40-"Areia Movediça"

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Acordo sentindo o pequeno corpo de Isabelle acolhido por meus braços, que o rodeavam

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Acordo sentindo o pequeno corpo de Isabelle acolhido por meus braços, que o rodeavam. Sua cabeça se encontra no vão do meu pescoço, seus cabelos cobrem suas costas nuas e seu corpo se encaixa perfeitamente em cima do meu. Como pode uma pessoa desse tamanho me tomar desse jeito? Eu que nunca me prendia a nada, nem a ninguém, me via agora trocando qualquer coisa para tê-la por perto.

E agora... Ela carrega um fruto meu em seu ventre. Quando que eu iria imaginar isso, eu nunca sequer cogitei a possibilidade de um dia ter filhos, nunca. Nunca gostei da ideia de ter uma parte de mim por ai. Mas tudo quando é com ela não me parece tão mal assim.

O que está acontecendo comigo?

Eu nunca me apaixonei, nunca amei alguém, então eu não sei dizer se o que eu sinto por Isabelle é amor. Ou quem sabe, seja a sensação de viver algo novo. Não sei dizer.

E não, eu não sou narcisista. Eu já pesquisei.

Sinto Isabelle começar a se mover aos poucos. Ela estava despertando.

E pelo jeito, não só ela.

— James...? — Sussurra sonolenta.

— Bom dia. — Acaricio seus cabelos.

Ela apoia seus braços em meu peito para me encarar, com seus olhos brilhantes e dá um pequeno sorriso.

— Como você é pervertido, eu mal acordei. — Diz, se referindo ao meu amigo lá embaixo.

— Parece que estamos todos acordados agora. — Sorrio, enquanto minha mão passea pelo seu corpo.

— Nem pense nisso. — Se livrando das minhas mãos, ela se levanta, indo em direção ao banheiro. Me dando uma bela vista do seu corpo bem desenhado.

•••

— Então, eu estava pensando, o que acha de sairmos hoje, ir ao shopping. — Comento enquanto comemos.

— Shopping?

— Sim, você está grávida, então, temos que começar a comprar essas coisas aí de bebê e tal, não faço a menor ideia do que se precisa, mas na dúvida, compramos um pouco de tudo.

— James, calma. — Sorri. — Nem sabemos ainda o sexo do bebê e você já quer comprar tudo.

— Mas é claro. Pedirei para esvaziar o outro quarto de hóspedes para montar o quarto do bebê também, e... — Paro de falar quando percebo o olhar de Isabelle em mim. — O que foi?

— Nada... Só que, estou te achando engraçado assim, todo preocupado. Não sabia que era tão ansioso.

Nem eu sabia que eu era tão ansioso! Então é isso que é ser ansioso? Sentir sensação de desmaio sempre que se lembra que algo está prestes a acontecer? Ter medo do futuro? Insegurança de como vai ser? Do que fazer? De como fazer?

Porque é isso o que eu sinto no momento em relação à essa criança que sequer nasceu ainda.

Eu nunca me senti tão inseguro em toda a minha vida. É como se ela carregasse uma bomba relógio na barriga, que ao nascer, explodirá no momento em que eu pegar em meus braços. Essa era a maldita sensação que eu sentia, desde o momento que aquele médico nos deu o resultado do exame.

— Só estou dizendo que, já que teremos um filho, que esteja tudo pronto até ele chegar.

— Tudo bem, temos uns seis meses ainda para isso.

— Espera aí, grávidas podem...?

— Podem o que? — Me olhando confusa, ela pergunta.

— Caramba... Deixa pra lá.

— Você está bem?

— Se eu estou bem? Estou ótimo! — Respondo, esboçando um sorriso exagerado no rosto. Foi o melhor que eu consegui fazer.

— Sei que está mentindo...

— Sério, não se preocupe comigo, eu estou bem.

— Desde quando parou de ser sincero comigo?

Como ela reagiria se eu dissesse que achava que havia uma bomba relógio em sua barriga?

— Tudo bem. — Respiro fundo. — Eu só não sei o que fazer, me sinto em uma grande areia movediça. Desculpa, eu só não quero falar algo que possa acabar te magoando.

— E você acha que eu não sinto nada? Que eu pulei de alegria quando soube? James, eu fui pega de surpresa tanto quanto você. Eu também me sinto nessa maldita areia movediça, então acredite, me esconder o que realmente pensa não facilitará nada pra mim. — Dito isso, se levanta.

Me sinto um impotente agora. As palavras simplesmente não saem da minha boca, sempre que quero dizer para ela que está tudo bem, ou que ficará tudo bem, porque eu não sei se ficará mesmo.

Então, só vejo ela sair, enquanto eu sou engolido pela maldita areia.

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