Capítulo XI

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Felipe

- "...Sim eu amo a mensagem da cruz,té morrer eu a vou proclamar,levarei eu também minha cruz té por uma coroa trocar..." - Continuamos louvando com o mesmo fervor e alegria enquanto o Arthur e o Antony só nos observam.

- Eu gostei desse hino. - Arthur diz quando terminamos de cantar.

- De tanto que vocês falam desse Jesus parece que Ele já é meu amigo. - Antony fala e depois ri.

- Essa é a nossa intenção. - Digo e olho para o pastor com cumplicidade - Que Ele seja o melhor amigo de vocês como é o nosso!

- E se o rei quiser que vocês adorem aos deuses,vão preferir morrer?E a família de vocês? - Arthur indaga um pouco preocupado,temendo pela nossa vida.

- Se isso acontecer vamos permanecer fiéis ao Senhor,Arthur. Jesus é a razão da nossa vida e cremos que moraremos no céu com Ele e ainda encontraremos todos os nossos familiares lá!

- Céu?Como assim? - Antony olha pra nós como se realmente fôssemos dois loucos alucinados.

- Jesus prometeu que voltaria a terra para buscar todos aqueles que creram e o amaram de todo o coração, - Explico com calma - Nós seremos levados para o céu e lá seremos felizes eternamente.

- Parece um conto de fadas onde o mocinho morre pelos outros e no final todos serão felizes pra sempre. - Antony mais uma vez diz com sarcasmo.

Desde que ele e seu irmão vieram parar aqui sinto sua resistência ao falarmos com tanta convicção do nosso amor pelo Pai. Arthur por sua vez compreende melhor o que dizemos e até se mostra preocupado com o nosso bem estar.

- É,só que nessa história os vilões somos nós mesmos,Antony. E ao contrário dos contos conhecidos por aí,no céu verdadeiramente seremos felizes pra sempre.

- Sabe,vocês são muito diferentes de todas as pessoas que eu já conheci, - Arthur começa a falar chamando nossa atenção - E eu vejo nos olhos de vocês o quanto amam o Deus que tanto nos falam. De fato,eu não sei o que vai acontecer comigo,mas quero,de todo o meu coração ter a esperança de uma vida melhor,só que,dessa vez com esse tal de Jesus!

Ao ouví-lo falar isso com tanta convicção o pastor e eu levantamos do chão num só pulo.

- Você quer aceitar à Jesus como único Senhor e Salvador da sua vida? - O pastor Júnior indaga emocionado e vejo o Antony arregalar os olhos,surpreso.

- O quê? - Ele levanta abruptamente - Você está louco irmão?

- Não,mano. Eu só quero dar um sentido a minha vida,eu aceito Jesus como meu único e suficiente Salvador!

A alegria que percorre o meu coração é imensa e mesmo sem poder,por causa das amarras, o abraço pois não consigo conter a emoção de ver mais uma alma salva para o reino de Deus.

Minhas lágrimas rolam pelo meu rosto e eu entendo o que estou fazendo aqui nessa masmorra e nesse Palácio: Vidas serão salvas através do testemunho que tenho pra contar e da minha fé que é tão grande que só falta pular do meu peito.

Oramos com ele e por ele e depois compartilhamos as tantas experiências já vividas com o Senhor o deixando impressionado e encorajado para vivê-las também.

Antony porém,olha feio para o próprio irmão e principalmente pra nós e continuamos a crer que Jesus o tocará e o mostrará a verdade assim como fez com Arthur.

Deus me ensinou com essa conversão tão inusitada que não há ninguém que Ele não possa tocar e que não há nenhum lugar no qual não possa entrar e deixar o ambiente completamente diferente com Sua gloriosa presença!

🦋🦋🦋

- Acordem já! - Um dos guardas grita entrando na cela onde estamos e acordo assustado tentando decifrar pelos feixes de luz que horas são.
Levanto do chão frio e sinto a dor em meus ossos por passar tanto tempo deitado em algo tão duro e desconfortável e pisco algumas vezes ainda sonolento.

- Chegou a hora de irem para seus destinos,sigam-me!

- Pra onde vão nos levar? - Antony indaga sem sair do lugar e pela sua voz trêmula sei que está com medo do futuro incerto que nos aguarda.

- Mandei que me seguissem,nem mais uma palavra,ouviram? - O guarda fala rígido e somos levados por mais três guardas com o coração ansioso pelo que espera a nossa chegada.

Caminhamos pelos corredores da masmorra e olho para o pastor Júnior que está com a cabeça baixa,provavelmente orando.

- Eu estou com muito medo,Felipe! - Arthur sussurra para mim e vejo seus olhos lacrimejarem.

- Haja o que houver não deixe de ser fiel à Deus! - Respondo com sussurros também e ele assente mesmo temendo o que virá.

Ao chegarmos na parte superior do Palácio consigo ver o vasto jardim e me impressiono com a neve que está caindo aos poucos dando um lindo contraste a paisagem.

Respiro o ar gelado da manhã e confesso estar sentindo falta de ver o céu e as belezas da criação do meu Papai.

Entramos no Castelo ainda com as mãos amarradas e as nossas roupas velhas e sujas não combinam com todo o luxo contido na decoração e nos móveis do interior do recinto.

Observo o tom creme que dá um toque de delicadeza em tudo e o azul não passa desapercebido já que é a cor da bandeira de Montenaro e a queridinha dos eventos em todo o reino.

Volto minha atenção aos meus companheiros e noto a aflição nos rostos de cada um. Meu coração bate descompassadamente e minha mente projeta vários destinos para cada um de nós.

- Ficarão aqui a espera do rei e da sua sentença. - Um dos guardas reais que nos trouxe nos informa e entramos em um salão onde três tronos estão posicionados bem a nossa frente.

"Ah Senhor como precisamos de Ti agora,não solte a nossa mão..."

Essa é a oração que minha mente repete para afastar o turbilhão de sentimentos e pensamentos que tentam roubar a minha fé e me fazer acreditar que Deus não fará algo por nossas vidas...

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