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Eu gosto muito de chuvas.

Tempos chuvosos e nublados na verdade não me favorecem, mas a chuva em si é bem tranquilizadora. Não tão revigorante quanto um dia ensolarado de compras mas me relaxam o suficiente.

Gosto de ficar no sofá, vendo filmes quando chove. Não parece muito produtivo mas sinceramente me faz mais bem do que passar horas estudando quando minha mente implora por uma soneca. Não que eu estude de qualquer forma.

No momento, a chuva não combinava com a menina que descobri se chamar Momo.

Deixava suas roupas alegres deslocadas. As maria-chiquinhas infantis. Não combinava. Ela parecia ridícula.

Talvez eu tivesse prestado atenção demais em suas roupas. Ela mexia os lábios devagar, formando frases que na realidade tinham um sentido complexo, mas que não entravam na minha cabeça.

Maki... Maki era um nome frequente na boca daquela menina. Ela falava sobre minha namorada com tanta raiva...

Em certo ponto, eu cansei de julgar suas roupas, seu cabelo, a irritante voz que soava em meus ouvidos como um rato fazendo barulhinhos. A olhei bem. Tentei transparecer que não queria ouvir porra alguma sobre a menina que estava junto comigo apenas com aquele olhar.

Formei uma frase em minha cabeça. Acho que eu ia falar "Não sei o que te faz pensar que eu ligo", algo do tipo. Mas ai tudo foi por água abaixo quando ela falou, e eu mandei Mai e seus conselhos se fuderem.

– Você não quer mesmo saber o que eu estava fazendo com Maki naquela foto? – ela soou como se estivesse debochando. Eu não aguentava mais ouvir aquela vozinha escrota.

Quando aquilo saiu de sua garganta eu me alertei, muitas coisas fizeram sentido. Então era ela. Por isso Mai sabia que ela viria, por isso a mesma me mandou a foto. Ela sabia que isso iria acontecer. Que porra estava acontecendo?

– E o que você estava fazendo? – proferi torcendo que em meu rosto não desse para ver meu esforço por tentar me manter calma em uma situação daquelas.

– Tentando cortar relações. Como eu disse, não deu muito certo.

– Hm? Relações de quê?

Revirando os olhos, a menina trocou o peso de perna e me deu uma encarada forte.

– Você não ouviu nada, não é? Eu deveria esperar isso. Nenhum ficante da Maki nunca me escuta!

– Ai, tinker bell, pode parar com esse blá blá blá e falar logo que porra você quer?

– Eu já disse! Eu namorei a Maki, ela não sai mais do meu pé e eu acho que ela vai te magoar também! Só tô tentando te alertar, não precisa me ofender.

Meu sangue não parecia circular direito. Talvez ele tivesse coagulado nas minhas veias. Minha namorada saberia me dizer o que estava acontecendo. Minha namorada... A mesma que não sai do pé de Momo? A que era o tópico da conversa? Ah... Maki Zenin. Ela. A mesma. Tudo é sobre ela. As coisas nunca são sobre mim.

– Ah... Desenvolve isso, ok?

Eu já desenvolvi... – ela resmungou – Olha, Maki e eu namorávamos a um tempo atrás. Ela não superou, acho, e começou a brincar com outras pessoas. Mas, ela ainda falava comigo. Ela sempre volta pra mim. Desculpa te falar, mas a gente fica. Normalmente é o mínimo, apenas para ela sair do meu pé e eu conseguir dar um fora nela pela noite. Eu não quero mais me envolver nisso nem envolver outras pessoas, então eu queria te alertar antes que ficasse sério demais, assim você não se machucaria... – focando o olhar em minha pulseira, ela terminou de falar – Pelo visto cheguei tarde, não?

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