°•Capítulo 12•°

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°•A aranha e seu amigo múmia•°


   Para ser honesto, não foi fácil tomar iniciativa para descer aquelas escadas. O frio que percorreu por todo meu corpo quando olhei para baixo e vi aquela altura, quando percebi o quão escuro era o lugar, aquela sensação...Era inexplicável. Ao mesmo tempo em que estava hesitante e com medo, estava ansioso, queria chegar lá embaixo e acha-los o mais rápido possível. Estaria mentindo se dissesse que era apenas preocupação, até porque, sinceramente eu não faço o tipo de pessoa que se move tanto para ajudar outros, ainda que essas pessoas fossem importantes. Eu via aquilo como um desafio. Os dragões, o sequestro, tudo isso me deixou ainda mais excitado, eu quero acha-los e lutar com quem quer que seja que os sequestrou. Mas, também não posso dizer que não estou preocupado, principalmente com Izuku, sinceramente, eu realmente achei que já tinha superado sua perda, achei que ter ficado tanto tempo afastado de si tivesse feito algum efeito, me curado, mas parece que meu instinto de querer o proteger apenas aumentou, talvez isso tenha algo a ver com...Hitomi, ela foi a pessoa que me salvou quando estava prestes a desabar. Ela serviu de refúgio. Depois que ela se foi, tudo desabou, e logo depois Deku volta. Talvez eu esteja sendo um pouco egoísta...De qualquer forma, esse não é o ponto. Eu olhei para trás na esperança de que Kirishima, Toru, Denki ou qualquer outro estivesse ali, mas não havia ninguém. Eu não podia esperar mais que isso. Respirei fundo e engoli seco antes de finalmente começar a descer. A escada era escorregadia, não gostaria de imaginar o que aconteceria caso eu me desequilibrasse, mesmo que apenas por um segundo. Enquanto descia pensava em todas as possibilidades mais terríveis que poderiam estar acontecendo com a sapa ou com o Deku. Talvez estivessem sendo usados como algum experimento bizarro, ou sendo devorados por dragões. Não eram os melhores pensamentos, mas serviam para alimentar minha raiva. As paredes pareciam se aproximar quanto mais baixo chegava, estava ficando estreito, não vejo como um dragão passaria por ali. Um cheiro podre invadiu minhas narinas. Algo parecia ter morrido no lugar, era nojento. Eu tentei tapar meu nariz com a mão, mas não adiantou de muita coisa, o cheiro podre se aproximava a cada passo que dava. Logo, eu finalmente havia pousado meus pés no chão. Eu esperava que demorasse mais, bom, estou aliviado de qualquer forma. Observei meus arredores em busca de alguma porta ou uma passagem, naquele escuro, não foi difícil perceber a fresta de luz que saia de uma porta de madeira que já estava quase completamente comida por cupins. Eu não hesitei em abri-la, ainda que estivesse sendo cauteloso. Como disseram-me certa hora, "Podem ser até centenas de dragões". Não que eu estivesse com medo, mas seria problemático. A porta velha dava em uma caverna com três entradas diferentes, todas essas possuíam fortes luzes reluzindo de seu interior, mas além disso, duas delas possuíam barulhos estridentes e irritantes, como bestas quando não comiam a algum tempo. A outra possuía o mais perturbador silêncio, ao mesmo tempo que parecia vazia, também aparentava está completando cheia. Mas do que? Eu não sei...Como sempre, eu segui meu instinto e fui na porta do meio, entre três opções, a que sempre escolho é a do meio. O motivo? Paranóia, talvez. Essa era uma das duas que possuíam barulhos irritantes, e em específico era a pior entre ambas, o som era alto e agudo, mas se modificava rapidamente e se transformava em grandes rugidos furiosos. Parecia o barulho mais familiar, por isso o escolhi. Ela dava para uma pequena caverna larga, logo, eu já podia ver de onde vinha a luz que se mostra tão proeminente. Eu hesitei antes de finalmente observar com clareza o lugar onde tinha saído. Era