Capitulo 5 - πέντε

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ATENÇÃO: (Podem conter cenas fortes de tentativa de abuso) >> vocês vão perceber, podem pular a parte, sem pular o capitulo (vou avisar colando esta marca " •" no começo e no fim dessa cena para que vocês não percam partes do enredo).  Não é nada TÃO FORTE, então realmente não creio que seja necessário, mas tem leitores que não gostam. Fiquem bem, amo vocês.

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Inverno de 2005, Orfanato Ujeong Busan.

Branco. Branco era como Jeon Jungkook descreveria a paisagem. O céu era tão claro que olhá-lo fazia seus pequenos olhos doerem, assim como seus dedos, que tremiam com o frio daquela manhã. A neve caia lindamente pela rua e brincava com a paisagem, tornando-a bela, mas também triste.

O mundo era somente branco aos olhos de Jeon, que observava aquela rua solitária pela janela. Mas não era tão branca quanto as memórias do garotinho de oito anos que só queria sair para brincar naquela neve, a fim de esquecer suas frustrações. Aliás, nunca soube de sua mãe, não lembrava de seu pai e certamente não recordava do dia em que viera morar em um orfanato.

Dizem que a cor branca representa a paz de espírito, mas para Jeon, essa cor só representava a solidão de seu coração e o esquecimento de sua alma. Aliás, nunca ninguém adotaria um garoto estranho como ele, com pesadelos constantes e déficit de atenção.

- Ei, não fique aí parado, estão servindo chocolate quente - um garotinho cutucou seu ombro, fazendo Jungkook olhá-lo. - Vai acabar.

Era a primeira vez em que conversavam e o pequeno Jeon julgou terem a mesma idade. Era estranho conversar com outras crianças, pois sempre estivera sozinho, brincando sozinho, comendo sozinho e estava acostumado com isso. Afinal, sua vida era um grande e monótono branco.

- Quem é você? - respondeu seco.

- Park Bogum, tenho nove anos. E você? - Jungkook pensou em manda-lo embora, mas seu coração aqueceu-se. Pois apesar de Jeon conservar machucados que ele nem mesmo sabia de onde vinham, ainda era uma criança infantil e inocente.

- Jeon Jungkook, oito - respondeu e virou o rosto para a janela, assoprando o vidro e desenhando com seus dedinhos sobre a condensação que se formava ali.

- Uau, como você fez isso? - o pequeno Bogum aproximou-se de Jeon e segurou as mãos do outro com os olhinhos brilhantes.

Jungkook afastou-se rápido, pois o toque de outras pessoas era estranho para ele. Nunca havia sido abraçado, assim como nunca ninguém havia segurado suas mãos. Mas era quente e bom. Por um momento Jeon quis sorrir.

- I-isso o que, menino?

- Essa fumacinha no vidro da janela. Faz de novo! - Bogum segurou novamente suas mãos e sorriu. Dessa vez Jungkook não se afastou, não o olhou feio. Simplesmente sorriu de volta, ainda que não fosse muito bom nisso.

Ele se perguntava como um garoto de nove anos de idade não sabia como fazer desenhos no vidro com o próprio bafo. Era demasiado estranho, mas mal sabia ele que Bogum também tinha sua própria história triste, tão quanto a dele.

- Você solta seu bafo perto da janela assim, aí o ar vai condensar - Jeon assoprou na janela. - Então você consegue desenhar. Tenta.

Bogum assoprou no vidro com os olhos bem abertos, como se não quisesse perder nem um momento do que estava fazendo e Jungkook achou adorável, principalmente quando Bogum desenhou um coelhinho na janela e escreveu "J.J" abaixo de sua arte ingênua e meio feia, fazendo o mais novo o olhar curioso.

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