De mãos dadas

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Tulipa


       Estávamos no salão comunal e, por algum motivo curioso, estava sentada no chão em frente à Badeea, que lia na poltrona.

- Eu já disse, Dee! Eu não estava lá com essa intenção, só aconteceu. E, bem, ficou claro que ela não quer só amizade, ela quem me beijou sem eu fazer nada, nem mesmo olhava pra ela.

- Você sabia dos riscos... e fala como uma boba apaixonada.

Sorri ainda mais, levantei-me e sentei-me no colo dela, na poltrona, e a abracei pelo pescoço.

- Ela me beijou e eu... Eu não deixei.

- Alguém tem que ser a inteligente nessa relação. Por isso sou sua amiga.

- Não é isso. Ela é tão... espontânea. - suspirei e encostei a cabeça junto à cabeça dela - Eu não consigo ser assim, ela simplesmente faz. Eu queria muito beijar ela de volta, eu queria, eu quero, mas eu tenho que pensar ao longo prazo. Não posso perdê-la de novo...

Notei que ela estava um tanto tensa, embora não conseguisse achar um real motivo para isto.

- Às vezes...

Respirei fundo, suspirei, fiz tudo que uma boba apaixonada faria.

- Às vezes, o quê? Pode me contar.

- É que... às vezes eu só queria pular com ela nesta impulsividade que ela tem... às vezes eu só queria que ela me pedisse pra pular com ela nisto tudo... Ou que pegasse minha mão pra isto porque eu não consigo sozinha. Eu sinto como se... se ela me pegasse e falasse a coisa certa, eu me renderia.

- Tulipa, eu nunca ouvi você falar coisas assim sobre a Skye.

- Eu não quero falar da Skye.

- Por que? Você não sente mais nada por ela, certo?

- Exatamente, Badeea. Eu sinto carinho e um sentimento bom em relação ao que tivemos, mas este tipo de sentimento, eu não sinto. E você insiste em colocar a Skye no meio, mas não tem espaço pra Skye em mim. Fora que meu relacionamento com a Skye me relembra o meu antigo eu.

- Como assim?

Respiro fundo e saio do colo dela, e volto ao chão.

- Você sabe, Badeea. Eu traí a Mérula e por muito tempo pensei que não podia ter amigos, que não era digna, e ela acabou literalmente se tornando meu bicho papão; eu abri a primeira Cripta maldita com a Mérula e depois tranquei a sala do Jacob, tendo eu uma chave e a Mérula outra. Foi aí que a trai; eu quase coloquei fogo, acidentalmente, no corujal; Fui abordada por Rakepick ainda no terceiro ano e passei a espiona-la; eu fui uma das primeiras a cair na maldição do sonambulismo no terceiro ano e ainda no início do quarto ano eu terminei com a Skye... enfim, foi depois de Gabriela Smith que tudo mudou. Ela me fez acreditar que eu podia sim ter amigos e que minha busca por pessoas "superiores e Inteligentes" era em vão. Foi depois da Gabriela Smith que me permiti chegar até a minha atual melhor amiga no meio do quarto ano, a Tonks. Eu sou outra pessoa agora, eu sou sua amiga agora... sabe, eu era só uma garota reprimida pelos pais e suas malditas infinidades de regras, atraída por confusão alheia e por pessoas independentes.

- Mérula Snyde... - revirou os olhos

- Isso. Minha amizade com ela era fruto de uma criança rebelde e irada. Você sabe, os pais da Mérula estão em Azkaban... Agora sou livre, não sigo regras, mas faço isto por mim e não para punir os meus pais.

- Eu não entendo, por que conta tudo isto pra mim e não pra Tonks, que é sua melhor amiga?

- Você, a Tonks, a Gabriela... vocês me vêem como uma pessoa super segura, mas eu tenho minhas recaídas. Falar com você sobre os meus problemas e ganhos, seja com a Tonks ou não, é o meu meio de não me fechar pras amizades... veja, eu nunca falaria essas coisas pra Gabriela Smith, mesmo ela sendo importante pra mim... na verdade, acho que ela sequer sabe que somos tão amigas, Baddie, ela só me vê com a Tonks.

I will not forgetOnde histórias criam vida. Descubra agora