𝟎.𝟑

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Eu não consigo entender o que as pessoas estão dizendo

Quem e o que eu devo seguir

A cada passo que dou, a sombra cresce

Qual vai ser o lugar em que vou abrir meus olhos?

BTS \ On

BTS \ On

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"Milena Ferraz, 25 anos, desaparecida desde 28 de agosto, ligue para o número abaixo caso tenha a visto em algum lugar"

Mary estava parada em frente a um poste repleto de cartazes de avisos de desaparecimentos de garotas e mulheres, aguardando o sinal fechar para poder atravessar a rua em segurança para comprar a ração de seu gato ali perto e resolveu procurar alguém conhecido, já que desde que acordara sentiu falta de algumas amigas que não lhe mandaram nenhuma mensagem até então.

"Barbara Oliveira da Silva, 19 anos, desaparecida desde 10 de junho"

Seus olhos arregalaram ao avistar a foto de sua melhor amiga da escola, a garota deu um passo para trás se esbarrando levemente sobre uma senhora que seguia em direção a faixa de pedestre.

― Desculpe, senhora ‒ Mary olhou o sinal fechado e se apressou em atravessar a rua, como a casa da Bárbara não era longe dali, resolveu ter certeza do que tinha acontecido ― não pode ser verdade, não pode!

Apressando o passo, logo chegou a casa, estava tudo fechado, as cortinas cobriam as janelas da frente e dos quartos no andar de cima. Ela subiu os degraus quase tropeçando nos próprios pés e bateu na porta algumas vezes até ouvir o barulho de pés se arrastando do outro lado. Uma mulher de cabelos cacheados e longos abriu a porta enxugando as mãos em um pano de prato.

― Senhora Oliveira! ‒ disse Mary apertando as mãos ― a Bárbara está?

― Mary ‒ a mulher esboçou um pequeno sorriso e desviou o olhar para seus pés ― eu soube que tinha se recuperado do acidente, mal tive tempo de ir lhe visitar ‒ ela levantou os olhos para a garota e soltou um longo suspiro ― a Bárbara foi assassinada... Ela... Ela inventou de participar dessas greves e manifestações... eu disse a ela para não ir e...

Ela parou de falar quando sentiu seus lábios tremendo e seus olhos se encherem de lágrimas, cobriu o rosto com o pano de prato e se virou ao começar a chorar dizendo algumas palavras em português que Mary não entendia muito bem. A garota se aproximou lentamente e abraçou a mulher, mordeu o lábio e respirou fundo segurando sua vontade de chorar.

― Sinto muito, muito mesmo... Eu não tinha ideia que isso tinha acontecido ‒ sussurrou ela ― eu vi o cartaz e...

― Ela foi levada numa madrugada quando estava voltando do trabalho, estava trabalhando num bar lá no centro da cidade e... ‒ a mulher respirou fundo e deu espaço para que ela entrasse e se sentasse no sofá ― foram dias, semanas a procura dela.

𝑫𝑶𝑵'𝑻 𝑪𝑨𝑳𝑳 𝑴𝑬 𝑨𝑵𝑮𝑬𝑳 ━ Livro 2 │ HIATUSWhere stories live. Discover now