enorme, simplesmente enorme, como nunca notamos um lugar tão grande escondido bem abaixo de nossos narizes? Mas não tinha nada, nada além de lanternas com vagalumes. Apesar disso, ainda estava escuro. Eu pude escutar com clareza quando as pinças desesperadas de um bicho ecoou pelo lugar. Era como se implorasse por comida. Esperava que eu fosse seu jantar. Pobre aranha, não seria hoje que teria uma refeição satisfatória. Eu rapidamente me transformei em um Lobo. Não sabia se havia escolhido a caverna certa, mas não tinha escolha a não ser lidar com o animal. Ela avançou. Era enorme, ainda maior que Fofo. Suas pernas gigantescas eram o que fazia o barulho agudo e estridente, os rugidos vinham da criatura que parecia estar machucada. Ainda assim, isso não me faria pegar leve. Eu desviei de uma de suas patas. Ela se virou novamente em minha direção e voltou a tentar me acertar, eu não permitir. Talvez fosse seu tamanho, mas ela parecia surpreendente lenta. Pensei em voz alta talvez? Pois o universo parece ter ouvido. Ela acertou um golpe certeiro bem no meu estômago, não hesitou antes de voltar seu caminho em minha direção. Eu cuspia sangue, havia batido minhas costas na parede com brutalidade. Eu me levantei antes que ela me alcançasse e avancei, ela conseguiu desviar por muito pouco, mas consegui subir na aranha em meu próximo avanço. Eu furei um de seus olhos com as garras e pude escutar seu urrar desconsertante. Ela me tirou de cima de si com uma de suas patas, se eu não tivesse pulado ela provavelmente teria acertado aquele golpe. Eu apoiei minha mão no chão com um sorriso vitorioso no rosto. Ainda que estivesse longe de acabar, agora eu possuía uma grande vantagem. A aranha, mesmo que ainda desnorteada voltou a correr em minha direção, agora parecendo realmente uma besta que não come a anos. Seus sons eram graves e absurdos, chegando a me deixar desnorteado por conta da audição sensível, mas não deixaria que aquilo me vencesse. Antes que ela pudesse sequer pensar em me acertar, eu alcancei novamente sua cabeça, foquei novamente em seus olhos, dessa vez furando o direito. Mais um grito de dor foi escutado. Ela levantou sua garras em minha direção, mas logo voltou a as colocar no chão e correr de volta para a parede. Agora sim, um sorriso verdadeiramente vitorioso floresceu em meu rosto. Após alguns segundos, eu finalmente percebi o charão que se fazia na caverna. Aquele escuro absurdo havia se dissipando? A quanto tempo? Eu observei os arredores e não pude evitar perceber uma local estranho posicionado um pouco distante, me aproximei da passagem, a aranha recuou alguns passos para trás, não reagiu quando me viu passar. Um novo túnel surgiu, mas desta vez, eu não conseguia ver um clarão, ou sequer algo que me entregasse ou mostrasse o caminho. O clarão que vi antes de entrar no túnel fora de uma lanterna de luz branca que estava pendurada. Eu observei o lugar com calma, por que teriam um lugar como aqueles? Apenas por enfeite? Escutei novamente as pinças da aranha que parecia cambalear. Eu me virei e logo percebi que a mesma tentava sair da caverna, rapidamente avancei contra ela. Parecia mais assustada, assim como também aparentava estar menor que antes. Seus olhos estavam entreabertos e sangrando. Eu senti uma pulsação e me afastei rapidamente da aranha, foi quando novamente a vi diminuir seu tamanho. Isso se repetiu mais 3 vezes antes que finalmente o lugar fosse coberto por uma espeça névoa, que consequentemente não me permitiu enxergar nada. Eu escutei um sibilar do meu lado, e afiadas garras, ou o que pareciam ser garras foram postas em meu pescoço. Não era a aranha, não tinha como ser, parecia possuir mãos semelhantes as humanas, ainda que, quem quer que seja que está ameaçando cortar minha garganta, não me deixasse enxergar.

You again //BakuDeku-KatsuDeku//Where stories live. Discover now