ii. os suspeitos e o circo

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AVISO DE CONTEÚDO: alcoolismo e vício em cigarros


Muito diferente do que o informante poderia imaginar, não foi difícil encontrar onde o circo estava sendo montado. Assim como o barbeiro havia instruído, os anúncios indicavam o caminho, apresentando setas coloridas na direção de onde, em breve, seria a bilheteria do espetáculo.

O barulho de pessoas trabalhando, objetos pesados sendo arrastados pelo chão e conversas paralelas alcançou Chanyeol antes mesmo que ele pudesse distinguir as cores do circo contra o cenário do campo de terra batida.

Era... diferente.

Havia cerca de trinta homens além do elenco de artistas circenses espalhados pelo acampamento. Os trabalhadores eram facilmente distinguidos pelas roupas que vestiam, sujos de terra dos pés à cabeça, encharcados de suor, enquanto puxavam cordas e martelavam o chão, erguendo as tendas de onde seria a casa do espetáculo, em um trabalho pesado e braçal.

Ao se aproximar lentamente, Chanyeol percebeu que não havia muita organização quanto a quem estava ali para se oferecer para o trabalho ou apenas para conhecer as atrações do circo — exatamente como o barbeiro havia dito a ele. Os homens que entravam no área reservado à montagem do circo e que desejavam conseguir um pouco mais de dinheiro ajudando com as tendas, simplesmente tiravam as peças de roupa que não gostariam de sujar muito e procuravam algo para fazer.

Isso explicava porque tanta conversa paralela, ele logo percebeu. Cada um fazia o que queria ali, fosse procurando um ofício para se ocupar ou rondando pelo campo no que parecia uma busca por alguma das atrações.

Imitando-os, o informante entrou na área reservada, inicialmente procurando qualquer rosto conhecido. Primeiro, ele tentou procurar pelos suspeitos, os artistas circenses dos quais ele se recordava os nomes, mas logo desistiu ao não encontrá-los. Então, mudando seus planos, Chanyeol procurou pelo policial que havia partido à cidade junto a si.

Felizmente, não foi difícil encontrar Kyungsoo há uns bons metros de distância, com um martelo nas mãos e três pregos presos entre os lábios franzidos. Ele estava junto à outros trabalhadores, pregando contra o chão o que parecia ser uma enorme estaca de madeira de madeira, a qual serviria como pilar para uma das tendas — e, pelo tamanho da estaca, era fácil dizer que aquele, provavelmente, era a tenda principal, a qual abrigaria as apresentações nas noites cheias.

Não muito distante de onde o policial estava trabalhando, Chanyeol notou um homem em roupas estranhamente limpas, o qual trazia no rosto uma expressão sisuda, as sobrancelhas franzidas ao passo que fumava um cachimbo.

Suas feições não eram estranhas para Chanyeol, que logo percebeu que aquele homem era ninguém mais ninguém menos que Kim Hyunbin, ou Sr. Kim, o showman e dono do circo.

Respirando fundo e esboçando seu melhor sorriso, o informante se aproximou.

"Martelem com mais força! Vocês parecem ter medo de machucar o prego, batam com força!" Sr. Kim vociferava ordens, o cachimbo sendo afastado dos lábios a cada vez que pretendia reclamar. "Por favor, crianças trabalham melhor do que vocês! Será que devo contratar crianças?!"

Com suas últimas palavras, Chanyeol notou o estremecer de alguns trabalhadores, os quais, temendo perder a oportunidade de emprego, passaram a intensificar suas marteladas. Em questão de segundos, o tilintar de ferro contra ferro tornou-se tudo o que poderia ser escutado ao longo do acampamento, o crepitar duro do esforço de pessoas que trabalhavam como operários. Chanyeol sinceramente duvidava que aqueles homens fossem receber devidamente pelo quanto pareciam estar se esforçando. Mordendo os lábios, ele lamentou por eles e por si mesmo, que também seria obrigado a ter Kim Hyunbin como patrão.

Le Grand Cirque MagiqueWhere stories live. Discover now