Capítulo 1

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– ... Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu...
"Tudo que é demais estraga".
Essa é a verdadeira frase do conceito que meus pais deveriam ter.
Os meus pais vivem do velho testamento, e isso atrapalha a minha vida toda. Eu não ando com roupas curtas, eu não posso cortar o meu cabelo, televisões, celulares e iPod, o que é isso mesmo? É claro que quando estou menstruada eu não preciso ficar presa, e depilações também são permitidas, mas nada disso se redimi.
Como eu não tive amigas, eu demorei um século para entender as coisas e amadurecer, na escola, eu achava que minha mãe estava certa em não ter amizades porque o mundo só quer o seu mal, por isso todos me achavam à esquisitona, por eu não ter amigos, pelas minhas roupas, por eu ser a encolhida no canto.
Não somos tão humilde, mas moramos de aluguel e no momento estamos apertados, meus pais acham que quando ganha o salário do trabalho a metade deve ir para a igreja, eu nem abri a minha boca para me manifestar sobre isso se não seria surra na certa, sim, eu ainda apanho, sorte minha que nunca fui apedrejada.
– Cecília, não vai comer? – minha mãe pergunta com a expressão séria.
– Não estou com fome. – digo – Posso ir para o meu quarto?
– Não! – Evandro respondeu. Ele é como um pai para mim. – Você nem tocou na sua comida.
Outro fato, não comemos carnes. Não somos vegetarianos, mas a minha mãe acha que quando comemos a carne o sangue do animal ainda está lá, e esta escrita na bíblia que não podemos comer sangue de animais.
Meu pai morreu quando eu tinha 13 anos, foi na época em que minha mãe ganhou Judite, e só aí entrou o Evandro, meu padrasto. Ele é bem mais velho que minha mãe, minha irmã não gosta dele por algum motivo, mas ela não gosta de falar sobre isso para mim.
– Estou nervosa com a faculdade amanhã. – digo suspirando baixo.
Irei cursar a faculdade de nutricionismo, admito que seja uma boa área, mas está longe de ser a qual eu planejei para mim. Meu sonho era fazer medicina. Mas prometi a mim mesma não ser a esquisitona da turma, não dessa vez.
– Termine de comer e vá escovar os dentes para dormir. – minha mãe diz e eu sorrio forçada
Depois que eu termino de comer, vou para o banheiro escovar os meus dentes e Judite me acompanha.
– Esta preparada para faculdade amanhã? – ela diz com a boca cheia de creme dental.
Ela se parece muito comigo. Seu cabelo é comprido e ela tem uma franjinha na testa, o cabelo é quase um ruivo e seus olhos são claros, a única diferença é que meu cabelo é mais curto. Pedi o corte de cabelo aos meus pais como meu presente de aniversario, isso já faz 5 meses, eu cortei até a orelha, mas agora esta acima peito, é uma pena que cresce rápido, por isso eu cortei muito.
– É claro que estou. – sorri para ela. – Agora termine e vá dormir, amanhã você acorda cedo.
Judite Tem 12 anos, ela não é nada desenvolvida e mais infantil, pelo fato de não termos tanta influencia do mundo. A sua inocência me encanta. Eu achei que nos meus 18 anos tudo iria mudar, agora tenho 19 anos e continuo nesse cativeiro, presa nessa mesma droga de vida.
– Lia. – Evandro diz ao entrar no quarto. – Precisamos conversar.
– Pode falar, pai. – digo colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Ele ajudou tanto a minha mãe a superar a morte do meu pai, e por isso o chamo assim, e também porque minha mãe nos deu esse ensinamento, na verdade ela quase nos obrigava a o chamar de pai.
– Sua mãe e eu estávamos pensando seriamente sobre o seu horário na faculdade. – ele diz com a feição seria. – À noite temos culto na igreja, isso pode atrapalhar a sua comunhão com Deus.
– O que? – sussurrei. – Mas é claro que não! Eu tenho que ter um futuro, eu tenho que...
– Deus em primeiro lugar, Cecília – ele me interrompeu.
Olhei para a porta e minha mãe estava lá, encostada na parede da porta, de braços cruzados. Apenas prestando atenção em nossa conversa.
– Tudo bem – digo. – vou ver se consigo mudar pra de manhã.
Evandro sorri e me dá um beijo na testa, desejando boa noite. Os dois saem do meu quarto e respiro. Levanto de minha cama e fecho a porta do meu quarto, parei em frente o espelho, arrumei os meus cabelos em um coque para dormir.
Sabe quando você se sente literalmente sem graça? As roupas que uso não me dão vida, minhas sobrancelhas que são iguais taturanas, meu cabelo opaco e sem brilho, levanto minha blusa e suspiro alto fitando meus seios pequenos.
– Eu sou... Literalmente um lixo! – digo a mim mesma.
Ok, ok, muitos podem dizer "ah por favor Cecília, você é magra tem os olhos claros, é alta... Tudo para ser bonita". Mas é somente isso, coisas comuns para qualquer pessoa da minha idade possuem como varias blusas diferentes no guarda roupa, batom maquiagem, brincos, joias... Ah... Eu sonho com esse dia que vou poder usar tudo isso. Mas agora isso é proibido para mim.
– Lia. – Didi entrou em meu quarto e eu acabei me assustando com isso, ajeitei a minha blusa.
– Didi, já era pra você estar dormindo. – digo trancando a porta. – O que aconteceu?
– Estou com medo. – ela sentou na minha cama, encolhida.
– Medo de que Didi? – sussurrei colocando uma mecha de cabelo dela atrás da orelha.
–Se eu te contar... Promete não falar com ninguém? – pediu com os olhinhos semifechados como se estivesse prestes a me contar um segredo.
– É claro, eu prometo. – digo e ela me encara.
– E o Evandro. – ela disse em sussurro.
A Judite nunca chama nosso padrasto de pai, por algum motivo que eu não sei.
– O que tem ele? – perguntei preocupada.
– Ultimamente ele... – balançou a cabeça e me olhou. – Não sei se devo! – ela chora baixo, tentando impedir o choro.
Ajoelho–me na sua frente preocupada. Didi é a única pessoa importante para mim nessa vida.
– Didi, me fala se tem algo acontecendo. – digo em suplica. – Eu quero te ajudar.
– Ele ultimamente tem ido no meu quarto a noite. – ela diz e eu o encaro com os olhos arregalados. – E eu não estou aguentando mais.

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TUDO POR UM CONTRATO - Vol 1 - +18Where stories live. Discover now