Capitulo 6 e 7

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3 meses depois...


Muitos dias já se passaram. Didi e eu estamos sendo procuradas nos noticiários, como a dona da pousada é muito gentil, pedi a ela para não nos entregar a polícia. Eu trabalho dentro da pousada, lavando alguns banheiros e arrumando alguns quartos e ganho muito pouco, mas é o suficiente para nos manter, só estou preocupada com os estudos de Judite. Minha mãe passou na televisão preocupadíssima, chorando e fez ate uma oração com os repórteres a nossa procura, foi uma piada.

E Hector? Eu não faço a mínima ideia do que ele virou. Provavelmente deve estar me procurando, mas não sei se vai ser possível ele me achar nesse fim de mundo.

– Sente vontade de voltar? – perguntei a Ju.

É um dia de domingo e acabamos de bater um prato enorme de estrogonofe. Quem faz as compras por gentileza é uma vizinha aqui do lado, todos nos apoiam, mas mal saímos de casa.

– Não – ela responde sem pensar duas vezes – Só sinto falta dos meus estudos. Acho que terei que fazer EJÁ quando fizer 18.

– Se essa fuga realmente der certo. – digo encarando o teto.

– É verdade – ela diz – Hector deve estar te procurando, acho que isso não vai durar muito tempo já que ele tem muita grana para contratar um bom detetive.

– Judite – digo a encarando – Eu não quero ser escrava de ninguém, eu sou livre... Não quero me tornar alvo disso.

– Se pergunta o que será os outros papéis?

– Todos os dias.

– Eu também... – ela diz – O que acha de vermos um filme?

– Boa ideia – sorri indo para a cozinha preparar pipoca.

Agora que temos TV e DVD, Judite e eu estamos tentando nos atualizar dos filmes no mundo, já que na nossa casa não podíamos fazer nada disso.

O resto do dia foi perfeito. Assistimos filmes o dia todo, comemos muito, a noite e fomos dormir. Dormimos em uma cama de casal, não é tão desconfortável, o importante é Judite estar comigo, só isso.

Acordo no meio da madrugada com alguém me pegando no colo. Meu sono costuma ser muito pesado as vezes.

– Mas o que é isso? – digo tentando sair do colo do homem alto, negro e de um terno perfeito – me solta!

Vários homens estão na minha casa, uns usam lanterna ao invés de acender a luz, procuro Didi por todos os lados, mas não encontro.

– Cadê a minha irmã? – perguntei, mas o outro cara tampou a minha boca com um pano preto.

Saímos da pousada e eles deixam a porta aberta como se fosse uma invasão. Eles me colocaram dentro de um carro branco e pra minha surpresa Judite esta lá. Ela esta algemada e com um pano amarrado na boca igual a mim. Eles pegam meu braço com brutalidade e colocam uma algema também, já sabemos quem é porque esta na cara. É obvio que esses homens são detetives de Hector.

Didi e eu estamos descalças. Eu uso uma saia comprida e uma blusa de manga nada bonita, ela também usa uma saia e uma camiseta que só usamos em casa.

Não demora muito e chegamos na mansão, de noite ainda é mais linda. Já ate espero Hector vir gritar comigo como se me ceder em ser escrava dele realmente é o certo a se fazer.

Assim que saímos do carro percebo que o porteiro não é o mesmo, subimos as escadas enormes, sinto meus pés na grama bem cortada próximo do jardim. A água da piscina é tão limpa que reflete a lua, entramos na mansão de Hector, o chão está muito gelado. Os homens nos deixa em uma sala enorme, e Judite se aproxima de mim

– Vai dar tudo certo – sussurro para ela – vamos conseguir sair daqui.

Ela assente e nessa mesma hora Hector aparece. Olho para ele repentinas vezes tentando desviar os olhos. Ele usa uma camiseta cinza e uma bermuda fina, ele vem andando ate o sofá de frente para Didi enquanto toma alguma coisa em uma xícara branca. Sua cara esta séria, e ele parece bem nervoso.

– Onde está a seringa? – ele pergunta e a mesma mulher chinesa que me obrigou a assinar os papeis aparece com uma caixinha dourada nas mãos.

– O que é isso? – pergunto enquanto a mulher vem ate a mim com uma seringa enorme

– Essa seringa veio junto com o contrato da escravidão – Hector diz – É o que os presidiários ganham na pena de morte. – ele toma do seu café.

– O que? – digo me levantando, mas um homem me faz sentar novamente – Não faria...

– Ele faria. – a mulher chinesa diz.

– Não – Judite diz – Senhor Adams, por favor... Dê mais uma chance pra minha irmã?

– Não sou de dar duas chances. – ele diz – Yoto, pode aplicar.

Yoto pega o meu braço para aplicar o líquido na minha veia, mas eu a empurro.

