Capítulo 14 e 15

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Desso as escadas e Will e Hector levantam do sofá olhando para mim. É o dia do evento.

Eu uso um vestido colado vermelho um dedo abaixo dos joelhos e um scarpin alto preto. A cena de Hector pelado não sai da minha cabeça, o beijo de Will também não. Depois que eu e ele saímos correndo ele queria me levar ate o jardim para nós se conhecer melhor, mas eu não quis, então hoje temos que fingir que não nos conhecemos

– Uau... – Hector diz pegando na minha mão e levantando – você está linda.

– Você também. – digo. Ele usa um terno preto e uma gravata cinza. Ele esta lindo, como sempre...

– Prazer, eu sou o Will – ele diz apertando minha mão – Hector não me disse que você era tão... bonita. – ele sorri de lado e eu o admiro

Reviro os olhos para Will sem Hector perceber e ele sorri malicioso para mim

– Devo ter me esquecido. – Hector diz

– Como pode ter se esquecido de uma beleza tão... Devastadora primo? – Will diz e Hector o encara desconfiado.

– Vamos? – Hector diz pevando na minha cintura e me guiando ate o carro

– Como se sente? – Will pergunta

– Estou muito ansioso – Hector diz – não tem noção de como isso é importante para mim.

– Tenho sim. – Will diz – fiquei sabendo que várias pessoas já chegaram e que o edifício esta lindo.

– Ótimo. – Hector diz

Entramos em um carro preto e muito bonito. Quem dirige é o motorista de Hector, ele esta do meu lado esquerdo e Will do meu lado direito.

– O que você tem? – Hector pergunta me encarando como se preocupasse

– Nada. – digo séria

– Agora era a hora da minha pulseira apitar. – ele sussurra

Não estamos usando a pulseira obviamente, vamos pra um lugar cheio de gente, imagina só se essa pulseira de Hector apitasse no meio de todo mundo? Viro o meu rosto para o lado de Will que esta encarando o vidro do carro

– Ei... Olha pra mim. – Hector vira o meu rosto – o que aconteceu?

– Nada... Hector. – digo grossa

Só consigo pensar no corpo pelado de Hector encima de Verônica, na verdade... Não sei porque isso me incomoda.

– Lembra tudo o que te ensinei não é?

– Sim. – digo

– Ótimo. – ele diz

Sinto os dedos de Will entrelaçar os meus. Ele me encara discretamente e eu reviro os olhos desfazendo nossos dedos.

.... .... .... ... ...



Saio do carro e já sou surpreendida por fotógrafos. Sorrio para as câmeras sem mostrar os dentes igual Hector disse, ele esta morrendo de medo se algo der errado. Tento não me sentir insegura no meio desse monte de Gente, e olha que ainda estamos do lado de fora.

Estamos em um edifício enorme, as escadas são de mármore com um tapete azul no meio.

– Oi oi Senhor Adams. – um fotografo diz se aproximando assim como todos os outros. Mal consigo ver lá dentro – então essa é a sua esposa? – ele coloca o microfone perto da boca de Hector

– Ah... Sim. – Hector diz se aproximando de mim. Sua mão esta ao redor de minha cintura

– E como se sente ao ver esse evento maravilhoso por sua causa no Brasil?

– Qual é a sua emoção nesse momento agora senhor Adams? – uma repórter pergunta

– Bom... – Hector diz e eu o encaro tentando não olhar para a luz forte que esta na nossa frente – eu me sinto muito determinado diante isso tudo, espero fazer uma grande diferença aqui no Brasil como eu já fiz nos EUA, eu espero muito da minha obra.

– Que ótimo senhor Adams – a mulher diz – podemos fazer mais perguntas?

– Tenho que dar atenção para os convidados, mas foi um prazer. – ele diz enquanto entramos. Os seguranças de Héctor estão ao nosso redor.

Assim que finalmente entramos me reparo com um salão lindo. As decorações são quase todas Azuis, o lugar é personalizado e cheio e modernidade, lustres, jarros de flores, mesas por todos os lados...

– Azul... Sua cor favorita. – Hector diz e eu sorrio para ele

– Não fez isso porque é minha cor favorita... Fez? – arqueio a sobrancelha

– A minha cor favorita é preto. – ele diz e eu morro meu lábio inferior

As pessoas são surpreendentemente lindas, a maioria das mulheres estão com um vestido longo, menos eu.

