14- Coming for you, bitch.

492 59 34
                                    

Três meses. Três meses se passaram. Meu corpo está diferente, minha mente, e principalmente meus hábitos.

Tudo que fiz gira em volta do que acontece amanhã, o teste trimestral.

Malhei todos os dias, corri, treinei em clubes aleatórios... Tudo para finalmente a imobilizar. A deixar sem saída, sem segredos e claro, sem o elemento surpresa. Vou a tirar o poder de me conhecer, vou a tirar o tempo para pensar, o prazer de dançar como capitã, o prazer de ser a melhor do campo, até melhor que os jogadores.

Tudo que fiz gira em volta do que acontece amanhã, o teste trimestral para o time de futebol americano.

Estando dentro, a destruo. Vou estar em todas as festas que ela estiver, vou conhecer e possivelmente comer cada uma das suas amigas mais próximas, vou apagar o holofote do namoradinho, vou estar observando enquanto do outro lado da quadra, ela estiver fazendo as coreografias patéticas das cheerleaders. Vou a fazer se sentir envergonhada por ser a capitã de algo tão fútil, vou manipular, de pouco em pouco cada um dos caras do time até que todos se convençam que ela é uma vadia, vou a conhecer o suficiente para saber seu próximo passo.

Essa nunca foi realmente minha intenção depois da noite do cigarro. Um beijinho e um discurso ameaçador não são o suficiente para tudo isso, mas sim, o que aconteceu no dia seguinte: Sina foi até em casa enquanto estava fora, teve um lanchinho da tarde com a minha mãe e aproveitou para a contar sobre meu hábito diário, o cigarro.

Fingiu não saber que Luce não sabia e a contou tudo. Contou a frequência que fumava, contou onde os escondia e desde quando fumava. Isso sim, foi o fim para ela.

Quando cheguei em casa, me deparei apenas com a caixa de cigarros destroçada, cada um deles cortados em mil pedaços. Minha mãe do lado, me encarando com a maior desaprovação do mundo. Nunca havia a visto desse jeito, com esse desgosto, com esse olhar que se dá para alguém que espera nunca mais ver.

O resultado foi o corte total da mesada, então arranjei um emprego. Sim, para sustentar o cigarro, e não, não parei de fumar. Não é porque Sina se esfregou em mim uma noite que eu pararia, mas eu me lembro. Me lembro dela toda vez, ou quase toda, sei lá.

Sempre digo que dessa vez vai ser diferente e aí lembro da última vez que fumei, e lembro que da última vez, lembrei dela. Não de um jeito fofinho ou romântico. Lembro de como deixei que chegasse á esse ponto, ao de ela ter, em um momento do mundo, poder total sobre mim e minhas emoções. Ao ponto de ela poder fazer o que fez e eu não ter coragem de soltar as fotos dela com o Doodle, ou de dar um jeito de roubar o dinheiro da aposta que eu ganhei.

Se foram três meses. Ela aparece pra os jantares de sexta de vez em quando, e não trocamos uma palavra. No começo ela ainda achava que eu estava levando isso tudo como antes, de uma maneira brincalhona e sensual. Que eu ainda achava que esse ódio mútuo era sexy, e que estava ansioso para o momento que ela finalmente diria sim para o meu sexo. Mas eu não estava mais. Mal a queria perto.

Tinha considerado sim, vazar as fotos várias vezes mas cheguei a conclusão que não preciso mais fazer esse tipo de coisa para a foder.

É quase como se finalmente, ela não estivesse mais na minha vida.

{...}

- E aí, caralho?! - Mason diz, ansioso do lado de fora da quadra.

- Eu fui bem, cara... - Sorriu. - Estou confiante.

happy ending | noartWhere stories live. Discover now