– Hector, por favor – digo em meio ao choro – Vamos conversar, eu não vou mais desapontar você, eu juro que...

– Eu sinto muito Cecília. – ele me interrompe – Eu demorei mais de meses por causa desses papéis, meses! Você achou que eu estava brincando?

– Não compreende o meu lado?

– Você não tem mais lado, você é uma escrava! – ele cospe as palavras – Só tinha que aceitar isso.

Hector sabe que ele é bonito, rico, e que tem poder. Isso o faz desumano e cruel.

– Tudo bem, eu aceito. – digo interrompendo Yoto – Eu juro que aceito.

– Não consigo acreditar em você de novo – ele diz – Yoto, por favor, aplique...

– Eu já disse que juro! – choro – Por favor, eu faço tudo, tudo o que você quiser!

– Já estou fazendo outros papeis para outra escrava. – ele diz – Sinto muito Cecília.

– Meu Deus, isso não está acontecendo! – Judite diz tampando o rosto.

Yoto enfia agulha no meu braço, mas eu a empurro antes que ela conseguir aplicar.

– Hector, por favor – digo me ajoelho porque essa foi a única solução que achei – eu tô implorando por uma chance – digo – Eu faço tudo o que você quiser.

Hector me encara confuso. Ele toma um gole enorme do seu café e suspira alto escorando no sofá

– Tudo bem. – ele diz – Uma chance.

– Hector... Não é uma boa ideia – Yoto diz – Ela e a irmã dela irão contar.

– Não vão – Hector diz – Se não as duas morrem.

– Tudo bem. – Judite diz – não vamos contar.

Hector me levanta pelo braço e fixa seus olhos nos meus.

– Nunca se humilhe de joelhos para ninguém – ele diz – Vá para a casa.

– Por que me quer como escrava? – pergunto piscando forte pra última lágrima cair.

– Uma coisa de cada vez. – ele diz saindo da sala.

E antes que eu peça explicações os homens pegam Judite e eu e colocam dentro do carro nos levando para casa.

– Estou com medo. – ela diz.

– Eu estou com você. – digo entrelaçando seus dedos nos meus – Não vou deixar que nada de ruim aconteça com a gente.

Chegamos em casa e tudo esta escuro. O detetive de Hector nos deixa na porta de casa e batemos, não demora muito para minha mãe abrir.

– Meninas... – minha mãe diz nos puxando para um abraço apertado.

Nós três meses que se passaram, Didi e eu aprendemos tanto a nos virar sozinha... É como se não precisássemos de mais ninguém.

– Oi mãe. – digo enquanto entramos.

Evandro aparece na sala e eu o encaro com os olhos estreitos.

– O que aconteceu com vocês? – ele pergunta friamente.

– Fugimos. – digo – Eu obriguei a Judite fugir comigo e ela veio.

– Por que fizeram isso, filha? – minha mãe pergunta aos prantos.

– Porque esse homem me abusou mãe, e você sabe disso! – digo e ela encara o chão – Por isso fugimos.

– Vá para o quarto! – Evandro diz. – As duas!

Didi e eu fomos para o meu quarto e assim que entramos fechamos a porta. Minha mãe e ele começam uma discussão sem parar, não senti nem um pouco de falta do meu quarto, desse lugar onde eu cresci e tive a pior infância que uma criança poderia ter.

– Ele vai nos bater. – Judite diz esfregando os dedos se nervosismo.

– Eu sei – digo com medo encarando a porta que se abre.

Evandro entra e encara nós duas, minha mãe provavelmente esta no quarto

– Vá para o seu quarto. – Ele diz para Judite e eu sinto um alívio por ser eu e não ela.

Ju me encara e eu dou um sinal para ela de que ela pode ir e assim ela faz.  Depois que ela saiu do quarto, Evandro fechou a porta e se aproximou de mim.

– Fugiu por que estava com medo de mim? – ele perguntou,  mas eu continuei em silêncio. – Calma... Não precisa me olhar dessa forma.

– O que você quer? – digo endurecendo a voz.

– Quero que você escolha. Hoje eu te dou esse direito. Prefere que eu abuse de você, ou te dê uma surra? – ele diz tirando o seu cinto de coro – Ah vai... Eu sei que você não quer apanhar – ele sorri – Prefere que eu abuse de você não é?

– Sai do meu quarto! – digo cerrando os dentes. – Como pode ter virado um mostro do dia pra noite?

– Ainda não ouvi a sua escolha – ele diz vindo até a mim e acariciando meus cabelos – Prefere que eu abuse de você?

– Não.

– Sabe que isso vai doer então não é? – ele diz – Sabe que eu só vou parar quando eu me cansar.

Continuo na cama encolhida e Evandro pega o impulso do seu cinto para acertar em mim

– Ok – ele diz – como você preferir.















Capítulo 7

TUDO POR UM CONTRATO - Vol 1 - +18Where stories live. Discover now