– Acho que eu sou a única diferente aqui. – digo

– Ainda bem. – ele diz

Vejo em um palco montado a robô de Hector, é notável de que é uma mulher, mas não tem pele humana e nem cabelo, mas mesmo assim é incrível. Tudo esta perfeitamente lindo.

– Vem vem – diz uma fotografa se aproximando da gente. Todos nos olham, todos querem se aproximar – estamos aqui no edifício Wynn Resort em Brasília conhecendo não só o evento do senhor Adams, mas também... A própria esposa dele. – a mulher diz e quase todas as câmeras apontam para mim

Penso em sair correndo dali as pressas, mas Hector aperta minha cintura para me dar segurança, sorrio para as câmeras sem mostrar os dentes, como Hector me ensinou.

– O que acha desse evento do senhor Adams senhorita Cecília? – ela pergunta e eu me surpreendo. As pessoas decoraram fácil o meu nome.

– Acho isso tudo muito incrível – digo me lembrando de tudo o que Hector pediu para que eu dissesse. Meu coração quase pula pela boca – desejo todo o sucesso do mundo para Hector, e quero estar com ele a cada momento. – digo praticamente gritando por causa da música alta

Vejo Hector me encarar com um sorriso no rosto e minhas bochechas coram ainda mais

– Se conheceram em um dos eventos do senhor Adams? – a repórter pergunta eu encaro Hector que pisca duas vezes. Duas piscadas para sim, três para não.

– Hum...Sim – digo – eu só conhecia somente pela televisão, ai ele estava lá trocamos alguns olhares e ele veio falar comigo. – minto descaradamente

– Ahh que lindo! – a repórter diz e Hector praticamente foge dela

– Se saiu perfeitamente. – ele diz

– Tenho que ir ao banheiro. – digo – preciso respirar estou muito nervosa, eu...

– Hector! – um homem diz aparecendo na nossa frente. Ele é alto calvo e magro – eu apostei todas as minhas cartas em você, e não me arrependo disso, olha só como tá linda essa festa! – o homem diz enquanto procuro Will no meio de multidões de pessoas. Há gente famosa, gente que parece que nem é do Brasil, é incrível.

– Me sinto lisonjeado vô – Hector diz e eu viro rapidamente a minha atenção para o vô de Hector – essa é Cecília, minha esposa.

– Ah claro – ele diz – vi ela na televisão naquela faculdade, ela é muito bonita filho, fez uma ótima escolha.

– Ela também é a minha escrava. – Hector sussurra para o seu vô e ele me olha com a boca entre aberta

– Uau... – o vô dele diz – agora mais do que nunca escolheu bem. Esta gostando da festa querida? – ele diz

– Hã... Sim. – digo – apesar que não estou acostumada. Hector... Vou ao banheiro. – digo

– Depois Cecília. – Héctor diz um pouco grosso de mais

– Isso mesmo – o vô de Hector diz – não dá mole para sua escrava, as minha são um amor. – ele diz e os dois sorri enquanto permaneço séria

Agora já sei de quem veio essa ideia maluca! Olhando assim os dois não parecem normais, isso é cruel e desumano.

– Bebidas? – um garçom diz se aproximando com algumas taças de champanhe em uma bandeja

Hector pega duas e me entrega uma

– Vamos brindar, os fotógrafos nos observa. – ele diz. Dá para ver em seus olhos o tamanho da sua felicidade c tudo isso.

– Brindar o que? – pergunto

– A você – ele diz – que esta espetacular essa noite, só esta me surpreendendo, eu sabia que você seria uma boa escolha.

Sorrio para ele e ele se aproxima de mim.

– O que? – pergunto. Ele me penetra com o olhar de uma maneira que ele nunca fez

Hector me puxa pela nuca e eu sinto seus lábios encostarem nos meu. Uma penca de fotógrafos tira foto disso. Ele desfaz o "beijo" com entre aspas né? Porque não foi um beijo... Foi só um selinho. Mas Jesus o que foi isso? E Por que estou desejando mais? Como eu sou idiota!

– Não precisava ter feito isso. – digo tomando do meu champanhe que sem querer ultrapasso e acabo tomando três goles

– Opa calma – ele diz abaixando minha taça – segura um pouco acima da cintura – ele diz e assim faço – isso.

– Senhor Adams, pronto para o discurso? – um homem que eu não sei de quem se trata pergunta

– Mas é claro – Hector responde – vem amor.

