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Yuuji não soube receber a notícia de que conversei com Maki. Ou melhor, saber ele soube, mas ficou uma meia hora me falando de como eu fiquei gripada por conta dessa (nas palavras dele) "mediciner inimiga da oms". Eu aceitei sem reclamar, sabendo que no fundinho ele tinha razão.

A questão era que a Zenin me deixava visivelmente bem, eu ficava mais feliz e mais "brilhante", e Ita amava me ver dessa forma. Por isso ele desistiu de me dar sermão.

Sukuna foi mais fácil, apenas um aviso para não o procurar se ela me machucasse de novo - coisa que obviamente eu ignorei já que ele com certeza me ajudaria se eu estivesse triste.

Mahito me chamou de corna mansa. Bati nela por isso mas a mesma continuou rindo. Bem, isso até eu falar que pelo menos a Maki me assumia.

Ainda assim, tudo estava indo bem.

A esverdeada me ligava todo dia, o que criou uma rotina de conversação onde desabafávamos sobre muitas coisas, especialmente relacionamentos e família. Comecei a sentir que estávamos mais próximas depois disso, o que me deixou confortável e triste pois se tivéssemos começado com isso a mais tempo nada teria nos separado. Ainda assim foi um avanço que eu adorei.

Tudo estava bom. Bom demais.

De qualquer maneira, isso tudo aconteceu tão rápido que logo voltei a minha rotina de ir toda hora para a casa dos gêmeos capetas - com exceção dos dias onde tive encontros.

Foi isso que me deixou numa situação meio constrangedora, quando Itadori resolveu fazer uma "festinha" na casa de Nanami.

Assim, quando falam de festinha normalmente se pensa em algo pequeno ou até uma reuniãozinha amigável. Para os gêmeos uma festinha significava lotar a porra daquela mini mansão até não caber chão livre.

Por isso eu estava na grama do campus, sentada entre Maki que terminava sua lição de casa - a que obviamente ela estava adiantando  - e Itadori que tentava achar gente de tudo quanto era canto para enfiar em sua casa.

– Assim, – comecei a falar, chamando atenção do rosado – sua casa vai explodir. Você sabe, né?

Maki esboçou um risinho e Yuuji encarou novamente sua lista de convidados.

– Cento e cinquenta pessoas não é muita gente...

– Se formos as botar num galpão de cinco quilômetros então talvez não. Mas sua casa? É como tentar enfiar um cabo de computador em um celular.

Ele revirou os olhos para mim e a mais velha mordeu a tampa da caneta, começando a prestar atenção na gente.

– Mas tem muita gente que preciso chamar, Nobs! Tem o pessoal da gastronomia, da educação física, o Junpei, os que-

– Pera lá! – o cortei imediatamente – Junpei?! Vocês se falam? Não me vem meter o guri numa festa se o clima vai ficar pesado hein.

Maki nesse ponto já havia desistido de fingir não querer saber do nosso draminha e simplesmente passou os olhos de um para o outro, esperando uma resposta de quem quer que fosse.

– Eu... Nós nos acertamos, digamos assim. Ele está de boas comigo, ok?

– Megumi não vai achar estranho também?

– Não. Eu acho, pelo menos. Nós não falamos muito sobre relacionamentos passados e eu e Junpei nem chegamos a ser algo. E eu e Megumi só estamos ficando sério, larga de ser besta apressada.

Levantei os braços e disse:

– Ok, só estava perguntando, fica tranquilo. Mas entao voce e Junpei se falam, hein? Um bom avanço né.

– Hm, pois é... Ele veio falar comigo quando você tava doente e me perguntou se você tava bem e tal.

Joguei meu cabelo invisível para trás, o que fez minha parceira rir, e levantei o queixo.

– Nobara, salvadora da pátria, rainha dos relacionamentos quase-acabados. Vocês deveriam se curvar perante mim! – disse cruzando os braços.

– Você praticamente destruiu o nosso – lembrou Maki.

– A culpa não foi só minha não, você também leva uma porcentagem! – reclamei e vi Itadori ao mesmo tempo rir e revirar os olhos novamente.

– Ei, vocês duas precisam relaxar. Botem a culpa na Momo, pra que uma na outra.

Inclinei a cabeça fingindo pensar.

– Ele tem razão. A culpa é dela.

– Verdade – complementou Maki – agora todos os meus problemas são culpa dela.

– Esse é o espírito! – diz Yuuji.

Quando ele ia tentar voltar ao assunto dos convidados e o pouco espaço para os acomodar (e o pouco tempo para arrumar uma casa para receber tanta gente), o sinal tocou, fazendo com que ele grunhisse e Maki escondesse um sorrisinho.

– Continuamos mais tarde, Ita. É o sinal do meio-dia, tenho que voltar – falei enquanto arrumava minhas coisas e levantava do espaço.

Ele assentiu e Maki falou que iria me levar até as escadas.

O campus tinha essa regra de bater um sinal em horários específicos para ninguém se perder com um relógio atrasado. E também evitava que matem aulas "sem querer" (confesso que nunca entendi como alguém mata aula sem querer, mas se funciona então está valendo).

De qualquer jeito, a Zenin me levou até meu prédio, onde ela olhou as escadarias e suspirou levemente.

– Onde tudo começou... Sabe, naquele dia eu me senti extremamente sortuda por você estar passando mal – ela diz, parecendo orgulhosa.

– Ah, é mesmo? Talvez você só quisesse uma desculpa para falar comigo, não é?

Maki me puxa pela cintura e sorri de lado, me dando calafrios que havia esquecido que são frequentes quando estou ao lado dela.

– Talvez eu quisesse – ela aproxima sua respiração de meu ouvido, sussurrando ali – Há algum problema em te querer?

Respiro fundo e toco seus ombros, a segurando para me manter em pé enquanto ela se curvava sobre mim.

– Nenhum... Só é meio irônico, já que você me fez te implorar por um número de celular.

– Ah, eu sou difícil.

– É, tô vendo – ela ri e afasta a cabeça de mim, mas ainda me segurando – E a minha aula? Preciso ir, sabia?

– Só um minutinho – ela disse, enquanto se aproximava de mim novamente.

Maki depositou um beijinho no meu nariz e um longo selinho em meus lábios antes que eu a afastasse. Era capaz de eu derreter e ceder em seus braços se ela não me soltasse naquele momento.

– Ainda não estamos namorando! – a lembrei.

– Sim, senhora! – ela rebate rapidamente.

– Calma, lembra!

– Claro, senhora!

Eu ri, subindo as escadas com o peso de seu olhar em minhas costas.

Estar com Maki me fazia feliz, especialmente quando ela conseguia me fazer rir tão facilmente.

Queria que esse sentimento nunca acabasse.

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