Capítulo 11 - Desista

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- Hey, o que aconteceu? - Perguntou Margot fazendo um leve carinho em minha bochecha.

- Ela me odeia, Margot. – Falei baixinho olhando para baixo. A loira me puxou para um abraço.

- Ela quem? – Perguntou esfregando minhas costas. Me separei do abraço e a encarei.

Ela pareceu entender e me puxou para uma sala vazia. - Isso não é verdade... Não é que ela te odeie, é só que... ela é amargurada mesmo.

- Quem é amargurada? - Perguntou Robert entrando na sala. Engoli em seco com o susto leve.

Margot me olhou com o cenho franzido, seu rosto ainda embargado em preocupação. Ela beijou minha testa e me puxou para um abraço. Escondi meu rosto em seu pescoço respirando fundo o seu delicioso perfume, percebi ela ficar arrepiada e soltar um riso fraco com isso.

- Quem você acha? - Margot perguntou cínica.

- Eu não sei mais o que eu posso fazer... - Falei me separando do abraço, mas as mãos de Margot permaneceram em minha cintura. - Se eu faço alguma coisa certa, não é reconhecido, ela nem mesmo agradece, mas se eu faço alguma coisa errada ela é... terrível.

- Então desista. - Robert disse simples sem me olhar enquanto continuava seu trabalho olhando algumas fotografias.

- O que? - Margot e eu perguntamos ao mesmo tempo. Ela me encarou e balançou a cabeça negativamente surpresa.

- Desista... Eu consigo outra pessoa para esse emprego em 5 minutos... alguém que realmente queira. - Robert apontou a caneta que usava em minha direção.

- Mas eu não quero desistir, não é justo. - Suspirei em derrota. - Eu só queria receber um pouco de reconhecimento... Eu to me matando e tentando muito.

-Aah, Addy.. Cai na real. Você não está tentando... está lamentando. O que quer que eu diga? Coitadinha... Scarlett injusta que coisa, tadinha da Addy. - Falou sarcástico. Olhei para ele perplexa. - Acorde, garota! Ela está fazendo o trabalho dela. Não sabe que está trabalhando onde se publica os melhores artistas do século? Houston, Lagerfield, De La Renta, e o que conseguiram... o que criaram... foi muito maior do que arte.

Fiquei sem reação olhando para Robert. Ele parecia extremamente irritado com o meu pouco caso sobre a revista, parecia que eu tinha acabado de pisar bem firme em seu calo. A essa altura eu nem me lembrava o motivo de eu ter ficado tão mal, mesmo sentindo que ainda estava extremamente exausta psicologicamente.

- Porque vive-se para isso. Não você, é claro, mas algumas pessoas. Acha que isso aqui é apenas uma revista? Não, isso aqui não é apenas uma revista. - Seus olhos me penetraram com tanta intensidade que me obriguei a dar um passo para trás. Senti Margot me segurara pela cintura ainda mais firme. - Isso aqui é um arauto de esperança para sei lá digamos um garoto de Rhode Island com 6 irmãos que finge ir em um treino de futebol, mas na verdade está indo na aula de costura e lê Marvel sob as cobertas de noite com uma lanterna. Você não tem ideia de quantas lendas já passaram por aqui e o que é pior... você nem liga.

Robert jogou seus braços para cima após jogar alguns papeis em sua mesa de forma agressiva. Meu Deus, parece que eu ofendi a santíssima Trindade.

- Muitas pessoas morreriam para trabalhar nesse lugar que você desdenha. E ainda quer saber o porquê ela ainda não beija a sua testa ou uma estrelinha na sua testa por uma tarefa feita no fim do dia. - Ele encostou seu dedo em minha testa levemente. - Acorda querida.

Fiquei atordoada por longos minutos olhando para um ponto fixo no chão. Ele estava certo, em partes, é claro. Eu ainda acho muita coisa um absurdo.

- Mas convenhamos que a Scarlett pega pesado em muitos requisitos. - Protestou Margot após um tempo em silêncio.

- Ela nos cobra bastante porque sabe que podemos fazer melhor. - Robert respondeu prontamente defendendo sua chefe como um bom criado fiel.

- Ok, estou estragando tudo. Eu não quero isso, o que eu posso fazer pra... - Uma ideia rapidamente surgiu em minha cabeça e se eu começasse por... - Robert? Robert, Robert.

-Ah não... - Ele me olhou sério enquanto eu sorria.

- Eu infelizmente tenho que voltar ao trabalho. - Suspirou Margot. - Você vai ficar bem?

Concordei com aceno e um leve sorriso. Abracei ela novamente sussurrando um agradecimento em seu ouvido a vendo se arrepiar novamente.

- Se precisar de mim, me manda uma mensagem. - A loira depositou um pequeno beijo em minha bochecha antes de sair.

Olhei para Robert que me lançou um olhar indecifrável, mas um leve sorriso descansava em seus lábios enquanto seu cenho estava franzido.

- Vocês duas...? – Perguntou sugestivamente. Neguei rapidamente rindo. Após um silêncio entre nós ele suspirou em derrota e me encarou ficando de pé. – É o seguinte... Vai vestir o que eu disse e vai adorar e depois vamos ao salão hidratar seu cabelo.

Scarlett P.O.V.

Muitos me questionariam sobre ter contratado aquela garota, a Adelaide. Até eu me questiono sempre quando ela deixa a desejar não fazendo seu trabalho como deveria. Sem contar sua forma de se vestir, ela não sabe se decidir se quer ser séria ou usar um look mais casual com uma mistura urbana. É uma confusão!

Confesso que deixá-la nervosa é algo que eu gosto, é adorável como seus olhos espantados me encaram e ela morde a parte interna da bochecha por conta do nervosismo ou como as pernas dela vacilam quando eu dirijo minha atenção a ela... isso é até sexy.

Eu estava chateada por não ter conseguido voltar a tempo para ver o recital de Rose e confesso que Adelaide não teve culpa, mas acabei descontando nela. Quando ela saiu da minha sala com lágrimas nos olhos, me segurei ao máximo para não correr atrás dela e a abraçar. É tão estranho a forma como essa mulher me chama a atenção, tento ser o mais fria possível com ela, mas as vezes não adianta.

Na sexta-feira quando sai da minha sala dando de cara com Margot conversando com Adelaide, me senti um pouco irritada, talvez por elas não estarem fazendo o seu trabalho, mesmo já estando na hora de elas irem embora. E outra, eu não pago elas para paquerarem no trabalho, e era exatamente isso o que elas estavam fazendo: paquerando.

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