O Filho de Hades

Capitulo 18 - δεκαοκτώ

Nessa casa de corações partidos
Nós construímos nosso amor
baseado em probabilidades
E sim, tentamos nos manter firmes
Porque nós sabíamos que nosso
amor era difícil de encontrar

Fuligem. Fuligem era o gosto da boca de Taehyung nos lábios de Jeon Jungkook. Ele não se importava, nem um pouco. As sensações sinceras de saudades junto com os movimentos de línguas dançantes e tão bem conhecidas superavam qualquer interferência mínima. A verdade era que o filho de Atena e o filho de Hades perdiam-se em seus mundos com aqueles beijos deleitosos, entrelaçando mãos, bagunçando cabelos e trocando calores, mesmo que o fogo da explosão ainda aquecesse aquele ar rarefeito e fétido.

Necessitados, tristes e incompreensíveis, eles deixavam de trocar farpas para compartilhar sentimentos, os quais descobriam aos poucos o verdadeiro significado. Um toque de dedos, era uma ideia. Um selar casto de lábios, era um reconhecimento. Um entrelaçar de mãos, uma conclusão. Mas, ainda assim, o que ambos sentiam naquele momento, parecia confuso demais para descreverem. No entanto, eles sabiam de uma coisa: precisavam um do outro. Não era necessidade, nem dependência, era só que aquela vida nem tão humana, parecia fazer mais sentido quando estavam num mesmo plano, pois quando Jungkook estava com Taehyung, não parecia ser um louco ao entender corujas ou ao falar com Héspero, já que o homem no qual estava apaixonado conseguia fazer surtir fogo dos dedos e abrir buracos para o Tártaro.

Uma combinação confusa e interessante. No final, era um grande foda-se. O caos não eram as flechas de Moros nas mãos de Hades, era Kim Taehyung nos braços de Jeon Jungkook, domado e tolo. Ele não negaria isso, gostava desse caos.

- Você veio atrás de mim... - Taehyung disse, depois de puxar o lábio inferior de Jungkook com os dentes.

- Eu também disse que estou completamente apaixonado por você - respondeu o garoto, colocando as mãos no bagunçado cabelo loiro acizentado do outro. Com as bocas roçando, Taehyung não pode evitar sorrir.

- Obrigado.

- Pelo o quê? - perguntou Jeon, puxando as mãos de Taehyung pra trás de sua cintura.

- Por prometer aquecer meu coração.

Taehyung gargalhou rouco ao confessar sua agradecimento, permitindo-se puxar o queixo de Jeon com seus dedos em um último selar. Deixou assim que suas salivas quentes se misturassem em meio a toda aquela confusão, fundindo as línguas em um beijo silencioso e lento. Os lábios enroscavam-se de forma bela, assim como o som do ósculo, que cantava como um poema molhado e cheio de tensão. Jungkook, sentindo seus músculos cansarem, relaxou a boca, pendendo sua testa na do loiro e deixando um suspiro longo escapar de seu sorriso. Estava feliz.

Eles precisavam se resolver, pois ainda tinham problemas, mas... Estavam felizes.

- Vamos sair desse festival estúpido - disse Jungkook, segurando a mão de Taehyung e o puxando em direção a universidade.

Antes de deixar a estrada, ele chutou o maldito capacete trincado para longe e limpou as lágrimas que ainda escorriam do rosto.

Park Jimin pareceu surpreso ao ver Jungkook segurando as mãos de Taehyung enquanto subiam as escadas do lago da Triskle. Ao seu lado, Hoseok segurava um bolo e um guarda-chuva. Do outro, Yoongi analisava as roupas rasgadas do amigo filho de Hades e o sangue seco que descia por sua têmpora até parar no queixo. No fundo daquelas duas silhuetas, o resto da fumaça decorava o céu, por trás das árvores, como um grande show confuso.

- Avise Lee Taemin que Park Bogum está na Triskle. Avise a todos - Jungkook disse para Jimin e sorriu minimamente perverso, não porque eles gostava daquilo, mas porque tinha sede de sangue daquele que tentou machucar uma das pessoas mais importantes de sua vida.