Capítulo 3

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O despertador me acorda as 05h00min para a faculdade. Tenho que mudar de horário então antes que seja tarde tenho, que ir para conversar com os diretores.

Eu não dormi a noite, como eu poderia ter conseguido? Ontem irá ficar marcado para resto da minha vida. Evandro, esse nome que me causa nojo ficará marcado pro resto da minha vida.

Meu corpo esta cheio de hematomas. Ontem eu tomei coragem para trocar os lençóis do meu quarto, eu ainda ando mancando por causa da dor entre minhas pernas. Passo na quarto de Judite e ela ainda esta dormindo. Depois de tomar um banho me enxugo na frente do espelho. Sinto vergonha de mim mesma, sinto nojo de mim mesma.




– Então vocês podem mudar o meu horário? – perguntei para a diretora da faculdade.

Havia chegado um pouco mais cedo na faculdade, pois queria pedir a mudança de horário e poder ter certeza disso.

– Sim querida, é claro – ela diz gentilmente. – Anote seus dados tudo direitinho, hoje mesmo você começa.

– Que ótimo.  – digo enquanto pegava a caneta encima no balcão. – Vocês... Têm psicólogos aqui?

– Não. – a moça diz e eu assenti, indo para a minha sala depois de terminar de anotar meus dados.

Eu prometi a mim mesma não ser a garota encolhida e esquizofrênica, mas como eu não posso ser depois de ontem? Como posso agir normal com todas essas pessoas que aparentam ter uma condição boa e uma vida normal. Eu pensei que as pessoas iriam me olhar e fazer bullying comigo. Mas para minha surpresa, elas nem notam que estou aqui, o nível de maturidade da faculdade é bem maior.

Uma turma de amigos se sentam atrás de mim, alguns me olham um pouco estranho e eu abaixo a cabeça por isso. Eu sonhei muito com o dia do primeiro dia de faculdade, mas agora eu só queria fugir daqui. Saio da sala sem pensar duas vezes, deixando para trás as minhas coisas.

– Ei, garota! – parei e olhei para a professora. – A aula ainda não terminou.

– Vou ao banheiro. – minto.

Saio da faculdade olhando para os lados e decidindo qual direção seguir. Sigo por uma rua deserta, cheia de mato e que inclusive não passa nenhum carro. No final dela há uma praça, no chão está cheio de florzinhas pequenas amarelas. Sento–me suspirando alto e começou a chorar me lembrando de ontem. Eu queria esquecer aquilo, eu nunca desejei que meu pai estivesse vivo agora, eu nunca pensei que carregaria um fardo tão grande como esse, mas a maior dor e você saber que você sabe que vai acontecer de novo.

Sou interrompida com um carro preto enorme parando bem na minha frente. Os vidros são escuros, fito o carro com a boca entre aberta e com o nariz escorrendo por causa do choro. O vidro se abaixa e há um homem lá dentro, um homem muito lindo por falar nisso, na verdade o homem mais lindo que eu já vi, ele tem a pele morena e o cavanhaque perfeito, ele usa um óculos escuro e sua expressão é bastante séria.

– Entra no carro. – ele diz como se eu realmente fosse me levantar agora e entrar no carro dele.

– O que? – digo limpando meu rosto na minha saia comprida e folgada. – Quem é você?

O homem me olha com a testa franzida encara o chão e a mim novamente.

– Não vou fazer nenhum mal para você, entra no carro. – Sua voz é áspera, mas serena ao mesmo tempo.

– Me desculpe – digo me levantando. – Não conheço você e eu não converso com estranhos.

Ele aponta uma arma para mim e eu me assusto arregalando os olhos. Por que ele faria isso com alguém como eu?

– Eu só preciso que você entre no carro. – ele diz cautelosamente. – Se não eu atiro em você e te coloco no carro.

– O que vai fazer comigo? – pergunto nervosa.

Por um lado seria bom se ele atirasse, eu morta não faria diferenças a não ser... para Judite, ela precisa de mim.

– Vai saber . – ele diz – Mas não se preocupe não farei nenhum mal para, você como eu te disse.

Saio correndo dali sem pensar duas vezes e ele vem acelerando dando a ré atrás de mim. Tento correr mais rápido que o carro e acabo tropeçando, caindo de cara no chão.