Fomos andando ate o palco e ele me dá a direção na frente para subir.

– Tá louco? – pergunto – não vou subir ai!

– Relaxa. – ele diz e assim subimos

De cima dá para ver todas as pessoas, é literalmente muita gente e muitas câmeras, procuro os salgados mas não acho. Estou com a barriga vazia, Hector disse para mim não comer pra mim ficar com o corpo mais bonito.

– Boa noite a todos – Hector diz do microfone. Eu estou do lado dele com o Champanhe na mão, corpo reto, bunda para trás, peitos para frente e aquele sorriso forçado no rosto. a robô esta logo atrás da gente – é um imenso prazer receber vocês aqui, não fazem ideia do tamanha da minha gratidão e esforço que foi para mim chegar nesse ponto que estou hoje. Estou apresentado hoje, a minha importante obra Exy – ele diz apontando para a robô e todas aplaudem – ela é uma robô com o sistema atualizado, conversa fluente em todos os idiomas, e é a prova de água, ela também pode fazer as necessidades diárias, ainda não é potente para algumas coisas mas ela ainda leva em conta. Exy é inteligente e sabe distinguir quando a pessoa esta falando mentiras. O material é todo da China e ela tem uma potência extraordinária. O preço do leilão será de 13 milhões para cima. – todos aplaudem e parece feliz com o preço – agora eu quero falar da minha esposa – ele diz e se vira para mim que arregalo os olhos. Porcaria, porcaria! – essa é Cecília Adams, nos casamos a um tempo e só estou revelando isso agora, a minha vida é corrida por isso achei melhor não fazer esse tipo de revelação, ela tem me dado força apoio e de fato é muito importante para mim – ele diz e eu tomo o resto do meu champanhe. Hector se aproxima de mim e tira uma caixinha vermelha do seu bolso, assim que ele abre são dois anéis – esse colar, era da minha bisavô – ele sorri enquanto coloca um colar delicado no meu pescoço

Todos aplaudem e Hector me da novamente um selinho rápido. Ele me entrega o microfone e eu surto.

– Ficou maluco? – sussurro

– Faça um discurso rápido do quando você me ama. – ele sussurra de volta

– Não posso...

– Depressa. – ele me entrega o microfone

Coço minha garganta e dou um sorriso forçado para o público

– Hã... – digo olhando para todos que me encaram curiosos – peço mil desculpas, não sou boa com esse monte de gente me olhando – digo e todos gargalham. Hector me encara preocupado – esse momento de certo também é importante para mim – digo – desejo todo o sucesso do mundo para Hector e... – olho para os lados – ele mudou muito a minha vida. Hector me fez passar por coisas que eu nunca imaginei que passaria – digo e ele aperta minha cintura – desejo tudo em dobro de tudo que você me deu. – digo literalmente irônica, mas só ele percebe isso e me encara sério.

Descemos do Palco e Hector parece furioso

– Que discurso foi aquele? – ele altera seu tom de voz

– Não gostou?

– Não foi ruim mas... Que eu ganhe o dobro do que eu te dei? Tá de brincadeira!

– Ue...

– Oi – Veronica diz se aproximando com duas mulheres ao seu lado aproximadamente da sua idade. Ela usa um vestido preto e o cabelo solto. Esta linda.



– Oi. – Hector diz com a maior cara lavada do mundo. Nem parece que ontem os dois estavam trepando felizes da vida.

– Parabéns – ela diz – vocês foram ótimos.

– Obrigada. – Hector diz. Tá na cara que o olhar dele para ela é diferente – tenho que resolver algumas coisas do leilão, vou mandar Will vir te procurar ok?

– O que? Não vai ficar comigo? – seguro seu braço. Hector é mal mas... Me sinto segura perto dele.

– É só por alguns minutos – ele diz e sorri. Assento e assim ele se vai me deixando a sós com as três mulheres.

Um garçom passa do nosso lado e eu pego um copo de bourbon

– Você realmente não era quem eu esperava. – Verónica diz me olhando dos pés a cabeça

O que ela ta fazendo aqui mesmo produção?

– Ah é? – digo tomando da minha bebida e engulo a tosse de tão forte.

– Que vestido lindo. – uma das mulheres diz – o salto não combinou muito mas... É bem a sua cara esse look. – se bem que Hector disse.

