i found u.

521 73 23
                                    

    NOAH.

    Eu não tinha mais noção de quanto tempo eu tinha passado dentro daquele lugar. Nada mais doía. A dor tinha ido embora, e eu não sabia se isso era algo bom ou ruim, minha humidade tinha ido embora, ou pelo menos o resto que ainda tinha em mim, minhas esperanças? Aha! me sinto um fracassado. Eu sou um completo idiota. Sabem quando dizem que a esperança é a última que morre? A minha foi a primeira. Mesmo que ela tenha durado bastante tempo, ela foi embora, me deixou. Assim como todas as pessoas do lado de fora.

   Mas não, não era verdade. Porque uma luz brilhou, e quase cegou os meus olhos, porque era forte, brilhante, e eu caí. Em um lugar sólido e rígido, batendo meu corpo no lugar que parecia ser o chão. E talvez fosse. Ou talvez minha mente pregando peças novamente.

  JOSH.

     Nos últimos dois dias, Drake, bom, meu pai... eu ainda não me acostumei com isso. Drake, Spencer e Heyoon me ajudaram a encontrar alguma forma de tirar o Noah lá de dentro. Me explicaram cada palavra dessa história confusa e conturbada, me deixando ainda mais confuso e minha mente ainda mais conturbada, mas eu não tive a oportunidade de dizer que o amava de volta. 

   Então não importava, faríamos tudo para tirar ele de lá. Foram as quarenta e oito horas mais longas da minha vida. Nunca tinha uma saída. Não colocariamos outra pesso... outro demônio lá dentro. Minha humidade ainda estava aqui. E talvez eu tivesse tentando provar para Spencer, e até Noah que eu nunca séria igual Drake. Que mesmo com tudo, Mackenzie, céu, tortura, demônios, eu ainda era o Josh. Aquele Josh que gosta de tomar chá e sente muito frio, o Josh que gosta de dançar e faz isso por ser uma paixão, o Josh que queria muito ter um gatinho mas nunca teve uma casa de verdade para poder criar um animalzinho. E talvez eu também estivesse tentando mostrar para mim mesmo que eu ainda era humano.

   E depois daquelas malditas horas, conseguimos uma saída. Tinha um risco, tínhamos o risco de prender ele para sempre dentro daquele lugar atormentado. Mas era a nossa única saída. Destrui-lo. Eu e Drake tínhamos o poder suficiente para aquilo, mesmo que eu tivesse que liberar o meu lado demoníaco para conseguir. Eu ainda era o Joshua.

NOAH.

    Não podia acreditar quando do chão, eu estava nos braços de Josh. Ele me olhava; e agora tinha chifres, e seus olhos estavam vermelhos como o fogo ardente. Mas logo se suavizaram, voltaram a ser de um doce tom de azul, e o azul com verde se encontrou, um mar de emoções tomou conta de meu corpo porque agora ele tinha asas. E que asas enormes. Mas apesar de tudo, o seu sorriso ainda era o mesmo. Puro demais para estar num lugar como esse.

     — Você me salvou. — Os meus olhos se encheram de lágrimas. Todas as caixas vazias de emoções foram se preenchendo quando os lábios dele se encontraram com o meu. Em um beijo terno, sem pressa, sem perder o fôlego porque não precisávamos de fôlego. Sem perder o contato, apenas o toque de seus lábios macios junto com os meus, enquanto eu tentava o máximo tocar em sua pele gélida. Resmunguei baixinho quando ele se separou dos meus lábios, mas não completei a frase pois seus olhos estavam vidrados nos meus novamente.

    — Eu encontrei você. — Ele sussurrou, tão perto, podia sentir seu hálito quente batendo em meu rosto. Eu estava no paraíso. Eu tinha sido mesmo condenado ao inferno? Pois se isso é o inferno, eu estou na melhor parte dele. Na melhor mesmo.

  JOSH.

 

  Nunca pensei que estaria feliz de beijar um garoto. Nunca pensei que estaria no inferno também. Com poderes, chifres e asas bizarras. Eu soube naquele momento que eu não era um monstro. Ou talvez eu fosse. Mas nem todos os monstros tem que fazer coisas monstruosas. E nem todos que nasceram com o dom da maldade necessariamente precisam ser maus. Às vezes as pessoas são compreendidas de forma errada.

    — O que vamos fazer agora? — Perguntou Heyoon, praticamente cortando o clima que estava entre mim e Noah. Mas não me importei. Tínhamos a eternidade para fazermos o que quisermos. Nos amar, nos odiar, nos amar na cama, nos odiar na cama, nos amar em um encontro. Nos amar em muitos sentidos.

    — Acho que estamos precisando de um drink. — Spencer sugere. Eu não entendia muito bem o que Spencer era pra mim, mas eu sentia um carinho muito grande por ela, e eu sabia que ela me amava como um filho e se fosse necessário daria a vida por mim, então, sou grato à ela e a tudo que ela fez. Mesmo que toda a história ainda me deixe com um pouco de dor de cabeça e náusea.

   — Podem ir na frente. Eu preciso... colocar as coisas no lugar. Sabe, minha cabeça tá uma bagunça. Passei no mínimo cinco anos ali dentro. — Noah se levantou, colocou a mão na testa e fez uma careta. Fiz tudo aquilo desaparecer de mim, chifres, asas e aquela roupinha ridícula.

   — Posso ficar com você. — me ofereci, e ele sorriu fazendo que sim com a cabeça. E então ele saiu, e antes que eu pudesse segui-lo, Drake me puxou pelo braço.

   — Tenho orgulho de você, garoto. — Ele falou, parecia sincero. Mas eu não sabia se podia confiar mesmo nele. — Sei que nunca vai me perdoar, por muitas coisas. Sei que... não quer ser igual à mim, e sei que você pode governar esse lugar melhor do que eu.

   Ele fechou as asas, e colocou as mãos para frente, os guardas os prenderam, e meus olhos se arregalaram. Eu esperava qualquer coisa. Qualquer coisa. Menos isso.

    — É seu por direito, filho. Seja o príncipe do inferno. Não seja um príncipe cruel igual à mim. Seja melhor. Seja superior. — E então ele sumiu, como uma mágica. Me assustei, eu demoraria demais para me acostumar com aquilo. Precisava processar o que tinha acabado de acontecer.

   Drake estava certo, e eu me senti orgulhoso dele por ele se entregar e admitir seus erros. E acho que deveria comemorar que sou o herdeiro do trono do inferno com o meu companheiro. E ficarmos trancados por algumas décadas.

devilish - NJ. Where stories live. Discover now