Capítulo 1. A morte do Felix

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Suellen

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Suellen

Faz dois anos que eu sofri um acidente de carro. Eu não estava sozinha, o meu melhor amigo Felix Ramos estava comigo. Ele dirigia o carro bêbado e ao lado dele estava à namorada Victoria, bêbada. Eu também tinha bebido, mas não fiquei bêbada, não gosto muito de beber, só bebi um pouco, pois Felix insistiu. Eu me lembro de que no carro eu coloquei o cinto, eu estava no banco de trás. Victoria e Felix não estavam com os cintos, mas quem bateu no carro deles foi um caminhão, o motorista do caminhão também estava bêbado. Victoria e Felix morreram. Felix acabou saindo do carro pelo vidro da frente e morreu na hora. Victoria morreu um pouquinho depois. Foi o que me disseram. E eu sobrevivi. Fiquei por semanas internada, mas conseguir sobreviver. 

Meu papai diz que cada pessoa tem o dia e a hora certa pra morrer e que não tinha chegado a minha vez. A mãe do meu melhor amigo me culpa por deixá-lo beber, sendo que eu não mando nele. Eu não bebo muito e realmente às vezes conseguia convencê-lo a não beber. Mas estávamos em um show da nossa banda favorita, Felix queria encher a cara, estávamos nos divertindo. Erramos, mas não somos tão culpados, como meu papai diz todo mundo tem a hora de morrer, todos nós iremos morrer algum dia. A mãe do Felix também me culpa por ser a única a sobreviver, ela acha que todos deviam sobreviver ou todos deviam morrer.
Eu acabei entrando em uma grande tristeza, nunca imaginei que iria ficar sofrendo tanto. Mas eu não conseguia viver sem o Felix. Não conseguia dormir, não conseguia comer, não conseguia fazer as coisas que eu gostava de fazer, estava desanimada. Só conseguia ficar deitada, às vezes chorando, às vezes só lembrando os momentos que eu e Felix tivemos. Me sentia culpada pelo acidente, também por não estar ajudando o meu papai a fazer as coisas em casa. 

No começo meu papai pensou que eu estava doente. Eu e minha mãe pensamos que seria algo passageiro, alguma tristeza que não iria me deixar doente. Mas meu papai ficou mais preocupado. Depois de alguns meses com essa tristeza por causa da morte do meu melhor amigo, aos poucos meu pai foi me observando e achou que eu tinha que ir ao médico. Então ele me levou ao médico. Fui a vários profissionais que afirmaram que eu só precisava de um tempo, mas que já estava na hora de eu tentar ficar bem. Que eu não posso deixar a tristeza pra sempre em minha vida se não ela pode me prejudicar. Que aos poucos eu preciso tentar voltar com a minha vida normal. 
Minha mãe e outras pessoas da minha família também disseram isso, imaginaram que eu iria ficar bem.

Eu e o Felix nos conhecemos na rua perto de casa. Ele se mudou e então ficamos morando perto um do outro. Éramos melhores amigos por três anos. Algumas pessoas dizem que é pouco tempo e talvez seja, mas foram os melhores anos da minha vida. Fazíamos tudo juntos, eu confiava nele mais do que qualquer pessoa e ele também confiava em mim. Eu nunca vou parar de sentir a falta dele. 
Eu já conhecia Victoria, ela também morava perto da minha casa, então quando Felix se mudou, ele também a conheceu. Então quando eu percebi que eles gostaram um do outro, eu resolvi dá uma de cupido para eles ficarem juntos. Os pais de Victoria se mudaram depois que ela faleceu. Eu era mais próxima do Felix.
Então depois de três anos que eu e o Felix nos conhecemos, durante esses anos eu já conhecia a mãe dele e ele conhecia algumas pessoas da minha família. A maioria da família do Felix mora em outra cidade.

Afetadas pela dor Where stories live. Discover now