Capítulo 2

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– Didi... – digo engolindo em seco. – Como assim ele tem visitado o seu quarto?

Ela me encara um pouco inquieta e percebo que ela esta tremendo.

– Ele entra lá – ela diz esfregando os dedos uns nos outros – e depois... Ele sempre diz "isso é para o seu bem, Deus irá te recompensar por isso" – ela sussurra – Aí depois ele se senta na minha cama e começa a tocar o meu corpo.

Sinto meus olhos arderem em chamas por isso. Aos meus olhos, Evandro era um exemplo de homem, ele nos ajudou, ajudou a minha mãe, nos tornou dependentes dele para tudo. A nossa mãe não trabalha, ela vive da moda antiga em que lugar de mulher é cuidando da casa. Ele sempre nos chamou de filha, nos dá presentes, como ele pode destruir algo e alguém como Judite?

– Ju. – digo enquanto acaricio seus cabelos. – A quanto tempo isso já vem acontecendo?

– 3 meses. – ela enxuga as lágrimas.

– Isso tudo? – arqueio as sobrancelhas e a Didi balançou a cabeça afirmando. – Por que não me contou?

– Ele disse que se eu conta–se para alguém, ele iria fazer a cabeça da minha mãe para me colocar em um colégio interno – ela suspira. – E Lia... Eu não quero ir para um colégio interno.

Puxei Didi para um abraço e ela se afunda no meu ombro. Meu ódio por Evandro se fez tudo agora, eu sei que peco por isso, mas... Se ele morresse agora, eu não me importaria.

– Temos que falar para nossa mãe e acabar com isso!

– Ela não vai acreditar Lia – ela olha para o teto. – E mesmo se acreditasse... Se Evandro for embora o que será de nós três?

– Você ainda é pura? – perguntei sentindo o meu peito doer, ela se deitou na cama, chorando alto.

Deitei junto com ela, me permitindo chorar também por isso, ela chora a plenos pulmões e eu me encolho junto com ela.

– Me perdoa. – digo entre soluços. – Eu deveria ter te protegido, deveria ter feito alguma coisa!

– Ninguém podia faze nada. – ela diz. – Ninguém pode me ajudar!

Ficamos assim, abraçadas e chorando juntas. Eu não sabia o que fazer, diante de Evandro, eu não sou nada. Irei iniciar amanha na faculdade, não tenho experiência em nada e muito menos dinheiro.

– Cecília, Judite esta ai? – ouvimos a voz de Evandro. – Ela não esta no quarto.

Olhei para a minha irmã, eu já estava mais nervosa que ela. Sabíamos muito bem por qual motivo ele estava procurando por ela...

– Droga! – Judite diz baixinho. – E agora?

– Não sei, não quero abrir a porta. – digo e ela balançou a cabeça, nervosa.

– Lia... Ele não pode saber que eu te contei, por favor...

– Ta bom. – digo e nessa mesma hora Evandro abre a porta.

Ele tem a chave do meu quarto. Privacidade? O que é isso?

– O que está fazendo aqui? – ele pergunta para Didi e eu não consigo disfarçar o meu olhar de ódio – e vocês duas estavam chorando?

– Didi vai dormir comigo. – digo mantendo a postura, mesmo querendo gritar e dizer tudo que está preso em minha garganta.

– Não! – ele diz me encarando serio. – Cada um em seu devido quarto.

Eu tenho tanto medo de enfrentar minha família, sei que eu não garanto com ele. Sou fraca demais para isso...

– Hoje ela dorme comigo. – digo segurando o braço de Judite

TUDO POR UM CONTRATO - Vol 1 - +18Onde as histórias ganham vida. Descobre agora