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Arrastei os pés pelo corredor enquanto me apoiava em Itadori e tentava esquecer o fato de que minha cabeça estava me comendo por dentro. Não deveria ter exagerado na bebida, e se querem saber minha opinião, ninguém deveria beber até vomitar. Só trazia dor. E atrasos escolares.

O soar do sinal ainda ressoava em meus ouvidos e o meu amigo resmungando não ajudava em nada na minha melhora.

Grunhindo, cerrei os olhos tentando me concentrar em forçar as pernas.

– Itadori, para de reclamar no meu ouvido – me soltei de seu abraço e tentei andar sozinha por alguns micro segundos – não vou melhorar e você está atrasado. Vai pra sua aula que eu me viro.

Mesmo sendo nova na universidade eu já sabia que o prédio de gastronomia ficava do outro do campus, o que significava que Yuuji chegaria em sala o dobro de tempo em que eu me atrasaria. E eu já estava atrasada pra caralho.

– Relaxa, só tô irritado porque te avisei, mas não vou te largar.

Suspirei, olhando-o me puxar para perto de novo. Odiava ser um peso para ele, e sabia que embora suas palavras falassem algo, seu coração que amava estudar dizia outra coisa.

– Me leva até a escada e eu vou sozinha. Isso é uma ordem, anda.

– Puta mulher cabeça dura hein. Aonde eu fui arranjar os amigos!

– Para de reclamar, cabeça oca. Você sabe que o Junpei deve estar te esperando, e o Todo só relaxa na aula de educação física quando você aparece pra dar um abraço. Vai logo, eu consigo sozinha

Ele pareceu cogitar umas coisas, não que eu estivesse realmente interessada em saber no que ele pensava. Por fim, acabou me pegando no colo e correu até a escada, não me dando nem tempo de reclamar antes de voar para o outro lado.

Ri sozinha, pensando que ele realmente amava aquele curso.

O problema maior era que eu não tinha forças para subir nada. Sempre fui boa na mentira mas nunca na batalha. Podem me taxar de manipuladora mas pelo menos era um ponto forte.

Olhei para os degraus, esperando um milagre recair sobre mim.

Só não esperava que ele realmente viesse, em forma de uma mulher com jaleco branco.

A garota descia as escadas como se fosse dona do prédio, e talvez realmente fosse.

Eu apenas a olhei, deslumbrada por sua beleza e apreciando o jeito como seu cabelo verde parecia saber que aquelas duas mexas precisavam ficar de fora do rabo-de-cavalo.

Ela me notou em uma batida de coração, e só percebi que falava comigo quando abriu a boca.

– Você está passando mal? – foi o que a menina me perguntou, descendo as escadas com rapidez agora.

– Ah... – minha voz foi pra puta que pariu quando ela se inclinou sobre meu rosto e puxou um dos meus olhos para baixo, parecendo me examinar – É só ressaca, não precisa se preocupar...

A mão quente em contato com a pele fina de meu rosto estava me dando arrepios, e por um momento fiquei desconcertada.

– Mas você consegue subir a escada? Quer ir à enfermaria? Comer algo?

Sinceramente acho que ela estava tentando me ajudar, mas não perderia a chance por nada nessa vida e por isso abro a boca para falar.

– Não consigo subir a escada, mas não quero ir até a enfermaria. Sim eu aceito jantar com você, se é o que me pergunta.

A expressão dela muda tão rápido que nem sei acompanhar. Em um momento o seu rosto estava sério, concentrado, e agora um sorriso ladino se abria, dando a entender que estava relaxada.

– Pra alguém com ressaca sua língua é bem afiada. Anda, vem que eu te levo pra beber água.

Não respondi, e acho que nem teria chance pois quando tentei já estava sendo puxada no chão por braços fortes que me carregavam como se não pesasse nada.

Ótimo! Sou carregada por duas pessoas no mesmo dia e nenhuma delas foi pra sair da igreja num vestido de noiva.

Até pensei em refutar a menina, pedir para me pôr no chão ou pelo menos parar de me carregar totalmente. Só que... Ela não parecia fazer esforço para me levantar, e eu não queria realmente sair de seu abraço, por isso apenas me aninhei mais ao seu pescoço, sentido a cadência de seus passos aumentarem à medida que chegávamos mais perto da cantina.

E lá se foi minha ideia de pelo menos ver as últimas aulas do dia. Nem era o meio do semestre e eu já estava faltando. Pelo menos o imprevisto era bom o suficiente para que eu parasse de pensar sobre toda a matéria que teria que copiar.

Quando a garota me coloca no banco sentada, percebo que ao menos sei onde estou no campus, o que me incomoda pouco já que era de se esperar não saber quase nada do lugar onde estudo.

Suspiro, tirando a carteira do bolso pronta para entregar um cartão para a de cabelos verdes. Sabe, eu odeio dinheiro vivo. Muito mais fácil de perder, muito mais difícil de recuperar.

Assim que puxo o pedaço de plástico, a mão da menina segura meu pulso e ela me olha fundo com seus olhos amarelados brilhando no sol.

– Eu pago.

Era isso, eu tinha me apaixonado ali mesmo. Ou teria se não estivesse com dor de cabeça demais para processar o que estava acontecendo.

Ela andou até uma máquina e pagou a minha água, e enquanto voltava até mim puxou uma cartela de remédio do bolso do jaleco.

– Sabe, – começou enquanto se aproximava – eu não deveria ter remédios. Isso faz parte da farmacêutica, não da medicina, mas na real muita gente passa mal por esses corredores e nunca ninguém da farmácia tem remédio, ai eu criei o hábito. Mas devo admitir que normalmente eu não pego as pessoas no colo, me desculpe.

Pisquei um pouco, balançando a cabeça conforme a estudante de medicina se desculpava.

– Não precisa se desculpar, obrigada por me ajudar, sério.

Abro a garrafinha enquanto ela destaca um remédio da cartela, me dando na mão.

– Você não é muito de falar, não é? – a estudante me pergunta.

– Só quando estou sem ressaca.

Consegui arrancar uma risada com isso.

Ficamos lá por apenas alguns minutos e eu já me sentia um pouco melhor, por isso quando me levantei e tentei dar um 360 só para ver se cairia ou não no chão, consegui não ficar surpresa ao ver que minha tontura havia passado.

– Ah, já estou melhor! Obrigada pela ajuda...?

– Quase esqueci! Meu nome é Maki, Maki Zenin.

Repeti o nome mentalmente, e quando ela foi para o próprio prédio o repeti em voz alta.

Soava bem em meus lábios, Maki.

Sorri um pouco ao pensar nisso e acabei pensando que sinceramente a faculdade havia acabado de se tornar muito mais interessante.

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oii, não sei se vcs gostam de comentários da autora mas esse aqui vai ser bem rapidinho mesmo.

o capítulo foi curto porquê eu quis fazer só uma "introdução" de personagem, deixar claro mais ou menos. Não to falando que não vai ter mais ninguém ok mas pelo menos a Nobara e a Maki vocês já sabem como vão ser.

essa é minha primeira fanfic, espero que gostem!

(vo tenta att toda semana juro)

University • nobamaki Où les histoires vivent. Découvrez maintenant