AS RELAÇÕES DE CONSUMO E A INTERNET: COMO IR ÀS COMPRAS

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As novas tecnologias da internet estão modificando os hábitos de consumo no mundo e as relações entre consumidores e lojistas, consumidores e áreas de serviço, e potenciais clientes do lazer e do turismo. São alterações que ocorrem de uma maneira muito intensa com os marketeiros se beneficiando dessa situação para enfiar goela abaixo dos consumidores todo tipo de produto, alguns dos quais, comprados sem a menor necessidade das pessoas.

O alerta mais empolgado vem do psicólogo evolucionista Geoffrey Miller, da Universidade do Novo México, EUA, o qual, em duas publicações "The Mating Mind" (literalmente, a mente acasalamento) estudou a compreensão da espécie humana a partir da teoria da seleção sexual de Darwin; e "Spent Sex Evolution", publicado no Brasil com o título de Darwin vai às compras revela aspectos do consumismo capitalista que já contaminou o Oriente, até mesmo países comunistas como a China, os homens de marketing e propaganda não respeitando a evolução natural do "sapiens' e seduzindo as pessoas com apelos de um consumismo desenfreado.

Geoffrey alerta para a evolução natural dos desejos humanos e a vontade própria dos consumidores no mundo capitalista e comenta que "a maior parte dos marqueteiros ainda usa modelos simplistas, desatualizados em relação aos últimos vinte anos de pesquisas feitas pelos antropólogos, biólogos e psicólogos evolucionistas da natureza humana".

Segundo Geoffrey, os marqueteiros ainda acreditam que os produtos mais badalados são comprados para ostentar riquezas, status e gosto e perdem de vista as características mentais mais profundas que as pessoas são realmente programadas para exibirem - traços como gentileza, inteligência e criatividade. Ou seja, os profissionais de vendas ignoram os conceitos da teoria Darwiana.

Os estudos realizados ao longo de décadas revelam exemplos de armadilhas que o 'sapiens' enfrenta, diariamente, em bombardeios contínuos nos veículos de massa, agora, mais especificamente pela internet, para comprar uma bike ou um audi. Ou para se tornarem mais atraentes e empoderados - homens e mulheres, mais as mulheres do que os homens - atraídos pela máquina de vendas dos produtos de embelezamento, estética e emagrecimento.

Vemos com frequência no noticiário da TV pessoas que morreram diante consumo excessivo de chás e produtos não científicos para emagrecimento, a mais recente no Brasil - em investigação - uma cantora famosa, e advertências frequentes de cientistas como Raymundo Paraná, o hepatogista baiano, com alertas sobre os perigos que isso acarreta. Ainda assim, esses chás e outros produtos seguem à venda nas prateleiras de lojas e pela internet.

Há, segundo análise de Geoffrey, a psicologia social do narcisismo consumista com toda a estrutura repousando sobre a premissa questionável de que as outras pessoas realmente notam e se importam com os produtos que compramos e ostentamos. Atesta o psicólogo que "esta é uma falha profunda na psicologia social humana". E exemplifica que um lifting facial de 15 mil dólares pode fazer uma mulher de 55 anos de idade aparentar vinte anos a menos do ponto de vista das rugas e dobras faciais, mas não pode ocultar outros indícios de idade no pescoço e nas mãos.

A corrida não tem limites diante da perspectiva de crescente prosperidade, que pode ser artificial, encorajada pelo capitalismo de consumo. Agora, pela internet, há cursos e ensinamentos de toda natureza nas áreas da fisioterapia, medicina e processos psíco-terapêuticos.

Geoffrey observa que toda cautela é pouca para enfrentar a rotina consumista sustentada no tripé - trabalhar, comprar, almejar - uma vez que a necessidade é uma palavra subjetiva. E quando se trata de subjetividade, o cérebro, que comanda todas as ações do 'sapiens" age, às vezes, sem que as pessoas percebam - por vaidade, apelos do marketing e outros - levando-as a encher os carrinhos de compras adquirindo produtos que não tem necessidade.

O que faz, por exemplo, uma mulher comprar mais 5 ou 6 pares de sapatos se ela já tem no seu armário dezenas de outros pares. E um homem usar um Rolex de milhares de dólares. Não representam desejos ancestrais observando-se a teoria de Darwin, do comportamento humano a partir da perspectiva evolutiva. Pelo contrário, se encaixam dentro da psicologia na relevância das vendas (marketing) estruturada a partir de Edward Bernays (1891/1995), um dos teóricos fundadores da propaganda e da publicidade.

A Cadeira e o Algoritmo -  A Convivência Entre as Velhas e Novas TecnologiasOnde histórias criam vida. Descubra agora