!- Todos responderam como um coral.

-Dormiu bem? -Sina perguntou parando de lavar e louça e puxando um pano para secar as mãos.

-Sim eu dormi.- Respondi apenas isso, ultimamente eu não estava sabendo explicar muito bem coisas ao meu respeito. Todos ficaram em silêncio e eu me virei para Sofya.

-Me da ela um pouquinho estou com saudade da minha bebê.- Estendi os braços para Hope.

-Claro ela já tomou café e também já está com a fralda trocada.- Sofya avisou enquanto passava Hope para o meu colo.

-Obrigada!- Ela balançou a cabeça negando.

-Não precisa me agradecer, eu amo cuidar nessa pequena princesa.- Sofya deu um beijinho na bochecha de Hope e se afastou

Me sentei a mesa onde estava o café da manhã e comecei a comer, tinha waffles, bacon, ovos mexidos, pães, suco, frutas, uma fartura, eu não comeria nem metade já que ando sem apetite, tenho comido o suficiente para ficar bem e saudavel pela minha filha, na verdade eu não tenho feito muito por ela, todas as meninas amam Hope e sempre estão cuidando dela, quando eu me dou conta ela já está de banho tomado, cabelo penteado, fralda trocada e barriguinha cheia, isso me faz sentir uma péssima mãe, eu deveria estar me empenhando em cuidar dela, mas tem dias que eu me sinto tão fraca que mal consigo cuidar de mim. Desde que sofri o acidente naquelas pedras eu fiquei bem debilitada, mas com os remédios e o repouso fui melhorando, mas ainda não estou cem porcento. Terminei de comer e fui tirar a mesa, mas Sina me impediu.

-Pode deixar essa bagunça aí que eu e Noah arrumamos.- Ela falou em voz alta quando me viu recolhendo as coisas.

-Mas eu posso ajudar pelo menos um pouquinho é o minimo que posso fazer.- Ela balançou a cabeça negando.

-Não se preocupe com isso, vá ficar com Hope eu sei que ela também quer isso.- Disse sorrindo para mim.

-Tá bom eu vou...- Entreguei o prato que estava em minha mão para ela e sai da cozinha.

Hope estava com a cabeça deitada sobre meu peito ela não dormia apenas repousava ali tranquila. Passei pela sala e cumprimentei o restante do pessoal que estava espelhado pela casa, e segui para fora fui caminhando com Hope em meus braços até a praia. Um vento fresco soprava sobre meu rosto fazendo meus cabelos voarem de forma desordenada, eu senti o cheiro do mar e por alguns instantes parei no meio do caminho, fechei meus olhos e apreciei o momento, ao abri-los novamente observei a imensidão azul e suspirei. Caminhei para perto das palmeiras onde havia sombra e me sentei embaixo delas.

-Filha você também sente falta dele?- Comecei a conversar com minha pequena porque sei que ela não me julgaria.- Ele tratava você muito bem não é? Foi a relação mais próxima de um pai que você já teve.- Observei Hope forçar as perninhas ficando de pé e mexendo seus pés gordinhos sobre a areia macia.- Eu sinto falta dele, nunca pensei que estaria nessa situação, mas eu sinto, falta do seu cheiro, da sua voz, do seu toque, e principalmente me sinto incomodada por não saber como ele se sente ao meu respeito, eu confessei a ele meus sentimentos mas ele foi embora sem me dar uma resposta, queria ao menos saber que tudo o que vivemos não foi somente um passatempo, mas que foi verdadeiro que havia algum sentimento porque assim eu não vou me sentir tão culpada por ter me entregado a ele.- Coloquei para fora meus sentimentos porque somente pensar e pensar estava me torturando.

Hope olhou para mim com seus lindos olhos azuis e sorriu, ela não fazia idéia do que eu havia lhe dito e nem poderia me dar uma resposta para aliviar o meu sofriemento, mas ela me amava, não importava onde estivessemos ou como estivessemos ela me amava com sua pureza e inocência e aquilo me bastou, trouxe uma alegria inexplicavel para o meu coração.





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