Procuro Alguém - Gabigol

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Yasmin: um mês depois; sábado dia dezenove de fevereiro de dois mil e vinte dois; jogo da fase de grupos do Carioca Série A; faltando três dias para completar dezoito semanas;

Eu não queria um chá revelação.

Eu não queria por causa ansiedade em esperar um dia marcado para saber, na minha concepção era muito melhor olhar o sexo do bebê na ultra e pronto.

E ao aceitar a ideia louca de a revelação ser no Maracanã num jogo Flamengo × Botafogo eu estava completamente fora de mim, porque estou certa que essa ansiedade vai me botar doida.

No geral, seria simples: Gabriel entra de cabelo azul e é menino ou Gabriel entra de cabelo rosa e é menina, mas isso não tem nada de simples.

Dhiovanna foi a única a saber o sexo do bebê e foi ela que tratou de ajeitar tudo pro cabelo de Gabriel ficar da cor certa. Desse jeito, ele ia ver apenas quando pudesse se olhar no espelho antes da partida e eu só quando ele entrasse em campo.

Eu estava quase correndo do camarote para o gramado pra puxar esse capuz da cabeça dele durante o aquecimento quando Flávia me abraçou de lado. Virei pra olhar pra ela e vi que seus olhos estavam arregalados e ela estava quase pálida. - "O que foi, doida?"

"Eu tava lá na norte, pertinho da Flamanguaça e tal, e adivinha? Pedro vem de fofoca me dizer que o Gabigol vai ser pai."

"E o Gabriel já tá espalhando a notícia? Esse cara me estressa!" - Resmunguei e vi ela começar a surtar silenciosamente, sem gritar mas fazendo um monte de gestos e expressões faciais que me faziam gargalhar.

"Tô na frente de uma pessoa que tem um filho do Gabigol na barriga?" - Fiz que sim com a cabeça e ela segurou meus braços mais forte, dando gritos sem som.

"Ô Flávia, vem cá, como é que você namora com o Pedro, hein? Você fica o tempo todo, meu Deus eu namoro com o Pedro Guilherme?!" - Brinquei rindo mas vi ela assentir e responder:

"Sim???? Menina, as vezes eu passo minutos olhando pra cara dele sem acreditar. Eu fico, cara eu namoro com esse homem mesmo??? Aí eu dou um grito e tasco um beijo nele!" - Gargalhei alto e ela continuou tagarelando do jeito dela que eu adoro, até que minha atenção foi chamada pelos jogadores entrando em campo.

Ai que ansiedade do caralho.

Minha mãe ficou de pé e me abraçou de lado, Flávia apertou minha mão e eu vi Lindalva vindo quase correndo parar perto de mim com a mão na minha barriga.

"Cadê o Gabriel, meu Deus?" - Ouvi Valdemir se perguntando a mesma coisa que passava pela minha cabeça.

Até que, de longe, ele veio vindo. Por último na fila, como sempre, se ajoelhando aos pés do gramado antes da partida... E com o cabelo pintado de rosa.

"É uma menina, minha filha! É menina!!!" - Ouvi minha mãe dizendo no meu ouvido enquanto eu abaixava a minha cabeça emocionada.

"É uma princesa!" - Ouvi Valdemir gritando no meio da comemoração enquanto Lindalva se abaixava na altura da minha barriga.

"Gente, eu sempre quis ver o Gabriel pai de menina!" - Flávia contou e eu cobri meu rosto com as mãos chorando cada vez mais.

É uma menina. É a minha menina. E uma menina que não vai passar por nada do que eu passei e que vai poder abrir a boca e dizer com toda força que o pai dela a ama mais que tudo. Que é mimada por causa dele.

É o meu recomeço.

É a minha cura.

É o momento que eu não vou passar esse trauma pra minha filha.