capítulo 01

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Josephine L.

Eu sei que o amor te deixa angustiado, então não irei falar sobre. Tudo que eu tenho a dizer é que obviamente o amor não é pra mim.

Mesmo tentando manter a pose de estar bem (o que, de fato, eu não estou), tenho que entender que preciso ser forte, para não permitir que o sofrimento me tome por completo ou me arraste para um nada.

Mas, uma coisa é certa. Se eu soubesse que o amor me rasgaria e me deixaria em pedaços... eu teria ficado bem longe de Hero Fiennes, o magnífico empresário de Los Angeles.

Washington, D.C.|

— Senhorita Langford?

— Sim? — Harry me faz voltar a realidade.

— Agora que já chegamos, onde a senhora quer ficar? Vou acompanhá-la até o lugar solicitado para depois voltar a Los Angeles.

— Pode seguir seu caminho de volta, eu sei me virar aqui.

— Sinto muito, recebi ordens específicas de deixá-la em algum lugar.

— Bem, aqui é um lugar.

— A senhora sabe como Hero é, a ordem dele não pode ser quebrada, conhece-o melhor que eu.

— Não, eu não o conheço. Porém ele sabe que quando eu coloco uma coisa na cabeça, não a tiro com facilidade — respiro fundo — Ele vai entender que não é culpa sua.

— Tudo bem, respeitarei sua decisão.

— Obrigada — sorrio — Por tudo afinal. Boa viagem de volta.

— É apenas o meu trabalho. Boa sorte com seu retorno — ele se vira para ir embora.

— Harry?

— Hm?

— Você que ficará responsável pela demissão de Jacob Elordi?

— Afirmativo, farei ela amanhã na parte da tarde.

— Quando fazê-la, pode perguntar se ele também... — engulo seco — Se ele também vai retornar a Washington?

— É... sim!

— Quando tiver a resposta me mande uma mensagem. Não irei trocar de numero e sei que se trocasse, você descobriria.

— Posso fazer isso.

— Obrigada! Se ele voltar, preciso me esconder melhor — penso alto demais.

— Desculpe? A senhora precisa se esconder de alguém aqui? Posso conseguir segurança e..

— Não, é apenas modo de falar.

— Qualquer coisa, você sabe onde me...

— Harry, seu patrão é outro.

— Claro. Ah, mesmo assim preciso que me diga onde ficará, para podemos enviar o carro.

— Não se preocupe, resolverei com Cole.

— Claro... então eu já vou indo. Avisarei a senhora sobre aquilo.

— Obrigada, adeus Harry.

— Se é que isso é um adeus.

— Como?

— Nada, até breve.

[...]

Até breve.

Como se existisse esse "breve" na minha história com Hero.

Desde a hora que Harry sumiu nesse aeroporto, me sentei tentando achar um rumo, e, agora, dentro de táxi... começo a agradecer por nunca ter dividido histórias sobre minha família com Hero, como explicaria que sou sozinha em Washington? Como explicaria que eu não tenho mais contato com meus pais, com a minha irmã? Resultado de tudo isso: não tenho lugar para ficar. Muitos se perguntam, e seu antigo apartamento? Você sempre conseguiu se manter.

Bem, aqui vai uma verdade: Spencer havia comprado aquele prédio, então passei a morar lá, não era nada muito luxuoso, nem sei o por que dele ter comprado, já que tudo na sua vida era luxo. Porém, ele comprou e aquilo era a minha casa.

Spencer. Cujo cara que eu não havia pensado durante todo esse tempo. Com essa minha volta para Washington, espero ficar o mais longe possível dele.

Onde você vai ficar Josephine?

Bom, o que não falta aqui são hotéis baratos e com o dinheiro que eu ganhei de Cole (depois de muito relutar), vou conseguir pagar algumas semanas até encontrar algum emprego. Essa vai ser a pior parte, não pelo trabalho e sim, porque nunca trabalhei em algo que possa ser considerado o bastante para um currículo. Havia começado com Spencer muito cedo, então sempre tive ele pra tudo, logo em seguida veio Hero e eu nem preciso falar nada.

Nunca fiz nada pra mim, nunca fiz algo por mim, nunca tive nada que pudesse chamar de meu. Porém, agora seria diferente! Vou atrás de emprego ainda essa semana e serei a dona da minha própria história. Estou em Washington, tudo ou nada pode acontecer, que surpresas me aguardam? Só vivendo para saber.

— Pode parar aqui.

O taxista para em frente ao Capitol Hill B&B by Found. Ele me diz o valor da corrida e eu o pago.

— Boa noite.

[...]

O apartamento não é tão grande, porém é perfeito para quem pretende morar sozinha e ainda tem café da manhã incluso, uma refeição a menos para me preocupar.

— Seremos eu e você por uns bons dias — digo olhando em volta do quarto.

Começo a desarrumar a mala e logo vejo um porta-retrato com uma foto minha e de Cole — sorrio — Não sei em que momento ele colocou e, não sei como não quebrou na viagem.

— Que saudades de você — abraço forte a foto e a coloco na cabeceira.

Cole. Meu primeiro amigo dentro daquela casa, vou sentir falta de tudo aquilo. Sei que deveria ligar, avisando que cheguei e tranquilizando o coração dele, porém preciso de um tempo só para mim.

Minha vida estava toda certa e de repente, tudo virou de cabeça para baixo. E o que eu preciso agora, é de um bom banho.

Los Angeles|

Chuck B.

Eu e Blair permanecemos na sala desde que Josephine se foi. Cole não aguentou muito a pressão e saiu de casa um pouco. Ah, o pequeno Hero?

— Ô, de novo — Blair aponta lá pra cima.

O pequeno Hero subiu e não para de quebrar as coisas do seu quarto, sei que deveria estar lá pra ele, só que eu também sei que não adiantaria nada agora.

— Acha que ele vai ficar bem? — Blair pergunta enquanto eu a puxo para os meus ombros.

— Tudo tem seu tempo. Ele só está frustrado de perder mais uma pessoa que amava.

— Como será que ela está? Quem ela tinha em Washington?

— A gente não sabe de nada da vida dela, só o básico. Mas ela é esperta, vai saber se virar.

— Vou esperar a poeira baixar e irei visitá-la.

— Eu sei que vai — beijo seus lábios.

— Acho que podemos ir deitar agora, não? — ela pisca pra mim e eu arqueio minha sobrancelha — Eu tô brincando, respeito o luto que essa casa ficou.

Escutamos mais coisas sendo quebradas.

— Ele vai destruir o quarto todo?

— Deixa ele, vamos subir?

— Sim... — Blair diz e eu pego na sua mão.

Hero F.

Sentado no chão do meu quarto, vejo tudo quebrado enquanto minhas lágrimas não param de rolar.

Josephine Langford, você desapareceu. Como todo o resto. Sei que a culpa é minha e sinto-me perdido.

Sempre achei que devia ter aproveitado mais ela aqui, não é como se ela tivesse morrido, mas, pra mim, ela morreu. Você sempre acha que tem tempo sobrando, até vê a pessoa que você mais amava na vida, indo embora com uma mala.

— Eu te amo, Josephine Langford.

"Você sabe que realmente amou alguém quando não a odeia por quebrar seu coração. Eu não odeio você."

Contrato: O jogo Where stories live. Discover now