𝟎.𝟗

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Gravado em nossa memória, o mal que foi feito

Nossas mães, as bruxas, eles expulsaram e queimaram

Todas as nossas irmãs foram mortas e abusadas

Por homens que balançam as espadas e sempre acusam

― Milk of the sirens | Melanie Martinez

O dia mais aguardado havia chegado, a manhã de sábado estava radiante, mal parecia que aquela cidade presenciava coisas terríveis diariamente

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O dia mais aguardado havia chegado, a manhã de sábado estava radiante, mal parecia que aquela cidade presenciava coisas terríveis diariamente. Madeleine já havia saído para o trabalho e chegaria depois do almoço já que trabalharia apenas um turno no final de semana, Mary, sozinha em casa, se preparava mentalmente para sair de casa após dias com medo de pisar na calçada e encontrar aquele militar em sua rota. Ela pegou sua ecobag com desenhos de gatos e se olhou no espelho respirando fundo.

― É só ali no supermercado, Mary, não vai acontecer nada ‒ disse ela consigo mesma ― é só fazer a feira, voltar pra casa e voltar a pensar no date de hoje.

Guardando seu celular, documentos e seu fone de ouvido na bolsa, a garota saiu do quarto indo em direção à cozinha para verificar as tigelas de água e ração do Fígaro, verificou também se as janelas daquele comodo estavam bem trancadas. Ao terminar de olhar tudo por precaução, Mary saiu em direção à porta da sala, acariciou o felino que dormia esparramado no sofá e pegou as chaves antes de sair de vez da casa.

A garota cruzou a calçada olhando para os lados e foi até seu fusca amarelo estacionado, entrou colocando a bolsa no banco do lado e ligou o rádio torcendo para que tivesse passando alguma música boa naquele dia. Ao som da música Cry baby da banda The Neighbourhood ela dirigia calmamente entre as ruas até seu destino, o supermercado onde sempre fazia a feira do mês com sua mãe, o mais econômico da capital.

I know I'll fall in love with you, baby ‒ cantarolava ela enquanto estacionava o carro numa vaga ― é Jesse, mas vou deixar bem trancado dessa vez, não quero passar por aquele trauma de novo chamado relacionamento, pra que vou namorar sabendo que posso levar um tiro a qualquer momento?

Balançando a cabeça em negação, ela desligou o motor e respirou fundo mantendo as mãos no volante, resmungou algo para si mesma, pegou a bolsa e saiu rapidamente trancando a porta. Abaixando o óculos escuros sobre os olhos e colocando os fones de ouvido, ela caminhou até o estabelecimento, olhando pelo canto do olho os militares ali de plantão.

Mary pegou um carrinho de compras e entrou seguindo para o primeiro corredor da lista que sua mãe havia feito na noite anterior. Parou em frente aos pacotes de arroz, ela pegou a quantidade de sempre da mesma marca e analisou a data de validade como de costume antes de por no carrinho e seguir para o próximo item, macarrão. Ao parar em frente as caixas de massa, a garota ergueu os olhos para procurar a marca mais barata da lista enquanto cantarolava a letra da música que tocava nos fones.

𝑫𝑶𝑵'𝑻 𝑪𝑨𝑳𝑳 𝑴𝑬 𝑨𝑵𝑮𝑬𝑳 ━ Livro 2 │ HIATUSWhere stories live. Discover now