– Ai... – digo gemendo. Meu corpo já está dolorido e mais uma queda dessas, kit completo para eu estar toda quebrada

O homem sai do carro vindo andando tranquilamente ate a mim e só então percebo o quanto ele é alto e... Forte.

Ele me levanta me pegando pelo colo e me coloca no carro

– Se gritar ou fizer alguma coisa eu atiro, eu juro que atiro. – ele diz fixando seus olhos nos meus.

Limpo meu sangue que escorre do nariz e ele entra no carro

– Onde esta me levando? Quem é você? – Perguntei, mas ele continuou calado, como se eu nem estivesse ali. – Vai me matar? – pergunto com voz de choro.

– Por que eu mataria uma pessoa indefesa como você? – ele falou sem me olhar, olhando com a atenção para a estrada.

– Para onde esta me levando moço? – perguntei novamente, mas ele continuou a me ignorar.

Entramos em uma rua deserta e sem casa, digo... Não... Há uma mansão no final da rua, uma mansão literalmente grande, algo que eu nunca vi igual!  Os porteiros abrem a porta da mansão e assim entramos. Ele estaciona o seu carro em frente da mansão enorme e sai do carro rodeando e abre a porta para mim.

– Vem. – ele diz me pegando pelo braço enquanto subimos as escadarias enormes. Passamos por um imenso jardim, pela piscina e finalmente entramos ma mansão.

A sala é ainda maior, eu me sinto pequena diante tanta Grandezas. Há lustres, escadas, moveis de uma maneira que eu nunca vi. O chão é de um porcelanato lindo, e tudo muito... perfeito!

– É aqui que você mora? – questionei encarando tudo com a boca aberta.

– É. – ele diz me levando pelo braço.

Passamos pelos corredores enormes e entramos em uma sala tipo um escritório. Há uma mesa não muito grande estilo para entrevista de emprego e é la que o homem se senta. Sento–me de frente para ele encarando a sala, há livros, abajur doces encima de uma mesa, várias cadeiras banheiro...

– Desculpe o atraso. – uma mulher diz entrando na sala.

Ela tem a pele branca e chinesa, seus cabelos são de uma tonalidade preta escura, assim como seus olhos, mas ela aparenta ser mais velha, sua roupa esta muito chique, ela usa uma saia vermelha e um body preto com um blazer por cima.

– Chegou na hora certa. – o homem diz. Ela colocou três papéis encima da mesa, mas eu nem presto atenção nisso, só penso porque estou aqui, e o que esse cara quer de mim. – Me deixa ver... – ele diz encarando os papeis – Isso, perfeito!

Ele sorriu para ela, sem mostrar os dentes. Os dois me encaram e eu abaixo a cabeça por isso

– O que foi? – digo insegura. – Por que estão me olhando?

– Caramba .... Tem certeza que quer encarar isso? – a mulher diz. Seu sotaque é diferente, assim como o do homem.

– É uma necessidade. – respondeu cordialmente.

– Não poderia ser outra pessoa? – perguntou me analisando. – Ela é tão... Sem sal, e parece ser sofrida.

– É – ele diz. – Mas ninguém a nota, é disso que eu preciso.

– Do que estão falando? – pergunto confusa. – Por que agem como se eu não estivesse aqui?

– Aqui Cecília. – ela diz vindo ate mim, e me entregou uma caneta.

– Espera... Como sabe o meu nome? – perguntei me levanto da cadeira.

– Sente–se, por favor. – a mulher diz gentilmente.

– Não eu não vou me sentar! – surto – Como sabem o meu nome? E por que estou aqui?

– Sabemos o seu nome porque temos todos os seus dados em mãos. – a mulher responde.

– O que? Como assim?

– Sente–se. – o homem diz fazendo um triângulo com as mãos.

– Eu não me sento enquanto não me falaram o que vocês querem.

– Queremos que assine esses papeis, querida. – a mulher diz pacientemente. – Somente isso.

– Papeis? – estreitei os olhos. – Para que vocês iriam querer a minha assinatura? Por que?

– Se acalme. – a mulher diz

– Não, eu não vou me acalmar não. – digo – Eu quero ir embora por favor... Não tenho nada a oferecer para vocês!

– Cecília, você precisa se sentar. – a mulher diz – E ficar calma.

– Eu não me sentar nessa droga enquanto vocês não me explicarem o que querem de mim!