– Obrigada por deixar bem claro a sua opinião. – digo tomando mais da minha bebida

Verônica me puxa pelo braço nos afastando das duas mulheres

– Sabe que ontem Hector e eu transamos né? – ela diz enquanto sorri – ele pode estar com você, mas ele nunca vai esquecer de mim.

– Espera que eu me sinta atingida?

– Não – ela diz – eu sei que você é uma de mim, interesseira e que só esta com ele por causa do dinheiro, mas eu vou acabar com esse seu filme, porque era eu para estar no seu lugar, do lado de Hector.

– Entra na fila. – sorrio tomando mais da minha bebida.

Verônica sorri e despeja o seu borbon do meu copo

– Eu já estou na fila, e por mais que você esteja casada com ele, eu ainda estou um passo a frente de você.

Imediatamente começam uma penca de fotógrafos com Verônica e eu ela sorri disfarçando a sua cara de séria para as câmeras. É claro que eles não poderiam perder o momento de ex e "atual".

– Eu não ligo. – digo para ela – só fique ciente que o seu papel é ridículo como uma mulher.

– Cecília? – Will se aproxima – vou pegar ela emprestada – ele diz para Verônica que faz cara feia

– Ai devagar – digo – acho que tô tonta.

– Por que? – ele pergunta preocupado

– Não sei. – digo tomando mais do bourbon – tudo ta girando parece.

– Já bebeu antes? – ele pergunta preocupado – Comeu alguma coisa antes de estar bebendo?

– Não. – digo – mas calma não estou bêbada, só tonta.

– Melhor parar de beber. – ele diz

Bebo toda a bebida forte do meu copo e tusso um pouco

– Tô com fome. – digo – quero algo pra comer.

– Tudo bem – ele diz – fique aqui ok?

Assenti e ele vai ate a mesa de salgados.

Vejo um garçom de bebidas servindo e eu vou ate ele pegar mais

– O que é isso? – pergunto para o garçom

– Bourbon misturado com champanhe senhora. – ele diz gentilmente

Pego da bebida e vou em direção ao banheiro.

Me olho no espelho e vejo o quão lixo eu estou. bebo da minha bebida toda, um gole atrás da outra e sinto ela queimar minha garganta. Estou sendo uma pessoa que eu não sou pro mundo inteiro, me sinto usada um lixo e hipócrita. Vejo Verônica entrar no banheiro com duas taças de Bourbon.

– Pega, eu sei que você quer. – ela diz

Pego da mão dela o copo por algum motivo que eu não sei e começo a tomar as bebidas

– Acho que estou tonta. – digo tentando ficar parada mas é impossível

– É... Normal. – ela diz e eu pego o outro copo de bourbon da mão dela. O que eu estou fazendo? Na minha cabeça martela que ela é inimiga, mas outra parte matela que eu preciso dessas drogas de bebidas.

– Hector esta no palco sem você – ela diz – vá ate ele.

– Não me fale o que tenho que fazer sua... Vadia! – cuspo as palavras

– Ok. – ela diz

Saio do banheiro cambaleando e vejo mais bebidas perto do jarro de flores, pego e sem pensar duas vezes bebo ate a última gota. A bebida chegou de vez do meu cérebro, eu não comando mais os meus passos

– Lia... Ai esta você! – Will diz – sumiu por 30 minutos, Hector esta maluco atrás de você!

30 minutos?

– Ai me solta! – digo o empurrando – eu só fui no banheiro, que 30 minutos? Tirou isso da onde? Meu pé ta doendo. – digo saindo do salto

– O que esta fazendo? – ele sussurra – tem gente nos olhando, calça esse salto!

– Sai garoto! – digo passando por ele

Vou andando descalça procurando Hector por toda parte mas não o vejo

– Hector? – grito por ele. As pessoas me encaram e eu sorrio para elas –  viu o Hector?

Pego uma bebida da mão de um garçom e bebo como se fosse água fresca. Sou surpreendida com um monte de flash de luz encima de mim

– Algum problema senhorita Cecília ? – o vô de Hector pergunta preocupado – parece... Bêbada?

– Não se dirige a mim seu velho mal caráter! – altero meu tom de voz – Eu sei muito bem que você escraviza mulheres ouviu bem? – digo e ele arregala os olhos

– Fale baixo! – ele grita comigo e eu mostro língua para ele

– Cecília. – Hector me puxa pelo braço – o que diabos esta fazendo?

