Três (Encontro) 🖇

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3 capítulo

Passagem de tempo.

Autora.

Passou cinco meses da vida sofrida de Raul e Gael, seus dias eram divididos em pedir esmola no farol, ir em consultas do Gael, ser maltratado por pessoas ignorantes, visitar Dona Duce e as vezes tomar banho quente no banheiro chique da confeitaria.

Raul.
- Hoje ele esta completando 5 meses doutora. Digo calmo, enquanto tento conter Gael que esta quase arrancando meus cabelos.

Gael está bem esperto, os olhos estão verdes e redondos, seus cabelos crescidos e puxados para o castanho claro, um bebê lindo.

Eu estou cada vez mais magro e feio, pois ando o dia todo pedindo esmola com Gael no colo, me esforçando para comer bem e manter o mamar sempre a disposição do bebê.

- Traga seu bebê na maca por favor. A doutora pede sorrindo.
Coloco Gael cuidadosamente na maca e observo os exames.

- Ele vive colocando a mão na boca, até o bico do meu peito ele faz de mordedor doutora. Digo baixo. - A senhora tem alguma indicação de como faço pra aliviar a coceira da gengiva?Seguro as pernas do Gael que não param de chutar o ar, o sapeca solta gargalhadas olhando pro meu rosto.

A pediatra termina os exames e vai em direção a mesa.
- O crescimento dele está perfeito, pesando cinco quilos, precisa aumentar para chegar ao seis ate o final do mês. Diz.
- O que temos de indicação para a coceira na gengiva quando esta crescendo os dentinhos é apenas um mordedor, e que você esteja sempre higienizando as coisas que ele venha a colocar na boca. Tome essa receita para comprar a Novalgina.

Entrega a receita.
Gael nesse meio tempo tenta puxar meu seio direito para mamar, pego a manta para cobri-lo e alimentá-lo.
Aceno com a cabeça concordando com a pediatra.

- Não estou podendo dar fruta pra ele toda semana, o peito continua sendo o alimento principal.
a informo, estava bem preocupado, pois não saberia se conseguiria alimentar ele corretamente conforme seu crescimento pede.

- Infelizmente isso você vai ter que organizar com sua família para diminuir em outras coisas para sobrar para alimentação do bebê. Diz simplesmente.

Se ela soubesse que dou minha vida pra criá-lo na rua...

- Sobre a receita, você dará a três ml caso ele tenha febre. O leite materno pode ajudar a combater várias doenças na criança. Por hoje é isso. Boa tarde.

- Obrigado. Saio do posto vendo que o tempo está bem frio.

Caminho meia hora para chegar no beco.
Sento entre os panos que uso como cama e deito Gael que no mesmo minuto abre um berreiro como se tivesse espinhos no chão.

- O que foi neném? Dói tanto assim?
Coloco as mãos em sua testa e sinto a temperatura alta, ele leva aos mãozinhas até a boca coçando a gengiva até o rostinho ficar vermelho.

Tento fazê-lo dormir o ninando em pé por duas horas, nada o fazia parar de choramingar.

Pra piorar, começa a chover. - pego a bolsa do Gael e o guarda chuvas e corro para a confeitaria.

Entro de supetão assustando as pessoas ali presente.

Duce me olha preocupada.

Duce foi a salvação nesses meses, me trazia as comidas deixadas de resto pelas pessoas chiques que comiam na confeitaria.
Ela trabalhava lá a muito tempo, também não tinha muito e fazia de tudo pra não me deixar morrer de fome.
Eu não iria reclamar da comida de nada que ela me desse.

Gael chora mais alto me assustando.
- "Está piorando". penso e meus olhos lacrimejam. Parado ainda na porta.

Duce me puxa para o fundo da estabelecimento onde sempre ficamos quando vamos visitá-la.

- Duce me ajuda por favor, ele está ficando roxo de tanto chorar. Viro de costa e encolho-me entre as paredes para não chamar mais tanta atenção.

- Espere aqui que trarei chá de camomila gelado para acalmar ele.
Olha nos meus olhos me trazendo calma.
- Agora dê mamar e sente um pouco, você está tremendo.

Sento fazendo ele parar de gritar e mamar um pouco.

Olho ao redor e encontro um homem alto e bem vestido me encarar, ele estava sentado sozinho em um canto reservado na confeitaria.

- Irei falar com o dono desse lugar, não podemos comer junto a essa gentinha.
Ouço alguém reclamar.
- O jeito que esses sujos entraram aqui! imagina se estivéssemos em uma reunião importante e um mendigo entra. Uma loira joga os cabelos olhando feio em minha direção.

Sei que mereço esses comentários, não tenho mais forças para revidar insultos.

- Verdade. Imagina se nossos sócios se deparam com essa situação? Iriam pensar que os trouxemos num subúrbio. O homem retruca.

Baixo a cabeça ainda sentido o olhar do alto queimar em mim.

Ele levanta e vai em direção o grupo que estavam me xingando.

- Dizem que quando não temos nada de bom pra acrescentar é melhor ficar ficarmos calados. Sua voz é grossa e seria.

- Ceo Vicente! A loira o reconhece e já levanta toda assanhada.

Duce sai da cozinha toda apressada e tiro minha atenção da conversa.

- Aqui rapaz. Passe essa fralda gelada e melada com camomila na gengiva dele. Fala. Para do meu lado observando o processo.

- Quase enlouqueci, fui na pediatra hoje e ele tava tão bem, foi de uma hora pra outra que a febre veio. Esfrego a fralda na gengiva do bebê e o nino para que durma logo.

- O dinheiro está na mesa dona. O homem que chamaram de Vicente sai apressado, até pareceu que estava fugindo do grupo de riquinhos.

Acompanho sua saída de rabo de olho e viro rapidamente ao ver que ele encara de volta.

-"Que homem lindo." penso.

- Olha si mesmo Raul, acorda. Falo com deboche pra mim mesmo.

Gael dormiu chupando a fralda.

- Estou de saída, preciso descansar. Gesticulo com a boca avisando Duce.

Ela manda beijos no ar e gesticula um "Boa noite."
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Não revisado

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