O Filho de Hades

Capítulo 21 - Είκοσι ένα

[ Notas iniciais: eu postei a playlist do spotify "do jungkook" no twitter. Mas se eu fosse escolher músicas para esse capítulo seria "put it on me" do Matt Maeson, "Achilles come down" de Gang of Youths e "Mount Everest" do Labrinth. Se eu fosse vocês eu ouvia elas antes ou depois da leitura hein :)]

Se não há ninguém para culpar, coloque a culpa em mim.
Tempestade nos céus, chamas nas ruas
Se não há nada além da dor, 
coloque-a em mim.
Você é a prova inescapavelmente fria
Você é a maldade
O caminho na vida e na verdade.
Você é o começo do renascimento
Você é o genocídio
E eu estou assistindo-o maravilhado.

— Matt Maeson.

A procedência dos acontecimentos era imutável, não havia volta. Não havia nenhuma flecha do destino que poderia simplesmente ser disparada para mudar os acontecimentos. Não havia nada que pudesse retirar a dor que o filho da deusa da sabedoria sentia. Ela imperava gloriosamente em seu corpo, tomando seus sentidos e expandindo para todas suas extremidades, mas por algum motivo, talvez pelo medo ou adrenalina, a dor era mais como uma queimadura agonizante ou invés de latejar como uma facada. Claro, ainda era tirana, pois ainda que Jeon fosse muito resistente à dor, nunca havia tomado um tiro à queima roupa. Ele sentia-se febril. Antes, não havia temido tanto enquanto nos andares acima conseguia escapar dos projéteis, mas ali, sentindo-o queimar em sua barriga, não tinha muita confiança em sua coragem. De fato, sua pressão estava caindo aos poucos e os dedos, que apertavam a jaqueta daquele de íris avermelhadas pareciam se afrouxar no tecido com o passar dos segundos.

Jungkook não era um imortal, apenas um afortunado. Bom, pelo menos era o que o povo comum acharia. Para ele e para Taehyung, eles eram apenas aleatoriamente azarados.

Assim, sob os braços fortes do filho de Hades, Jungkook parecia ignorar toda a sonoplastia caótica que os rodeavam naquele lugar. Ele realmente não prestou atenção em como Park Jimin e Lee Taeyong se puseram na frente dos dois, como um escudo humano — ou duas bestas ferozes prontas para a atacar. Os policiais, receosos por tudo que estava acontecendo, esperavam o próximo movimento para um segundo disparo, afinal, não poderiam se dar o luxo de disparar mais uma vez sem uma justificativa de ameaça. Não queriam ser tão corruptos assim, pois tinham protocolos estúpidos a serem seguidos. Então, oras, um tiro inicial era só uma cortesia pelo o que aqueles jovens haviam causado, não? Eles eram uma ameaça.

Bom, o problema era que os policiais ainda não sabiam com quem estavam lidando. Não sabiam que aqueles jovens estranhos eram filhos dos deuses do mundo e se quisessem ser cruéis, não os restariam nada além de suas sepulturas.

A matemática era simples. Jungkook e Jimin não matariam ninguém, eram celestiais e bons demais para isso. O mesmo não podia ser dito sobre Taehyung e Taeyong, o primeiro sendo uma prole proibida, tudo devido ao poder que podia carregar; O segundo se justificava pelo fato dele ser um homem consumido pela loucura e o fanatismo, um insano com alguns princípios remanescentes, talvez.

— Droga... Droga, Tae. Está muito feio? — Jungook deixou a Espada de Atena cair no chão e levou a palma para onde havia levado o tiro. O projétil preso em suas entranhas e queimando a carne lá dentro, agonizava-o.

A bala havia perfurado alguns dedos à esquerda de seu umbigo. Era um lugar perigoso. Se tivesse levado um tiro em seu ombro, certamente não estaria sentindo tanta vertigem, mas ali ele sabia que provavelmente estava sofrendo uma hemorragia interna e caso não fosse um semideus, morreria. Seu exício talvez seria ali mesmo, sob aqueles braços mornos e aconchegantes. No final das contas, ter sido um aluno esplêndido, um garoto forte e ter confessado seu amor não teria valido de nada. Mas não pensaria nisso, assim, depois de perguntar sobre sua condição, levantou os dedos trêmulos no alcance de sua visão e viu o sangue quente e carmesim que banhava seus dedos. Não era uma surpresa, afinal, Jeon claramente sentia o líquido sendo jorrado pelo buraco e escorrendo por suas roupas. Ah, estava completamente sujo, uma bagunça.