– Estava te procurando amor. – digo – nossa que cara de bravo. – gargalho alto

– Você está bêbada! – ele grita comigo – e descalça.

– Perdi meu salto. – minto – ta lá atrás perto do banheiro vou lá buscar. – digo indo ate lá mas ele segura com brutalidade meu braço – ai ta me machucando.

– Vô... Pode terminar isso pra mim? Terei que ir embora. – Héctor fala pro seu vó. Percebo que todos estão nos olhando nos fotografando e eu faço pose pras fotos

– Ta cedo bebê – digo pra Héctor – vamos ficar mais vai?

– Posso. – o vô de Hector responde

Fomos andando as pressas para fora do edifício. Lá fora somos surpreendidos por flash e mais flash de fotos

– Ai meu zói. – digo gargalhando alto

Hector me enfia dentro do carro. Seu polegar esta nos seus lábios e ele bate o pé de tão nervoso

– Oi... – digo o cutucando e ele pega meu pulso

– Sabe o que você fez? – ele grita – olha a vergonha que me fez passar, isso vai ser falado pro resto da minha vida, que porra! Justo no evento mais importante do país, justo quando eu confiei um minuto para te deixar sozinha.

– Aah blá blá blá não tô nem ouvindo. – tampo os ouvidos

– Olhe para mim Cecília – ele diz e assim faço. Ele esta mesmo furioso caramba! Seus olhos ardem em fogo, e isso de alguma forma me excita.

Subo sem pensar duas vezes no colo de Hector e com a minha boca puxo seu lábio inferior

– Esta maluca? – ele diz desfazendo isso – com certeza vai haver uma punição pra você – Hector diz – uma punição que você não irá esquecer, nunca mais na sua vida.








Capítulo 15 – Reviravolta
Acordo com o meu corpo todo dolorido. Permaneço ainda com os olhos fechados tentando mover meus braços e minhas pernas mas não consigo. Abro os meus olhos com dificuldade. Meus braços estão amarrados acima da minha cabeça, e eu estou na ponta dos pés encima de uma pedra escorregadia e bastante gelada. Tento reorganizar meu pensamentos para lembrar como eu vim parar aqui mas não me lembro de absolutamente nada. A minha cabeça esta muito dolorida para isso.

– Mas o que... – tento dizer me movendo mas dói ainda mais – Mas que diabos...

Hall esta na minha frente me observando sem dizer absolutamente nada e com a mesma cara de alegre de sempre.

– Hall, o que aconteceu? Por que eu estou aqui? Onde esta Hector? – sussurro, porque é só isso que a minha voz permite

– Ontem você bebeu e fez um escândalo no evento do senhor Adams. Esta aqui por punição nessa sala – ela diz – Senhor Hector, ela acabou de acordar.

– Tudo bem Hall. – diz a voz de Hector de dentro de Hall

Não demora muito e Hector aparece na sala escura. Não tem enfeites aqui e nem janela, é só uma sala enorme e sem nada, com umas parede cinza e preto.

– Hector! O que é que esta acontecendo? – pergunto cerrando os dentes.

Hector me mostra um jornal que inclusive eu estou na capa e esta escrito em letras grandes e caixa alta : Extra, Esposa de Hector Adams agride verbalmente o seu vô champagnat e se embreaga no evento do ano em Brasília.

Eles falam e se embreaga como se eu tivesse dirigindo enquanto bebia.

– Eu sinto muito... – digo sentindo as lágrimas coçar minhas bochechas – eu... Estava com a barriga vazia, nunca tinha bebido...

– Eu fiquei mais de anos criando aquela droga de robô, eu não faturei porcaria nenhuma! – ele grita comigo.  – e agora... Eu sou o motivo de piadas nas televisões e redes sociais, eu confiei em você Cecília!

– Eu também confiei em mim, mas eu...

– Não – ele me interrompe – você vai ficar ai, e vai apodrecer ai, porque eu não preciso mais de você. – ele diz saindo da sala

– Já que eu sou só uma falha sua não é? Por que não chamou Veronica? – pergunto e ele se vira para mim – ela não foi um erro né? Por isso estavam transando! – que que eu tô fazendo?

– É diferente.

