Capítulo XIII

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Felipe

- Sua Majestade Real,rei Julian irá dar enfim a sentença à vocês. - Um senhor comunica e o rei se posiciona com seus trajes reais impecáveis e seu rosto expressando autoridade.

- Cada um de vocês estão aqui por um motivo específico - O rei começa e sua voz soa pelo ambiente tranquilamente por causa do silêncio assustador que se instaura - Uns roubaram,outros se meteram em confusões mas a maioria foi para a masmorra por desrespeito aos nossos deuses e deusas e por serem cristãos e havia decretos proibindo essas práticas. Por essa razão decidi que vocês servirão de exemplo para os desobedientes que ainda tentarem irem contra,então serão executados!

Em seguida vários murmúrios são ouvidos e o desespero toma conta das pessoas. Olho para o pastor Júnior que permanece de cabeça baixa e olhos fechados e em seguida meus olhos pousam em Antony e Arthur. O olhar de ambos mostra o medo que sentem e a angústia que se passa no coração dos dois e respiro fundo fechando meus olhos e clamando silenciosamente ao meu Deus por força.

- Majestade não faça isso por favor eu sou pai de família,tenho cinco filhos que precisam de mim! - Um homem com uma idade já bem avançada grita atrás de mim em completo desespero.

- Tivesse pensado nisso antes de se recusar a trabalhar na fabricação dos nossos deuses! - O senhor que havia anunciado a chegada do rei e parecia ser o braço direito dele esbraveja com fúria e sem nenhuma piedade. - Creio que já poderão ir para o local da execução,certo Majestade?

- Não! - Uma voz feminina soa em nossos ouvidos antes que o rei desse sua última palavra e todos olhamos para a direção da porta do salão onde uma jovem bem vestida e de uma beleza admirável estava parada.

- Aurora o que está fazendo aqui?

- Tentando impedir que o senhor cometa uma injustiça com todas essas pessoas! - Ela fala e se aproxima de onde estamos e só então me dou conta de que se trata da princesa herdeira,Aurora.

- Saia daqui por favor eu estou resolvendo algo muito sério. - O rei tenta controlar sua raiva enquanto a princesa se posiciona a sua frente e cruza os braços mostrando sua indignação.

- O nosso Reino nunca executou pessoas por esses motivos,papai. Por favor não faça isso,não faça! - A voz dela fica embargada na última frase e noto que o rei se comove com a fala da filha.

- Sua alteza ainda não assumiu o trono portanto não pode interferir nas decisões do seu pai,Princesa.

- E eu não lembro de ter pedido sua opinião sobre o caso em questão,Beltazar. Fique tranquilo,quando eu for a rainha você não será meu conselheiro! - O homem fica em silêncio no mesmo instante e a Princesa volta sua atenção para o pai - Papai,o que me diz?

- Aurora as coisas já não são como antes,querida. A economia está crescendo cada vez mais e não podemos aceitar pessoas que se negam a fabricar as estátuas só porque creem em um Deus inexistente! - Rei Julian explica com calma e a filha vira-se e fica de frente para todos nós fixando o olhar em mim no fim.

Nesse exato momento não sei bem explicar o que senti quando nossos olhos se cruzaram. Ela parecia estática e eu pensei que meu coração queria correr pelo Palácio pelas batidas frenéticas que se seguiram.

Minha respiração também acelerou e pude perceber a sintonia em que nossos sentimentos se encontraram. Seus cabelos castanhos combinam perfeitamente com o tom claro de sua pele e seus olhos verdes automaticamente me fazem lembrar da minha irmãzinha Luma e vários outros sentimentos me invadem ao mesmo tempo.

Depois do que parecia ser uma eternidade ela fica de frente ao seu pai outra vez e respira fundo antes de falar:

- Por favor papai dê a eles mais uma chance,por mim. Por favor...

Sua súplica é suficiente pra arrancar toda raiva do seu pai que olha para seu "conselheiro" e declara:

- Solte-os e entregue à cada um cargos que sejam úteis para o Palácio a fim de pagarem a pena,não terá execução.

- Mas senhor eles não podem...- Beltazar tenta contestar mais apenas um olhar do rei o faz ficar em silêncio outra vez

- Obrigada,muito obrigada! - A princesa abraça o pai com entusiasmo e então eles saem do salão mas antes de sumir do meu campo de visão recebo um lindo sorriso que me faz lhe dar outro em completa gratidão.

A angústia o medo e a tensão contida no ar são substituídos por agradecimentos e suspiros aliviados.

Olho para as minhas mãos amarradas e me surpreendo ao notar que estão tremendo. Não sei se por ansiedade em saber o meu destino ou pelo turbilhão de sentimentos provocados em mim só em ver a princesa pela primeira vez.

Ela é tão linda e delicada e ao mesmo tempo tão corajosa em vir enfrentar o próprio pai só pra salvar pessoas que ela nunca viu na vida...

- Não pensem que por terem escapado da execução e ganhado a oportunidade de servirem ao Palácio terão uma vida boa por aqui porque eu não vou facilitar pra nenhum de vocês! - Beltazar assume uma postura de comandante e agora eu entendi porque a princesa parece não gostar nada dele - Vamos aos cargos!

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No final do dia eu já estava em meus aposentos,que não era dentro do Castelo mas era muito mais do que eu imaginei que aquele homem me daria.

A partir de amanhã,Arthur,Antony e eu seremos treinados para a Guarda Real enquanto o pastor Júnior foi designado para cuidar da Biblioteca Real já que sua idade é um pouco mais avançada que a nossa.

Ao deitar na minha cama faço uma reflexão de tudo que já vivi até aqui e o que concluo é que Deus sempre esteve presente em cada detalhe da minha caminhada. Ele me trouxe até o Castelo por um motivo e me livrou da morte hoje porque Seus planos pra mim são bem maiores do que posso imaginar.

- Boa noite,Felipe. - Arthur diz assim que deita em sua cama perto da minha.

- Boa noite,Arthur e Antony. Que Deus abençoe as nossas vidas daqui pra frente! - Falo ciente de que as coisas não serão fáceis por aqui como Beltazar bem avisou mas eu creio que o poder de Deus se aperfeiçoará em minha fraqueza,disso eu tenho a mais plena certeza.

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