– Eu estou sendo bem paciente até agora. – o homem bradou, colocando a arma encima da mesa e eu congelei no mesmo segundo. – sente–se que vamos explicar tudo para você.

Suspiro alto e me sento novamente na cadeira. Ele pega a sua arma e aponta para mim.

– Assina. – sua voz saiu fria e impaciente.

– Só pode estar brincando com...

– Eu tenho cara de palhaço para você achar que eu estou brincando?

– Senhor ...

– Não... – ele interrompeu a chinesa. – Eu sou um homem ocupado, não tenho tempo para ficar esperando a boa vontade de alguém. – ele falou pegando a caneta encima da mesa e me entregando – Anda, assina.

– Pelo menos me fala o que isso significa. – digo com medo. – Só isso que preciso saber. – Sinto a arma gelada encostar no meu ouvido.

– Eu sei que você tem uma irmã. – sussurrou em meu ouvido. – Judite, né?

– Como você...

– Eu sei de tudo o que eu preciso saber. – ele diz frio. – Agora assina esses papeis antes que essa arma vá parar na cabeça da sua irmã.

O encaro na intenção dele ter piedade de mim, mas seu olhar é frio e sem expressão, ele me olha como se eu não fosse ninguém, ele me olha com arrogância, não se importando com a minha situação.

– Tudo bem... – digo segurando a caneta.

Eu estou literalmente tremendo, começo a fazer a minha assinatura no papel e sinto sua arma relaxar na minha cabeça.


– Isso, agora o próximo papel. – a mulher diz colocando outro papel na minha mesa. Tento ler o que está escrito, mas esta em inglês, eu não entendo nada. – Por último esse. – a mulher diz e eu assino o último papel que é como se fosse um caderno com várias folhas.

Coloco a caneta na mesa e o homem pega as folhas encarando minha assinatura.

– Foi ótimo fazer esse contrato com você, senhor Adams. – a moça diz – Obrigada. – ele aperta a mão dela com um comprimento.

– De nada. Demorou, mas eu finalmente consegui. – ele diz ainda sério.

– Qualquer dúvida é só me ligar. – a mulher diz e sai da sala.

Adams se senta na cadeira me encarando.

– Me explica que papeis são esses que eu assinei. – digo com medo e ele guarda a arma na gaveta da mesa.

– Bom... Cecília – ele encara os papeis. – O ultimo papel que você assinou... aquele que parece um caderno, significa que você é a minha escrava.

Encaro–o com um olho arregalado e o outro entre aberto.

– O que? – sorrio obviamente achando tudo isso uma grande pegadinha.

– É, exatamente isso. – ele diz – Você agora é minha escrava, permita–me. – ele diz me entregando o papel e eu pego rapidamente – Leia em voz alta, por favor.

Tem uma grande parte do papel em português, parece que foi feita exatamente pra mim, então leio.

– Eu, Cecília Moura da Silva, permito passar o meu domínio para o senhor Hector Adams Collins Allen, quaisquer desobediência ao seu novo senhor a demais será punida como ele desejar, válidos como: prisão perpétua, morte, espancamentos ou castigos... Que brincadeira é essa? – digo o encarando.

– Continue por favor. – ele diz tranquilamente.

– Todas as ações no nome de Cecília não pertencerá mais a ela, ou nada que ela possua será dela obtendo um valor de direitos sobre Hector Collins, permissões terão que ser pedidas para entrar ou sair de ambos lugares...

– Leia o que não pode fazer por favor, pagina 6.

Corro ate as páginas 6 e vejo uma listas de coisas

– Fugir, desobedecer, ter atitude própria, mentir, xingamentos ou palavreados ao seu dono, enfrentá–lo, mandar em si... Que porra é essa? – digo e percebo que essa é a primeira vez que falo palavrão.

– É isso Cecília. – ele diz – Você agora é minha escrava.

– Como assim? – me levanto – Por que você faria isso comigo?

– Porque eu preciso de uma escrava.

– Mas pra que? – alterou o meu tom de voz.

Hector se levanta, vindo ate mim. Cortando qualquer distancia entre os nossos corpos, tento me afastar, mas ele agarrou–me pelo braço, me machucando com sua força.

– Nunca mais altere o seu tom de voz para o seu senhor. – ele diz e eu engulo um seco.






TUDO POR UM CONTRATO - Vol 1 - +18Where stories live. Discover now