– É tem razão, realmente é diferente. Porque ela me confessou ontem que é interesseira, ela só quer e sempre irá querer o seu dinheiro Hector, e é dela que você precisa não é? Então coloque ela aqui, pendurada no meu lugar, porque é eu que não preciso mais de você! – digo chorando tentando reunir a única força dentro de mim para isso

Hector se aproxima de mim com os punhos fechados mas trava ao chegar perto de mim. Ele passa os dedos entre os cabelos e saí da sala.

– NÃO VAI ME BATER POR QUE SEU COVARDE? – grito sabendo que tudo isso é inútil – Hall... Estou aqui desde quando?

– Desde ontem as duas da madrugada senhora, agora são uma da tarde. – ela diz

– Sabe se ele vai me tirar daqui?

– Infelizmente ele não vai senhora. – ela diz e eu abaixo a minha cabeça

– Meu braço esta cansado Hall – digo – pode me ajudar por favor?

– Eu não tenho permissões para essa pergunta.

Assenti mordendo os lábios tentando esquecer disso. Minha cabeça dói por causa da ressaca. Hector de certo vai me esquecer aqui, ele esta pouco se fudendo pra mim, só liga pras mídias. Tenho que dá um jeito de sair daqui.

.... ... .... .... ...

– Senhora Cecília? – diz a voz de Hall – senhora Cecília?

– Oi Hall. – sussurro abrindo os olhos. Não sei como consegui dormir, ou se desmaiei. Meus pulsos doem, e aqui esta muito Gelado. Estou somente de calcinha sutiã e uma regata branca.

– É o senhor Adams – ela diz – esta esta tendo uma convulsão no chão da sala.

– O que? – sussurro tentando pensar que isso é mentira

– Acho que ontem alguém envenenou a bebida dele senhora, você tem que fazer alguma coisa. – ela diz

– Meu Deus... – digo me lembrando dele falar comigo que a bebida estava com o gosto estanho ontem – como vou sair daqui? Não tenho a chave!

– Senhora... O que vamos fazer? – ela pergunta com o mesmo semblante de sempre

– E–eu não sei... – digo preocupada – socorro! – grito

– Não adianta senhora, os seguranças estão de folga, só há um no portão e a mansão esta trancada do lado de dentro, porque hoje é domingo.

– Merda, merda, merda! – digo para mim mesma

Ok Cecilia pensa, você é inteligente, eu sei que você é! Merda! Estou em uma situação horrível agora para ajudar Héctor, eu poderia ficar aqui fingindo que tudo esta bem mas como? Eu sou sou esse mostro? Eu não posso ajudá–lo mas eu tenho!

– Hall, preciso que faça uma coisa pra mim.

– Diga senhorita...

– Quero que pegue óleo de cozinha para mim.

– Não dá... Maria a cozinheira guarda tudo na dispensa trancado com uma chave senhora. – ela diz

– Eu imaginei – sussurro – só não queria acreditar. Então vá ate lá e pegue uma faca.

Hall sai da sala o mais rápido que pode e eu me contorço tentando fazer uma posição mais confortável. Meu Deus... Hector vai morrer, sabe–se la o que deram pra ele, ou... Quem deu pra ele...

– Aqui senhora. – a Hall diz – Hector esta se debatendo gravemente no chão e ele pode acabar batendo a cabeça em...

– Ok, não me fale. – a interrompo – isso pode me desconcentrar. Agora é o seguinte, preciso que corte a palma da minha mão.

– Mas senhora...

– Eu já vi isso em um filme, vai dar certo.

– Mas...

– HALL, ANDA LOGO! – grito com ela e ela vem desesperada ate a mim

– Você esta muito alta senhora. – ela diz e eu reviro os olhos

– ENTÃO PEGUE UMA CADEIRA!!!

Hall sai correndo da sala e volta rapidamente com uma cadeira. Ela sobe encima dela e trava

– Tem certeza senhora?

– Depressa! – digo – corta.

Hall pega o meu pulso e de repente sinto a faca rasgar minha mão, gemo um pouco alto sentindo uma pontada de dor enorme

– A outra também senhora? – ela pergunta

– Não... – digo mais para dentro do que para fora – Argh, merda!

O sangue da minha mão escorre nos meus pulsos e eu sinto um alívio por isso. O sangue irá fazer a minha mão escorregar pela algema, depois de algum tempo tentando forçar consigo tirar. Deixo o meu sangue escorrer no meu outro braço e consigo tirar também. Escorrego na pedra que eu estava quase em pé e caio no chão deitada

– Senhora... Hector. – Hall diz e eu me levanto indo correndo ate a sala – Hector? – digo ao vê–lo no chão.

