QUEM SABE MAIS: O HOMEM OU O ALGORITMO?

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  Esta é uma boa pergunta, bem interessante dentro do nosso tema – velhas e novas tecnologias – e se assemelha aquela até hoje não respondida: quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?

   O cientista mais proeminente do Brasil, Miguel Nicolelis, em recente palestra no ICL disse que "estamos (o sapiens) nos transformando em escravos das tecnologias ao abordar o tema do seu livro "O verdadeiro criador de tudo" - Como o cérebro humano esculpiu o universo como nós conhecemos - deixando claro, textualmente, que "o cérebro não funciona como computadores". E mais afirmou que a Inteligência Artifical (IA) de inteligente "não tem nada".

  Os conceitos de Nicolelis são relevantes, porém, não podemos levá-los ao pé da letra de forma consensual uma vez que, sendo o homem o centro do Universo e o cérebro o criador de tudo desde os tempos do caçador-coletor até os dias atuais, foram combinações cerebrais de matemáticos, programadores em computação, físicos, estatísticos e outros que criaram um dos mais poderosos algoritmos da humanidade, o PageRank, do Google, um método de cálculo que permite que todas as páginas da internet decidam quais são as mais relevantes para uma busca.

   Os fundadores do Google, Sergey Brian e Lawrence Page definiram-no como "a anatomia de um motor de pesquisa hipertextual em grande escala".

  Ou seja, quando você solicita uma informação na busca do Google o PageRank pede a toda rede que página contém a informação mais útil. E lhe dá a resposta em segundos, quer você esteja no Brasil, na Ásia ou na Europa.

  Então, se analisarmos o cérebro em si, a máquina cerebral de produzir ideias, isoladamente ou de forma coletiva, uma vez que os 'sapiens', desde os primórdios começaram a pensar e agir em grupo e continuam assim até os dias atuais, o que se chama, também, de pensamento das massas ou das multidões e muitas cabeças de reis e mandatários rolaram escada abaixo diante dessa turba cerebral, dessa tempestade de ideias, trata-se de um mecanismo das velhas tecnologias que está se aperfeiçoando.

  E o algoritmo como anatomia de um super motor de busca é uma nova tecnologia que, na atualidade, queiramos ou não – como adverte Nicolelis para os cuidados de não sermos escravos da tecnologia - somos obrigados a conviver com ele e os congêneres porque não existem outras alternativas. Salvo se você se isolar como fez Brigite Bardot, no intretior da França, hoje com 87 anos de idade.

  Quando estamos diante de uma operação simples de multiplicar, por exemplo, 3.425 x 267 = a 914.475 o nosso cérebro não será capaz de fazê-la sem a ajuda de uma máquina, o que Daniel Kanehaman classifica de Sistema 2 nas duas formas de agir e pensar usadas diariamente pela maioria da população – os homens normais. No Sistema 1, mais simples, mais corriqueiro ao nosso dia a dia, o cérebro sabe de cor e salteado que a compra de 5 pães cada qual a 2 reais, a soma é 10 reais.

  E quando estamos diante de um computador elaborando um texto ou verificando a análise de uma média ponderada do grau de aproveitamento de um grupo de estudantes de psicologia os algoritmos são essenciais e nos ajudam rapidamente a encontrar as soluções. Sem eles é possível fazer, mas a análise é demorada e perde-se tempo e dinheiro.

  Os algoritmos - em tese - São, portanto, mais inteligentes do que o homem. Ou ao menos mais ágeis.

  Eu nunca tinha pensado nisso até meus 60 anos de idade.  Eu era analfabeto nesse campo, pois, só vim conhecer um computador de mesa em 1987 quando fui morar em Londres na casa de Miss Dzuba, uma senhora que residia em Hendon e hospedava estudantes estrangeiros. Até então eu trabalhava em máquinas de escrever e havia feito a campanha política de Waldir Pires a governador da Bahia, PMDB/1986, usando Remingtons e enviando releases de papel para os jornais rádios e TVs.

Era um método muito atrasado. Um repórter viajava com Waldir para o interior e eu ficava na base, em Salvador, captando a notícia pelo telefone, às vezes transmitida de um Posto de Serviço (PS) da Telebahia porque nem todas as cidades tinham telefones nas casas e pousadas. Era um mecanismo artesanal.

A Cadeira e o Algoritmo -  A Convivência Entre as Velhas e Novas TecnologiasWhere stories live. Discover now