Capítulo 37

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John

Enquanto dirigia em direção a casa do meu pai, a Mel falava e falava, sem intervalo, apesar de responder com respostas curtas, a minha mente tentava entender o que poderia perturbar Julie.

Algo a atormentava e eu sabia disso.

Estava disposto a tentar descobrir, mas também não desejava pressiona-la.

A minha irmã pediu que eu ficasse com ela mais um pouco e assim fiz.

Ela tomou um banho demorado e depois de um tempo de conversa e risadas, a levei para o quarto.

— A Julie é tão legal, que bom que ela é sua namorada. — Ri. — Nunca mais vi Hanna, vocês não são mais amigos? — Hora ou outra ela perguntaria.

Ela não sabia quem era a verdadeira Hanna e gostava dela.

Suspirei.

— Ela gostava muito de mim. — Comecei. — Mas eu só a via como amiga, ela não gosta da Julie e não aceita que eu namore com ela.

— Então vocês brigaram? — Assenti. — Que pena.

— É uma pena mesmo. — Acariciei seu cabelo. — Mas agora você precisa dormir. — Me deu um beijo no rosto e se deitou.

— Boa noite, John.

Enquanto voltava para o meu apartamento o meu celular tocou e o nome da minha tia piscou na tela, atendi imediatamente, sentindo o coração apertar.

Me vi mudando de direção, sem prestar muita atenção no que fazia, dirigi no automático, com certeza de que seria multado por excesso de velocidade, mas pouco me importava, não sei se estava estacionado de forma correta ou não, só sei que corri até a recepção, a minha tia estava com o rosto inchado, me olhou com um olhar penoso que feriu a minha alma, sussurrou um "eu sinto muito" e tudo perdeu o sentido ali.

Todas as lembranças da minha mãe passaram como um filme na minha mente, de maneira acelerada, porém, clara.

Senti o mundo cair de uma só vez sobre mim, um grito estava preso em minha garganta, um desespero tomou conta de mim.

A minha mãe tinha ido, para nunca mais voltar.

Eu sabia que aquele momento estava mais perto do que eu esperava, mas nunca estaria preparado para ele.

Julie chegou cerca de uma hora depois, Tyler a contou, ainda não havia descido uma lagrima se quer, perdi o movimento do corpo e não sabia que expressão tomava o meu rosto.

Ela com o olhar triste, se sentou ao meu lado e me abraçou, só naquele momento desabei, em um choro desesperado.

O meu pai mandou que fechassem o bar pelo resto da semana.

Melanie precisou de remédios para se acalmar, após receber a notícia.

Tudo virou um verdadeiro caos.

— Ah, Julie. — Apertei os olhos. — Por mais que eu queira, não consigo aceitar isso. — Ela acariciou a minha mão. — Uma mulher tão boa, justa, ela nunca merecia esse fim, ninguém merece.

— Sinto tanto, meu amor. — Me abraçou.

Ela passou a noite em meu apartamento, a Mel também, Dália foi conosco para tomar conta dela, acho que o último lugar que eu e a minha irmã queríamos ficar era na casa onde tudo a lembrava, tanto os momentos bons, como os ruins.

— Obrigado por ficar comigo. — Agradeci em meio ao abraço aconchegante que ela me deu.

— Vou estar sempre aqui. — Me soltou e beijou o meu rosto.

Deitamos juntos, na verdade eu sugeri isso, ela estava cansada, mas sabia que não iria me deixar ali sozinho, inventei que tentaria dormir, simulei ter caído no sono e em pouco tempo sua respiração pesou em meu peito.

Foi a noite mais longa e dolorida de toda a minha vida.

***

A minha irmã estava encostada em meu peito, soluçava sem parar, Julie se sentou ao seu lado acariciando seu cabelo. A igreja aos poucos ia enchendo, as pessoas viam até nós, nos falavam o de sempre, nos olhavam com um olhar triste e penoso, uma a uma, aquilo já estava me cansando.

Aquela manhã de terça foi a pior de toda a minha vida.

Meu pai apenas se preocupou em acalentar a minha irmã, no momento em que se deu conta de que as câmeras estariam ali, registrando aquele momento. Até um abraço recebi, quando a minha maior vontade era ficar o mais longe possível dele.

Ele permitiu que ela ficasse comigo, na verdade, foi mais porque ela implorou.

Julie sorriu fraco para mim.

— Acredito que queira ficar um pouco sozinho com ela.

— Cansou de mim? — Perguntei pegando em suas mãos.

— Claro que não, mas ela precisa de você agora mais do que nunca. — Assenti. — Posso ir mais tarde se quiser.

— Quero sim, meu amor, preciso de você. — Ela se aproximou e beijou meu rosto.

— Até mais tarde então. — Assenti.

Mel estava abraçada com Dália, não muito distante de nós, Julie caminhou até ela, a minha irmã a abraçou e logo depois Julie beijou seu rosto e se despediu de Dália.

Deixei que Dália fosse para casa e descansasse, afinal de contas ela também sentiu a perda de minha mãe.

Depois de um banho, eu e ela deitamos juntos no quarto.

— Nada de bom acontece, John. — Sussurrou deitada em meu peito.

— A vida, ela é como uma montanha russa, já falei sobre isso com você. — Ela mexeu a cabeça afirmando. — Tem horas que ela nos dá momentos incríveis, felizes, como o dia que você nasceu, que deu os primeiros passos. — Beijei o topo de sua cabeça. — Estávamos lá em cima. Mas seria fácil demais se a vida fosse assim, aí ela dificulta, nos coloca para baixo, onde tudo é mais difícil, como quando você pegou uma gripe que demorou dias e mais dias para melhorar, deixou todos preocupados, mas você melhorou. Subimos. E assim vai, os altos e os malditos baixos. — Alisei seu braço.

— Esse baixo foi o pior não foi?

— O mais cruel de todos. — Ela ergueu a cabeça, com os olhos cheios de lagrimas. — Temos um ao outro agora. — Me abraçou.

***

Julie dormiu várias noites conosco, animava a minha irmã, nem eu conseguia arrancar sorrisos de Mel como ela conseguia.

Meu pai, deu uma entrevista para o jornal da cidade, falando o quanto foi dolorida a perda de sua "amada", rasguei as folhas do jornal com raiva.

Tão hipócrita.

Fui convidado para dar entrevistas, mas recusei.

Depois da semana turbulenta o bar voltou a funcionar, precisava voltar ao trabalho e a Mel precisava estudar, a vida continuava, mesmo que naquele momento parecesse que não. 

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🚨Reta final🚨

Estão prontos???

Um Amor Em Meio Ao CaosWhere stories live. Discover now