Ele esta se contorcendo, ele esta todo soado, e seus olhos estão virados para cima.

– Hector? – me sento ao lado dele – merda! tenho que ligar para alguém. – Digo procurando o celular de Hector no bolso mas é inútil porque tem senha. O meu eu não faço a mínima ideia onde ele colocou – Hector eu preciso que você acorda... – digo enquanto tiro minha blusa e amarro na minha mão – eu não sei o que fazer...

Ele continua se debatendo no chão e eu me levanto e começo andar de um lado para o outro pensando em alguma coisa. Subo correndo as escadas vou ate o quarto de Hector, tiro os forro de cama pegando uma coberta grossa e desço ate lá

– Para que isso senhorita Cecília? – Hall pergunta

– Se ele foi mesmo envenenado, temos que mante–lo aquecido. – digo cobrindo ele e colocando uma almofada de baixo da sua cabeça

– Cecília? – Hector sussurra com os olhos fechados

– Hector! – digo me agaixando indo ate ele – preciso ligar para um médico, onde esta meu celular?

– Não lembro onde coloquei. – ele diz com um pouco de dificuldade – eu vou morrer...

– Não... Não vai. – digo pegando o celular de Hector que esta no chão – só preciso saber a senha, só isso.

Hector para de se contorcer ainda com os olhos fechados, pego em seu pulso e sinto um alívio por ver que ele ainda esta vivo.

– Merda! – digo cerrando os dentes – Hector? Você precisa colaborar comigo. – digo batendo de leve em sua bochecha – Hall, você não sabe mesmo qual é a senha?

– Somente a da porta de saída da mansão senhora.

– POR QUE NÃO ME DISSE ISSO ANTES HALL? – grito com ela – e qual é? Fala!

– A digital de Hector. – ela diz e eu dou pulinhos de nervosismo

– Como vou levar ele ate a porta? É impossível!

– No caso você teria que amputar o dedo dele senhora.

Encaro Hector preocupada. Ele vai morrer, ele não para de soar e seus olhos estão piscando mesmo fechados. se eu não fizer algo extremo ele vai morrer.

Corro ate o quarto onde eu estava presa e pego a faca. Tiro a blusa de Hector deixando a sua barriga definida e suada a mostra e isso me desconcentra um pouco. Amarro a blusa no pulso de Hector e tomo coragem para amputar seu dedo, por um momento ate que vai ser divertido dar a ele um pouco de dor.

– Meu Deus... Tá certo Cecília, isso não pode ser tão ruim assim...

porteiro provavelmente pode me ajudar com isso, se eu ficar aqui Hector vai morrer. Aperto a lamina da faca no dedo de Hector e o sangue começa a sair

– A senha é 150615. – Hector sussurra e eu nunca me senti tão aliviada como agora

Largo a faca e pego o celular de Hector rapidamente. Procuro nos contatos dele com um pouco de dificuldade no celular dele, o sangue atrapalha com que eu mexo na tela. Procuro o nome de algum médico e acho, no terceiro toque ele atende.

– Graças a Deus! – digo assim que o homem atende – preciso de um médico urgente aqui na casa do senhor Adams por favor, ele foi envenenado.

– Quem esta falando? – ele pergunta confuso

– A esposa dele! – altero o meu tom de voz – rápido!

– Ok já estou a caminho – ele diz – mantenha–o aquecido e consciente.

– Ok. – digo e desligou o celular – Hector – o cutuco. Ele esta ficando cada vez mais gelado – Hector?

– Hum? – ele diz se contorcendo

– O médico esta chegando ok?

– Ligue para Verônica. – ele diz e eu de alguma forma o encaro morrendo de ódio

– Tudo bem. – sussurro. acho o número de Verônica na agenda e ligo para o número dela – alô? – digo assim que ela atende

– Quem esta falando? – ela pergunta

– Hector foi envenenado – digo – preciso que venha para cá.

– Ah meu Deus! – ela diz e desliga a ligação – ela esta vindo. – digo para Héctor

– Quem? – ele sussurra com dificuldade

– Verônica. – digo. Mando mensagem do celular de Will através do celular de Hector para ele vir também.

Espero que eu não me arrependa de ter feito isso.





TUDO POR UM CONTRATO - Vol 1 - +18Where stories live. Discover now