Capítulo 31 - Matemática Básica

1K 118 15
                                    

Adelaide P.O.V.

Funguei baixinho secando as pequenas lágrimas que teimavam escorrer de meus olhos. Por que Scarlett precisou me tratar daquele jeito? Eu odeio me sentir dessa forma, como se eu devesse algo a ela e por isso eu merecia ser tratada assim sendo que NÃO temos nada sério. Qual é a porra do problema dela? E qual é a porra do meu problema?

Caminhei rapidamente pelos corredores da revista tentando chegar até Robert, mas no caminho eu acabei esbarrando em alguém. Tentei continuar andando, mas a pessoa agarrou o meu braço e me puxou de volta para perto dela.

- Addy? Por que você está chorando? - Perguntou Margot. Tentei responder algo para ela, mas as lágrimas começaram a escorrer de vez. Eu sou tão patética. - Shiii, tá tudo bem, eu estou aqui.

Margot me segurou firme e eu me deixei desabar em seus braços, eu até me senti segura ali neles, o que era bom, eu precisava me sentir confortada. Ficamos um tempo abraçadas, eu já havia parado de chorar, estava só desfrutando da sensação de acolhimento. Algumas pessoas até paravam e perguntavam se eu estava bem, mas para a minha sorte, Margot as dispensava rapidamente.

Senti um olhar queimar no lado esquerdo do meu rosto, quando eu olhei para a direção dessa sensação, senti meu coração subir para a boca. Scarlett me olhava com ainda mais raiva do que da última vez, se eu não tivesse abalada pelas lágrimas de antes eu diria que ela também estava com os seus olhos marejados, mas isso seria impossível. Me separei rapidamente de Margot que me encarou sem entender, Scarlett negou com a cabeça e saiu dali me deixando com as pernas fracas. Agradeci a Margot e menti dizendo que precisava voltar par o trabalho, ela estava relutante em me deixar, mas acabou cedendo quando percebeu que precisava voltar ao seu trabalho.

Voltei correndo para a minha sala. Brie me olhou assustada por eu ter entrado rapidamente, sussurrei um pequeno pedido de desculpas e me dirigi para a porta de Scarlett que estava fechada novamente.

- Eu não entraria aí se fosse você. - Sussurrou um pouco alto me olhando atenta. - Ela está mais brava do que de costume.

- Infelizmente eu tenho que enfrentá-la agora. - Respondi. Brie deu de ombros sussurrando um "boa sorte". Suspirei tomando coragem, ela teria que me ouvir.

Abri a porta e fechei rapidamente. Scarlett parecia atordoada andando de um lado para o outro no canto esquerdo de sua sala, perto de um sofá colado na janela. Ela me encarou com ódio estampado em seu rosto, só faltava ela pular em meu pescoço. Engoli em seco.

- Saí.Da.Porra.Da.Minha.Sala. - Falou pausadamente. Era nítido o esforço que ela fazia para não surtar novamente e com toda a certeza do mundo eu estava testando a sua paciência.

- Não vou sair... - Falei firme recebendo outro olhar de ódio da mais velha.

- Por que você não volta lá para a Margot e se enfiem em uma sala vazia para transarem? - Perguntou raivosa. - Se é que já não fizeram isso...

- O que?

- Ah Adelaide! Você acha que eu sou burra? - Perguntou e soltou outra risada falsa. Era de se assustar com o seu comportamento assustador, mas eu tinha que me manter firme. - Eu sei que foi com a Robie que você transou.

- Como que... - Fui interrompida rapidamente.

- Ah faça-me o favor, Adelaide... - Riu sarcasticamente de novo ao se aproximar de mim. Tentei permanecer em meu lugar, mas vacilei dando um passo para trás. Seu rosto estava extremamente vermelho e uma veia estava saltando do seu pescoço. - Eu vi a porra de um chupão no pescoço dela... era só juntar 1+1, Adelaide! Matemática básica. Vocês não fizeram o mínimo de esforço pra cobrir o rastro em ambas.

Scarlett me deu as costas andando até a sua grande janela olhando para algum ponto aleatório no horizonte. Eu sentia meu peito subindo e descendo como se eu tivesse corrido uma maratona, minha cabeça ardia juntamente com a minha garganta e olhos. Johansson tinha uma visão boa, porque nem eu que estava cara a cara com Margot percebi o chupão no pescoço dela, mas Scarlett à distancia viu. Jesus!

- Por que não volta pra ela? - Perguntou agora com a voz mais calma, mas ainda carregada de irritação. E agora quem estava ficando irritada com tudo isso era eu.Eu não iria ficar quieta novamente ouvindo ela me destratar.

- Quem sabe eu volte mesmo. - Explodi atraindo a atenção da loira que se virou rapidamente com um olhar surpreso e resquícios de mágoa em seus olhos verdes. - Porque pelo menos ela não me trata feito um brinquedo sexual, porra!

- Como é que é? - Scarlett me olhou indignada. Sua boca entreaberta e mãos na cintura a deixavam ainda mais sexy, mas agora não era hora pra isso. Eu precisava focar na minha irritação.

- Eu gaguejei? - A Adelaide de 13 anos vibrava dentro de mim por ter dito isso. Confesso que foi libertador. - Você não tem direito algum de ficar com ciúmes sendo que tudo o que você quis foi usar o meu corpo e eu como uma idiota aceitei porque infelizmente eu estou apaixonada por você!

Scarlett me olhava surpresa, até eu fiquei com a minha explosão repentina. Seu peito subia e descia juntamente com o meu, seus olhos corriam entre os meus buscando algum sinal de que eu estava blefando, mas quando ela percebeu que não, deu passos em minha direção, porém eu me afastei dela.Eu não quero ela perto de mim nesse momento.

- Se quiser me demitir eu não me importo. - Mentira, me importo sim, tenho conta pra pagar, mas meu orgulho no momento era maior junto com a minha raiva e também ela não precisava saber disso. - Mas enquanto isso, vou estar em minha mesa tentando fazer melhor a "porra" do meu trabalho.

Fuzilei Scarlett que engoliu em seco ainda em choque tentando assimilar tudo o que eu havia dito, realmente era muito para assimilar. Confesso que tudo foi muito rápido, mas eu me sentia mais leve desabafando desse jeito. Gritar com a sua chefe é uma das melhores coisas, ainda melhor quando ela fica sem palavras.

Saí da sala de Scarlett e só aí me lembrei que Brie estava aqui do lado. Olhei para a mesma que me encarou assustada, mas curiosa. Espero que ela não tenha ouvido muito e não me interrogue ou acuse de algo.

- Tá tudo bem? - Me perguntou com o cenho franzido.

- Tudo numa boa. Agora se me permite, eu vou voltar para a "porra" do meu trabalho. - Respondi. Brie soltou uma risada com a minha fala, encarei ela séria, mas não me aguentei e ri juntamente com ela. Eu me sentia aliviada e com os meus dias na revista contados...


O Diabo Veste PradaWhere stories live. Discover now